Os novos planos da administração de Donald Trump indicam que os turistas que queiram visitar os Estados Unidos da América (EUA) terão de declarar a sua atividade nas redes sociais dos últimos cinco anos.
Num comunicado publicado esta semana, a agência de Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA (em inglês, CBP) informou que os turistas que queiram visitar o país terão de apresentar a sua atividade nas redes sociais dos últimos cinco anos.
A confirmar-se, esta norma aplicar-se-á aos 42 países cujos cidadãos têm, atualmente, permissão para entrar nos EUA sem visto, ao abrigo do Programa de Isenção de Visto (em inglês, Visa Waiver Program – VWP), incluindo aliados de longa, como Grã-Bretanha, França, Austrália, Alemanha e Japão, segundo o The Guardian.
Ainda que não precisem de visto para viajar para os EUA, ao abrigo do programa de isenção, os cidadãos portugueses ainda precisam de assegurar a autorização ESTA – Electronic System for Travel Authorization, que as potenciais mudanças visam.
Por isso, caso a diretriz entre em vigor, os cidadãos portugueses terão de declarar a sua atividade nas redes sociais dos últimos cinco anos, entre outras coisas.
EUA poderão exigir ADN e íris
No mesmo anúncio, a norte-americana CBP disse, também, que planeia exigir os números de telefone usados pelos visitantes durante os últimos cinco anos e quaisquer endereços de e-mail usados na última década, bem como dados biométricos do rosto, impressões digitais, ADN e íris.
Não fosse isto suficiente, planeia ainda pedir os nomes, endereços, datas de nascimento e locais de nascimento dos membros da família do turista, incluindo crianças.
A CBP dá ao público dois meses para comentar as potenciais novas regras para os turistas que queiram entrar no país.
Segundo a entidade norte-americana, estas novas diretrizes visam cumprir uma ordem executiva emitida por Donald Trump no primeiro dia do seu novo mandato. Nela, o Presidente dos EUA apelou a restrições, por forma a garantir que os visitantes do país “não tenham atitudes hostis em relação aos seus cidadãos, cultura, governo, instituições ou princípios fundadores”.
De facto, desde a sua tomada de posse, Donald Trump tem trabalhado no sentido de restringir o turismo. Por exemplo, cobrando uma taxa adicional de 100 dólares por visitante estrangeiro por dia para visitar parques nacionais, além das taxas de admissão regulares.
Campeonato Mundial de Futebol da FIFA pode ser prejudicado
Este plano da administração de Donald Trump poderá ter impacto em eventos como o Campeonato Mundial de Futebol da FIFA, agendado para 2026, segundo o The Guardian.
Organizado em conjunto com o Canadá e o México, a FIFA afirmou que espera que o evento atraia cinco milhões de fãs aos estádios, bem como milhões de visitantes aos três países.
Neste cenário, já foram sendo levantados receios de que o evento se tornasse caótico, caso as rusgas da imigração dos EUA continuassem ao mesmo ritmo de recentemente.
Aliás, organizações de defesa dos direitos humanos, citadas pelo jornal britânico, já alertaram que a FIFA arrisca tornar-se “uma ferramenta de relações públicas de um Governo norte-americano cada vez mais autoritário”.
Exigir que os visitantes temporários, em passeio ou em negócios, entreguem cinco anos das suas redes sociais aos EUA transmitirá a mensagem de que o compromisso americano com a liberdade de expressão é fictício, não praticado.
Disse Sarah McLaughlin, do grupo de defesa da liberdade de expressão Foundation for Individual Rights and Expression (Fire), acrescentando que “este não é o comportamento de um país confiante nas suas liberdades”.