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O grande problema do novo Windows 11 é que tornará milhões de computadores obsoletos

O Windows 11 está já apresentado, lançado e as novidades são muitas e interessantes. A Microsoft subiu a fasquia nos requisitos para que a experiência de utilização seja rica, segura e duradoura. Contudo, os requisitos de instalação atuais impossibilitarão instalar a nova versão do Windows, mesmo em PCs vendidos apenas há dois anos.

À primeira vista, não há muita diferença entre os requisitos mínimos do Windows 11 e o Windows 10 atual. Esta nova versão do Windows requer no mínimo um processador de 1 GHz de 64 bits, 4 GB de RAM e 64 GB de espaço em disco. No entanto, há um senão!


Windows 11 é como o sol, quando nasce não é para todos

Há muitos utilizadores com computadores que parecem atender a estas especificações. No entanto, estes poderão ter uma desagradável surpresa, pois os a atualização gratuita do Windows 10 para o Windows 11 poderá não acontecer, mesmo em máquinas potentes.

O problema afeta até muitos PCs da linha Surface, fabricados pela própria Microsoft e lançados há apenas dois ou três anos.

É o caso de um dos modelos mais ambiciosos do catálogo da Microsoft, o enorme Surface Studio 2. Esta máquina destina-se a designers e criativos, com um enorme ecrã táctil de 28 polegadas e onde pode desenhar com precisão graças à ajuda da caneta digital Surface Pen.

Esta poderosa máquina foi colocada à venda em 2018 a um preço que rondava os 3.500 dólares. Os seus utilizadores, no entanto, terão de viver no limbo do Windows 10 (que continuará a receber atualizações e suporte até 2025), apesar do facto da máquina ter poder mais do que suficiente para instalar a nova versão do sistema operativo.

 

TPM está a deixar as máquinas com os nervos em franja

Então, está o problema? Para atualizar para o Windows 11, os computadores não precisam apenas atender aos requisitos listados acima. Devem também estar equipados com um módulo TPM (Trusted Platform Module), um pequeno coprocessador de criptografia projetado para proteger o hardware do computador e que está presente há alguns anos em muitos PCs à venda, embora não em todos.

Normalmente é embutido na motherboard (placa-mãe) da máquina e separado da CPU. Este módulo armazena chaves de criptografia, identidades de utilizadores e é de certa forma uma primeira linha de defesa contra muitos ataques, principalmente aqueles que visam modificar o firmware dos diferentes componentes do equipamento. O Windows 11 requer a versão mais avançada deste módulo, TPM 2.0.

Desde há vários anos que a Microsoft pede aos fabricantes de PC que incluam este componente em todos os computadores que acompanham o Windows 10, mas nem todos estão em conformidade com esse padrão. Além das empresas, os utilizadores mais afoitos na montagem “faça você mesmo”, os que montaram os seus PCs peça a peça, também podem não ter este requisito. Isto porque algumas motherboards são vendidas com suporte para estes tipos de módulos, mas não incluem um de fábrica.

Aliás, mesmo se o fizessem, o módulo pode não ser ativado por predefinição e fazer essa ativação agora requer modificações no BIOS do sistema, uma etapa que nem todos os utilizadores sabem realizar.

Tudo isso fez com que muitos utilizadores que possuíam um PC aparentemente compatível com as novas especificações, encontrassem um aviso de incompatibilidade ao usar a ferramenta que a Microsoft disponibilizou ao público para verificar se um PC receberá a atualização, conforme mostramos aqui.

Nalguns casos, a solução é simplesmente ativar o módulo TPM se ele estiver desabilitado. Noutros, entretanto, nem mesmo isso aliviará o problema.

O motivo é que a Microsoft também exige que os processadores Intel sejam de 8.ª geração (lançados em 2017) ou mais recentes. Isso poderia deixar de fora muitas máquinas com apenas dois ou três anos, como o já mencionado Surface Studio 2 ou o tablet Surface Pro 4, também relativamente recentes.

 

Windows 11: A Microsoft avisou e quem avisa…

Coincidindo com o lançamento da primeira versão beta para programadores do Windows 11, a empresa publicou um artigo no seu site a explicar detalhadamente os motivos destes requisitos e a esclarecer possíveis dúvidas a esse respeito. A empresa espera com o Windows 11 melhorar significativamente a segurança do computador e, para isso, requer certos elementos de hardware que não estavam presentes nos processadores e placas apenas à alguns anos atrás.

Neste momento, a exigência de processadores de 8.ª geração da Intel (ou Zen 2 no caso da AMD) mantém-se, mas a empresa permitirá que algumas máquinas com processadores de uma geração anterior instalem versões beta do Windows 11 para estudar a possibilidade de baixar os requisitos na versão final.

O Windows 11 eleva a fasquia da segurança ao exigir hardware que pode permitir protecções tais como Windows Hello, Device Encryption, Virtualization Based Security (VBS), Hypervisor Protected Code Integrity (HVCI) e Secure Boot. A combinação destas características demonstrou reduzir o malware em 60%. Para cumprir estas medidas, todas as CPUs compatíveis com o Windows 11 devem ter um TPM integrado, suportar arranque seguro e ter capacidades VBS específicas.

Explica a empresa.

É uma boa ideia em teoria, mas o timing para exigir estas características não poderia ser pior. A indústria informática enfrenta sérios problemas de fornecimento de chips, com numerosos atrasos em componentes-chave e um stock esgotado de motherboards e processadores.

 

Especulação no mercado dos chips já se fez sentir

Após o anúncio da exigência de um módulo TPM 2.0, por exemplo, o preço das boards equipadas com um ou os módulos TPM separados para ligação às placas já instaladas subiu em flecha. Shen Ye, gestor de produto da HTC, relatou isto no final da semana passada no Twitter.

No eBay, os módulos TPM 2.0 quadruplicaram de preço no prazo de 12 horas após o anúncio da nova versão do Windows. O Windows 11 ficou disponível para programadores que estejam inscritos no programa Windows Insider.

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