Quase todos os possuidores duma consola Xbox 360 conhecem a série Forza. Considerada por muitos, o melhor jogo de simulação automóvel para consolas, Forza tem-nos apresentado ao longo dos anos vários dos mais belos e realistas simuladores de condução.
No entanto, a jogabilidade de Forza tem-se mantido ao longo dos anos, presa a uma mecânica assente em corridas ou eventos únicos. Tal fórmula tem-se conseguido manter interessante e cativante. Até agora …
Com Forza Horizon, lançado no final do mês de Outubro, Forza muda de paradigma e oferece-nos uma dinâmica completamente diferente e para melhor, a dinâmica de condução livre. Como iremos ver nas linhas que se seguem, esta mecânica, apesar de cortar de certa forma com o passado, encaixa perfeitamente em Forza Horizon.
Vai uma voltinha com Forza Horizon?
Forza Horizon apresenta uma história básica que, acima de tudo se preocupa em dar base a tudo o que se passa no ecrã. Existe, em pleno Estado do Colorado (USA) um festival de condução de nome Horizon onde, condutores de todo o lado se juntam e tentam a fama. Nós somos um desses condutores. Aliás, conforme podemos ver no início do jogo, nós somos os últimos a conseguir uma entrada (pulseira amarela, como usado nos Hotéis de Tudo Incluído). Assim sendo, aceleramos para o asfalto do Colorado com algum dinheiro, o nosso carro e muita vontade de ganhar.
Gráficos: 9,2
Horizon apresenta-nos cenários absolutamente fabulosos. Bem-vindo ao Colorado é o que cada paisagem, cada imagem do jogo parece querer gritar bem alto. Absolutamente fantásticos as diversas paisagens de fundo por onde passamos, quintas agrícolas, os famosos restaurantes de estrada americanos, pequenas vilas salpicam o cenário de Forza Horizon com uma qualidade gráfica simplesmente deliciosa. Do melhor que já se passou pela Xbox 360.
Nunca me deu tanta vontade de usar o modo Foto como em Forza Horizon, pois é simplesmente fantástico o que vemos diante dos nossos olhos, especialmente no Modo Condução Livre enquanto exploramos o Estado do Colorado.
Um outro aspecto simplesmente impressionante prende-se com o ciclo dia-noite, que acontece bem diante dos nossos olhos enquanto conduzimos.
Ao longo do jogo, vão-nos surgindo umas quantas secções animadas que, de certa forma, vão complementando a história e dando-nos a entender um pouco mais sobre o Festival, e além de se inserirem perfeitamente na dinâmica do jogo estão, também elas, simplesmente soberbas.
Os veículos como em qualquer jogo de simulação automóvel, são peças fundamentais do jogo. Em Forza Horizon, os diferentes modelos automóveis estão devidamente detalhados, com inúmeros pormenores bem representados, tanto a nível externo como interno. Por exemplo, quem já guiou um Ford Focus, e parte em Horizon no cockpit dum desses modelos, facilmente se sentirá em casa (ou melhor, no carro).
Os carros estão tão deliciosamente representados e polidos que é possível ver com algum detalhe (especialmente nas repetições) os reflexos do ambiente que nos circunda espelhados nas suas pinturas metalizadas. Este tipo de atenção ao pormenor, mostra o interesse da equipa de desenvolvimento em dar a melhor e mais realista experiência de condução ao jogador. Delicioso.
Como em Forza 4, Horizon traz novamente consigo um sistema de danos que se pretende ser bastante detalhado com centenas de pontos parametrizáveis nos modelos automóveis e que poderiam transmitir esses mesmos danos. No entanto, apresenta-se algo deficiente. Não estava à espera de que, numa colisão frontal com outro carro, a mais de 200Km/h, ficasse com o carro bastante amolgado, perdesse o aileron, partisse todos os vidros do carro mas que com ele conseguisse voltar a acelerar até aos 200 e sem grande mágoa para a condução.
Há outros bugs gráficos que por vezes se nos surgem mas que facilmente são esquecidos. Por exemplo, em plena corrida (acontece mais no online) quando há acidentes brutais, por vezes há veículos adversários que parecem ficar enterrados no asfalto.
