#GeraçãoCordão: A geração que não desliga
Vivemos atualmente numa Era onde a tecnologia é uma parte, quase, essencial do nosso dia-a-dia. Se até há bem pouco tempo estávamos limitados ao Desktop lá de casa, agora podemos levar tudo connosco para qualquer lado, através dos dispositivos móveis.
Este panorama afeta adultos mas também crianças e jovens... e é exatamente sobre a utilização da tecnologia, dessa faixa etária, que assenta o livro #GeraçãoCordão: A geração que não desliga.
Vamos conhecer melhor o livro e a entrevista realizada à autora, Ivone Patrão.
O livro chama-se #GeraçãoCordão: A geração que não desliga e é da autoria de Ivone Patrão, Psicóloga e Terapeuta Familiar, contando com o prefácio do pediatra Mário Cordeiro.
A obra nasce da necessidade de, cada vez mais, percebermos a dinâmica e impacto que as novas tecnologias têm na vida e rotina de crianças e adolescentes.
Façamos um exercício simples:
Se formos a um restaurante onde estejam famílias com crianças... o que é mais provável, nos dias que correm, que as crianças estejam a fazer? Sim, isso mesmo, estão possivelmente com um smartphone/tablet à frente a jogar, ver bonecos, etc.
É precisamente para aprofundar este tema que surge a #GeraçãoCordão: A geração que não desliga.
Se o seu filho passa muito tempo online... este livro é para si!
Neste livro encontra esclarecimentos, testemunhos, dicas e, sobretudo, a partilha de histórias e estratégias para que possamos compreender, um pouco melhor, esta geração que, de facto, não desliga.
Segue a entrevista que realizámos à autora, Ivone Patrão.
#GeraçãoCordão é um livro que, a meu ver, todos os pais/educadores deveriam ler. Na sua ótica, e por aquilo que conseguiu perceber na elaboração do livro, quais julga serem as maiores lacunas que limitam os pais/educadores a terem um maior controlo da utilização das tecnologias pelos mais novos?
Concordo, este é seguramente um livro que serve de introdução ao tema da gestão dos comportamentos online, que deve ser lido por todos, deixando claro um apelo à reflexão por cada família, por cada escola, por cada comunidade, na forma como se vai organizar nessa gestão, tendo em conta as necessidades e recursos existentes. A maior lacuna de todas na gestão dos comportamentos online é considerar-se que crianças pequenas e jovens sabem tudo e conseguem assumir na perfeição a auto regulação desse comportamento. E neste sentido dá-se indicações imprecisas do que podem visualizar e da limitação do tempo. São expressões como: “não podes ver nada que não seja para a tua idade” ou “só podes estar um bocadinho” que não ajudam na autorregulação do comportamento online, e até precipitam o conflito intergeracional. Existem outras lacunas que são mais diretamente observáveis, que estão relacionadas com o fosso tecnológico, a diferença de interesses e a disponibilidade para estar online, que se observa na comparação entre as gerações mais velhas e mais novas.
As escolas oferecem a disciplina de TIC para abordarem o tema das tecnologias, mas nas Metas Curriculares o tema 'Segurança na Internet' é abordado de forma breve. Considera que as escolas estão preparadas, em recursos materiais e humanos, para acompanhar esta geração mais digital e oferecer-lhes a melhor educação e aprendizagem tecnológica, de forma a que eles estejam preparados para não só saber utilizá-la, mas prevenirem-se contra os perigos e riscos possíveis nas mesmas?
Considero que a escola não mudou a um ritmo igual ao surgimento e aperfeiçoamento das tecnologias. Ainda temos professores e salas de aula que não incluem nenhuma acrobacia digital na forma como é dada a matéria, ou como se relacionam com os alunos e família. Aqui serve um ditado popular: “nem tanto ao mar, nem tanto à terra”. Há que apostar na formação de todos os atores do teatro escola. Só assim podemos aumentar a nossa literacia digital e ter comportamentos mais seguros online. Não coloco este peso nos professores. Considero que devem ser todos os atores que façam parte da comunidade escolar – professores, alunos, auxiliares, pais, psicólogos – a receber formação, numa ótica interativa e não só recetiva de conteúdos sobre a melhor gestão e segurança online. No livro deixo dois exemplos das câmaras municipais de Odivelas e Azambuja, que tomaram a iniciativa de promover um projeto nesta área com a sua comunidade. Só com o apoio de todos e com uma linguagem comum se poderão desenvolver iniciativas de promoção de uma gestão saudável e segura online.
