A tendência no segmento automóvel tem recaído sobre a mobilidade elétrica. As vendas de carros elétricos ou semielétricos têm disparado em Portugal muito até por “culpa” dos apoios do Estado.
No entanto, a Associação Zero alerta que os automóveis híbridos plug-in ‘de fachada’, são tão ou mais poluentes que os automóveis convencionais.
Num comunicado publicado recentemente, a A ZERO alerta para graves deficiências no regulamento de emissões de CO2 aplicado nas vendas de automóveis novos na União Europeia (UE).
A Associação revela que cerca de metade dos automóveis elétricos vendidos na UE são híbridos plug-in ‘de fachada’ – assim considerados porque têm baixas autonomias em modo elétrico, raramente são carregados, têm potentes motores de combustão interna, e são também com frequência grandes e pesados (muitos são SUV), o que os faz apresentar na prática emissões de CO2duas a quatro vezes superiores às contabilizadas nos testes.
Além disso,o regulamento europeu prevê a atribuição de benefícios aos fabricantes de automóveis pela venda destes automóveis.
Tendência preocupante no mercado de elétricos em Portugal
Neste cenário, a ZERO analisou os dados de vendas em Portugal em 2020 de veículos elétricos ligeiros de passageiros publicados pela UVE – Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos, e concluiu que até setembro as vendas de automóveis elétricos totais acumuladas desde o início do ano cresceram cerca de 38% face a igual período de 2019.
Estas vendas estão em contraciclo com as vendas totais de ligeiros de passageiros, que baixaram cerca de 39% por força da pandemia.
“Preocupante” é o crecimento do número de automóveis híbridos plug-in até setembro, e a correspondente descida da quota dos 100% elétricos.
Nesse período, foram vendidos 6882 automóveis híbridos plug-in e 5470 100% elétricos, o que corresponde a uma distribuição de 56% para híbridos plug-in e 44% para 100% elétrico; isto é o inverso da distribuição em 2019, em que os 100% elétricos tinham cerca de 55% de quota deste mercado.
De tal forma os híbridos plug-in ganharam terreno que as suas vendas mais que duplicaram em 2020 face a 2019, com as vendas dos 100% elétricos a baixarem 3%. Por comparação, na UE nos primeiros seis meses do ano os 100% elétricos lideraram as vendas entre os elétricos, com uma quota de 52%, embora mais baixa que a de 2019 (66%), e as suas vendas face a 2019 aumentaram 40%.
Afinal qual o problema dos híbridos plug-in?
- Os híbridos plug-in que estão se ser vendidos no mercado nacional são, em boa medida, elétricos ‘de fachada’, automóveis do segmento premium – as marcas que mais vendem são, por esta ordem, a Mercedes-Benz, BMW e Volvo –, com emissões reais acima dos 200 gCO2/km, tão ou mais altas que as de um automóvel comum a combustão interna;
- Estas vendas de híbridos plug-in não se estão a fazer em detrimento das vendas de veículos convencionais, mas sim em detrimento das vendas de automóveis 100% elétricos, esses sim veículos sem emissões diretas de CO2 e de poluentes.
A ZERO alerta para a necessidade de o Governo rever estes mecanismos fiscais no Orçamento do Estado para 2021, tornando-os mais seletivos, de forma a deixarem de apoiar tecnologias poluentes.