Som: 8,5
Forza Horizon corresponde a pneus a chiarem, motores a rugirem, chapa a contorcer-se, para-choques a saltarem, vidro a estilhaçar-se … e multidões ao rubro.
As vozes das diferentes animações que vão surgindo estão muito boas e é de louvar a localização das legendas para o português.
Há ainda a referir a existência de três rádios locais disponíveis para sintonizar com alguns dos maiores hits actuais Hot chip, Cut Copy … enquanto conduzimos pacatamente pelas paisagens do Colorado.
Jogabilidade: 9,0
Conforme mencionei ao inicio, Forza Horizon corta com um estilo mais direccionado para os eventos e corridas imediatos dos jogos anteriores, para apresentar uma jogabilidade completamente diferente, virada para o open-world e experiência de Condução Livre.
É claro que os eventos e corridas continuam a existir mas agora duma forma distinta.
No modo Singleplayer Horizon possibilita-nos a experiência de conduzir pelas diferentes estradas (reais ou fictícias) do Colorado e assim podermos gozar da beleza estonteante da paisagem que nos rodeia e apreciando apenas a condução do veículo que nos transporta, não havendo a obrigatoriedade de entrarmos em competição a qualquer momento. No entanto, e no âmbito do Festival Horizon, existem inúmeras localizações onde se passam eventos, tais como corridas, manobras publicitárias, lojas, oficinas, …
A qualquer momento Forza Horizon permite-nos passar duma simples experiência de condução simples para uma corrida, mantendo assim uma dinâmica muito mais linear e intuitiva.
Além destes locais onde podemos então encetar desafios e corridas existe ainda uma outra forma de entrar em competição. Por vezes, enquanto conduzimos pelas estradas do Colorado passam por nós outros racers (devidamente identificados com os nomes em cima dos veículos) e, se conseguirmos chegar ao pé deles, através do pressionar do X podemos desafiá-los para uma corrida de rua. É simples, não corta a dinâmica e intuitivo.
Mencionei acima uma das particularidades de Forza Horizon que estão bastante bem implementadas em Forza Horizon, a existência de Manobras de Publicidade. Trata-se de Desafios propostos pelo jogo, sob a forma de Manobras de Publicidade que nos permitem completar mais desafios e achievements, como por exemplo, passar num determinado radar a mais de 280 Km/h, ou tirar uma foto perto dumas antenas parabólicas.
Alguns bugs em termos da física dos veículos acabam por de vez em quando minar um pouco a nossa condução. Por vezes, acontecem situações e solavancos mais irrealistas na condução, como por exemplo quando saímos de estrada e conduzimos num campo de golfe, em que os veículos perdem por momentos uma condução mais realista.
Existem ainda diversas outras formas de ganhar pontos e ganharmos reputação em Horizon. Por exemplo, fazer peões, queimar borracha com manobras de acelerador e embraiagem, drifts (curvas em derrapagem), destruir sinais de trânsito e placards publicitários… tudo isto nos possibilita evoluir o nosso personagem e adquirirmos dinheiro para gastarmos nas lojas e oficinas existentes em Horizon.
Antes duma corrida temos a oportunidade de retirar algumas ajudas do jogo, como por exemplo, a assistência à travagem ou a marcação do melhor trajeto na estrada, que se traduz numa maior dificuldade em manobrar os veículos e dominar a corrida. Quanto mais ajudas se retirar antes das corridas, mais dinheiro e experiência são ganhos no seu final. O jogo teima assim, em querer agradar, quer a rookies, quer a jogadores mais experientes ou que queiram mais emotividade.
Muitas das corridas que encetamos são feitas em plenas estradas com trânsito normal, o que faz com que ainda mais atenção tenha de ser dada à condução e aumenta a adrenalina.
A IA dos opositores encontra-se bastante bem desenvolvida com tentativas de corte nas curvas por dentro, ou então aproveitarem terrenos baldios para cortar caminho, ou mesmo tentarem empurrar-nos para fora da estrada.