A sociedade faz constantes críticas a esta nova geração, seja a comparar com o tempo de 'antigamente', em que tudo era melhor, seja a desvalorizar as suas capacidades e competências, seja a ditar-lhes um futuro sem esperança e também a julgar as tecnologias como algo mau, cuja utilização deveria ser muito limitada, não entendendo o lado bom que esta oferece. Poderão as nossas crianças e jovens ver, na tecnologia, um refúgio a todas estas baixas expectativas e críticas, sentindo-se melhor compreendidos e na zona de conforto quando estão 'ligados'?
Claramente que o fosso digital e a diversidade de interesses entre gerações podem potenciar afastamento e aumentar a identificação com o que se passa e se vive online. Neste aspeto cabe-me alertar para aquelas crianças e jovens que por diversos acontecimentos de vida (ex. divorcio dos pais) e por algumas das suas características pessoais (ex. timidez) e do contexto (ex. isolamento social dos pares) possam ter maior vulnerabilidade psicológica e que por isso adotem o comportamento online como aquele que reforça a sua autoestima, passando a ser a sua zona de conforto, onde se sentem ligados a alguém. Nestes casos, muitas vezes vejo jovens com elevadas competências digitais e poucas ao nível da relação. Se pensarmos que o mercado de trabalho privilegia os dois tipos de competências, sobretudo a ultima que permite a integração e desenvolvimento de um trabalho em equipa, assim sendo teremos de apostar numa educação que esteja atenta ao mundo digital e presencial.
Tal como nos fala o livro, atualmente estamos (quase) todos ligados. É comum vermos as crianças e jovens à mesa, num restaurante, com os smartphones e tablets e deduzimos que em casa o cenário seja idêntico. Assim, não poderá este panorama afetar, negativamente, as relações interpessoais de todos os intervenientes?
Os pais às vezes vão-se esquecendo que são um modelo presencial, mas hoje em dia sobretudo um modelo virtual. Os comportamentos que desenvolvem online podem ser visualizados pelos seus filhos, sobretudo nas redes sociais. O horário de uso da tecnologia costuma ser uma debate infindável entre gerações, esquecendo-se os pais que os posts de noite e madrugada são um modelo daquilo que criticam nos filhos! Este livro acaba por subtilmente alertar a interferência do estar ligado nas relações interpessoais, logo no título – a geração cordão serão todas as gerações que já nasceram com a tecnologia e aquelas que aderiram por completo à tecnologia e que podem assim correr vários riscos do ponto de vista da sua saúde psicologia, física e social. Assim podemos ter crianças, jovens e adultos nesta geração cordão. A questão essencial é que se espera que sejam os adultos a dar o exemplo e a estimular a aprendizagem da autorregulação nos mais novos.
Por fim, gostaria de lhe pedir que deixasse uma mensagem aos nossos leitores mais novos, assim como uma sugestão para leitores que são pais de crianças que se incluem nesta #GeraçãoCordão.
A minha mensagem é sempre positiva no que se refere ao uso da tecnologia. Usem a tecnologia, naquilo que ela tem de lúdico, de educativo e de facilitador da gestão do nosso dia-a-dia. Não usem a tecnologia para substituir a vossa socialização, as vossas relações de amizade, amorosas e em família, com o risco de perderem cada vez mais o toque, o olhar, o cheiro tão importantes para o nosso equilíbrio geral. Também é importante às vezes não ter nada para fazer e aborrecermo-nos, uma vez que vai estimular a nossa criatividade e vai despertar a nossa atenção para aspectos da nossa vida ou naquele instante, que se não parássemos nunca repararíamos neles! Dou muitas vezes o exemplo da minha filha Bárbara (5 anos) que numa viagem longa de carro insistia que queria o smartphone para ver vídeos no youtube – poderíamos ter comprado uma grande birra e mais um conflito – mas apelamos para a interação, para a conversa, para a brincadeira e para a visualização do que estava à sua volta! A surpresa para ela foi ter-se apercebido que estava a passar numa zona com muitas manadas de vacas, gritando indignada – Onde está o cão que faz companhia às vacas? Passou a viagem a tentar contar as vacas e à procura do cão! E foi delicioso perceber o que ela já sabia sobre estes animais e as conversas que surgiram a partir daí. Não foi preciso o smartphone para vivermos um bom momento em família, mas é preciso estarmos disponíveis para esses momentos!
O Pplware agradece a disponibilidade da autora para esta entrevista.
Este artigo tem mais de um ano
podiam mudar o titulo para a geração mimada.
A tropa devia ser obrigatória outra vez. Este geração só ve telemóveis telemóveis telemóveis. Um dia que acabe facebook ou instagram vai ser o choro total.
Diz o amigo a comentar num site claramente dedicado à técnologia 🙂
Podia era pensar antes de escrever! O que raio tem a tropa a haver com telemóveis? Querem ver que os soldados não têm telemóveis…
O Facebook ou instagram até podem acabar.. mas outros surgirão no seu lugar.
E lembre se meu caro.. a geração de hoje foi criada e educada pela geração de ontem.
Adolescência até aos 30 anos?! dass…
Uma ameaça mais perigosa para esta geração está aí ao virar da esquina promovida por aqueles(as) que já começaram a censurar livros (utilizando porém o eufemismo da recomendação de retirada, uma enternecedora simpatia censória ) como aconteceu recentemente a livros de uso escolar não obrigatório que estiveram disponíveis durante um ano para quem, no uso da sua liberdade, os quisesse adquirir ( “Bloco de Atividades para Meninas” e “Bloco de Atividades para Rapazes” – Porto Editora ), com o fundamento ( ? ) de que as cores dos ditos e o tipo de exercícios operavam uma discriminação de género.
Seguindo aquele critério, este mesmo interessante livro de Ivone Patrão pode ser a próxima vítima já que na capa vemos uma menina segurando um smartphone cor de rosa em flagrante contraste o negro que o menino segura ( disse “negro” ? Ai, Ai, que também não escapo ! ), isto para não falar que a flor (rosa) e a folha desta estão inclinadas para a menina, putativos estereótipos discriminatórios de género.
Na verdade, uma moda internacional que grassa em algumas universidades e redes sociais pretende impor, um pensamento ou ideologia unitária atentatória da pluralidade de opiniões e liberdade individual e “en passant” entornar o caldo primordial e natural de contrastes e diversidades, este sim, o eterno laboratório das teses e antíteses operadoras de mudanças e evoluções positivas, coisa que um decreto emanado do alto das pirâmides e dirigido a um suposto rebanho jamais conseguirá superar.
As luminárias que apostam neste monolitismo são bem capazes de virem a postular que a natureza é politicamente incorrecta ao ter dotado, homem e mulher, de diferentes biologias, nomeadamente reservando para os machos maior força muscular e dispensando estes da maternidade. Trata-se pois de uma visão paternalista em relação à mulher que, paradoxalmente, em vez de a valorizar, antes a vitimiza como um ser indefeso, vítima das piores injustiças, só atingindo a sua emponderada emancipação se assimilar ou mimetizar tudo o que ao macho se refere, como se a sua qualidade não residisse no dualismo e contraste que felizmente ainda apresenta em relação ao outro género e como se a igualdade de direitos e oportunidade não tivesse já sido plasmada na Constituição portuguesa desde 1976 que também consagra o acesso aos Tribunais se tais direitos forem denegados.
Mas, como nem o céu é limite para a tentação totalitária, a religião e a família deverão ser os alvos fundamentais e finais a abater e a substituir por uma outra “religião” relativizante da moral, bem mais dogmática e intolerante, promotora de lutas e conflitos, o ódio em vez do amor, o que é demonstrado pelas inúmeras catástrofes humanas que a História tem documentado em que o fuel foi o monolitismo imposto
.
A esmagadora maioria das surpreendentes mudanças operadas ao longo do séc. XX – e já houve mais mudanças desde o princípio do sec. XX até aos nossos dias do que desde a invenção da escrita até ao princípio do sec. XX -, por exemplo, o uso pela mulher de mini saia ou calças, não foram impostas por decreto, ocorreram espontaneamente e nasceram justamente num ambiente de diversidade em estados onde se respirava a liberdade e não a censura, tal como acontece com os fenómenos da natureza.
Porém, a História também ensina que nenhum sistema que tenha afrontado a religião e a família sobreviveu, já que, se o coração tem razões que a razão desconhece também o indivíduo não pode ser racionalizado como um autómato mecânico que segue uma cartilha pré-definida imposta por outrem ironicamente arvorado em seu libertador ( sem procuração passada para tal ). A essência não é imposta, mas sim vivida em conformidade com uma opção livre do ser humano cujo curso não deve ser tolhido.
“Fahrenheit 451” está mais próximo do que se julga.
Temática mais do que urgente, estamos a criar uma geração de alienados. Mas ainda vamos a tempo, pois a realidade está a nossa espera!
Os leitores agradecem a disponibilidade do Pplware e da autora para a criação do artigo.
Se fossem só as crianças era menos mau. O problema é que hoje em dia não se está no café com ninguém que não esteja constantemente a olhar para o telemóvel
Se estas com uma pessoa num cafe e essa pessoa nao para de olhar para o telemóvel o problema esta na pessoa em si e possivelmente no aborrecimento que tem contigo.
Quando estou com amigos num bar/café muito raramente estamos com telemóvel nas mãos, so mesmo para ver se ha alguma mensagem ou procurar informação quando preciso.
Se fosse a ti arranjava melhores amigos visto que eles nao te ligam pevia pelo que dizes.