Apesar de ser de estranhar a simplicidade das opções de tuning é bastante reconfortante a existência da familiar possibilidade de se poder conduzir com as várias perspectivas habituais, como no cockpit, por cima, no capot …
Continua a existir também a opção de Rewind da acção durante alguns segundos especialmente para podermos melhorar algo na nossa condução ou evitar algum acidente. Pessoalmente, considero-a uma opção questionável, mas que muito bom condutor usa.
À medida que vamos evoluindo no jogo vamos adquirindo ou ganhando novos carros mas tal não indica obrigatoriamente que sejam apenas os novos a serem usados. Além de haver sempre hipóteses de fazer upgrade aos antigos, há sempre corridas que se passam em diferentes tipos de terreno ou que necessitam de diferentes tipos de carros que nos obrigam a usar toda a nossa garagem.
Longevidade: 9,2
Forza Horizon apresenta-nos um Modo Singleplayer no qual a existência de todos os eventos, corridas ou apenas a possibilidade de se conduzir pelo prazer da condução nos possibilitam muitas e muitas horas de jogo. Há sempre algo mais a fazer, a explorar, ou a ganhar. É no entanto impressionante o chamamento que nos é feito apenas pela condução simples e livre. É de alguma forma, libertador.
Quanto ao modo Multiplayer, Horizon consegue-nos oferecer muitos bons motivos para deixarmos passar esse vício para o online.
Além das normais sessões de corridas, existem outros 3 modos interessantes no online. Rei, Gato e Rato e Infectado.
O Modo Rei corresponde a um modo no qual existe um dos competidores que é o Rei e que tem a coroa. Cabe aos restantes bater-lhe para lhe roubar a coroa. No final do evento ganha o que tiver conseguido manter a coroa durante mais tempo.
O Modo Gato e Rato trata-se duma corrida entre duas equipas. Cada uma tem um Rato e vários Gatos e o objetivo é o de, possibilitar ao Rato da nossa equipa ganhar ao Rato adversário. Vale tudo, desde que o nosso Rato saia vencedor.
Por fim, o Modo Infectado, que gostei particularmente apresenta-nos, numa secção limitada do Colorado, onde um dos carros participantes se encontra Infectado. O seu objectivo é infectar os restantes carros e o dos outros é, obviamente, não ser infectado. A Infecção passa-se também pelas colisões. Ganha o que for o ultimo a ser Infectado.
Existe ainda a possibilidade de nos juntarmos/criarmos uma sessão Multiplayer de Condução Livre que apresenta ainda um conjunto de desafios cooperativos.
De referir que as ligações online se encontram muito estáveis e contam-se por metade dos dedos duma mão o numero de vezes em que houve problemas de conexão.
É de estranhar a inexistência dum modo Multiplayer local, apenas o podendo fazer através do Xbox Live. Seria extremamente interessante se, o “nosso Colorado” local, pudesse ficar disponível para colegas nossos que se pudessem juntar a qualquer momento e encetarmos corridas e eventos juntos. Para tal temos de sair do Singleplayer e entrar no Multiplayer e aí criar uma sessão de Condução Livre.
Uma particularidade que acho que faz falta a Horizon antes de começarmos uma corrida online, é a existência duma forma de informar ao jogador algo mais sobre o circuito onde vai competir (como por exemplo o próprio traçado).
Entretanto já foi divulgado oficialmente um novo DLC (Conteúdos de Download) com data de lançamento a 18 de Dezembro.
Nota Final-8,9
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Nós sabemos que o Homem é um animal de hábitos e qualquer mudança drástica ao que se está habituado pode trazer, por vezes, agressividade. Apesar de Forza Horizon trazer uma mudança bastante grande na dinâmica da série Forza, acredito seriamente que, tanto jogadores mais batidos na série, como mais novatos se irão sentir perfeitamente à vontade com Forza Horizon, pois o jogo está simplesmente brutal. Seja no offline, seja no online, Horizon exige ser jogado e não desaponta em altura alguma. Extremamente viciante, leva-nos a condução bastante realista da série Forza a um outro patamar totalmente novo.
Forza Horizon é, sem qualquer sombra de dúvida o “Rei dos Asfalto” da Xbox 360 e um jogo que merece ser jogado e explorado mas, acima de tudo, ser usufruído, pois tem algo que é difícil de captar num videojogo, que é a sensação de mero prazer ao conduzir.