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Europa quer fazer concorrência à Starlink e vai lançar o IRIS²

A constelação Starlink é hoje um sinal de poder. Este sistema pode levar Internet a qualquer parte do mundo, comunicar com dispositivos terrestres e remover da equação os operadores de comunicações, assim como outros agentes que se posicionam “pelo meio”. O poder desta rede da SpaceX é ainda desconhecido. Mas pode ser um trunfo até numa guerra. A verdade é que a Europa também quer ter um concorrente a este sistema e pretende lançar o projeto IRIS².


Satélites: Europa não pode estar nas mãos dos americanos

Na passada terça-feira, reuniu-se um consórcio que conta com quase todas as grandes empresas europeias de satélites. As informações referem que este grupo de empresas planeia concorrer a uma proposta de constelação de satélites para fornecer comunicações globais. Essencialmente, esta constelação fornecerá à União Europeia conectividade a partir da órbita baixa terrestre (LEO), semelhante à que a Starlink da SpaceX oferece.

O consórcio, que inclui grandes empresas como a Airbus Defence and Space, a Eutelsat, a SES e a Thales Alenia Space, surge em resposta a um pedido da União Europeia para ajudar a construir uma constelação soberana para fornecer comunicações seguras para serviços governamentais, incluindo aplicações militares.

O Comissário Thierry Breton anunciou os planos do continente para esta constelação – conhecida como Infraestrutura para a Resiliência, Interconetividade e Segurança por Satélite, ou IRIS² – em novembro passado. A União Europeia contribuirá com 2,4 mil milhões de euros, estando previstas contribuições adicionais da Agência Espacial Europeia e de investimentos privados.

O IRIS² estabelece o espaço como um vetor da nossa autonomia europeia, um vetor de conectividade e um vetor de resiliência. Reforça o papel da Europa como uma verdadeira potência espacial. Com uma ambição e um sentido de orientação claros.

Disse Breton, na altura.

Thierry Breton, Comissário Europeu responsável pelo Mercado Interno, quer que a Europa tenha a sua própria rede segura de comunicações por satélite.

IRIS² terá grandes players das comunicações

A parceria anunciada na terça-feira, que inclui também a Deutsche Telekom, a Hispasat, a OHB, a Orange, a Hisdesat e a Telespazio, visa criar uma constelação de satélites de última geração baseada numa arquitetura multi-órbita. Apesar de ser composta por players industriais estabelecidos, a parceria afirmou que irá encorajar as novas empresas do sector espacial europeu a juntarem-se à coligação.

Esta iniciativa responde a um desejo de Breton de alargar o sector espacial comercial europeu.

Atualmente, a Europa estima o custo desta constelação em cerca de 6 mil milhões de euros e deseja que esteja pronta para fornecer uma cobertura global até ao ano 2027. Tanto o orçamento como o calendário deste projeto são provavelmente muito ambiciosos, dada a quantidade de coordenação necessária e a improbabilidade de o foguetão europeu Ariane 6 ter capacidade de lançamento disponível para colocar centenas de satélites em órbita baixa da Terra a partir de meados da década de 2020.

O foguetão Ariane 6 só será lançado em 2024, na melhor das hipóteses.

No entanto, os responsáveis europeus sentiram que tinham de tomar esta medida. Fundamentalmente, o continente enfrentava uma escolha difícil.

A Europa pretende continuar a ser um player importante nas atividades espaciais, que incluem cada vez mais comunicações por satélite.

Contudo, as autoridades europeias não querem ficar dependentes de Elon Musk e da sua constelação Starlink, que já fornece comunicações globais seguras como as que serão efetuadas pelo IRIS². Os líderes governamentais europeus já estão preocupados com o facto de dependerem do foguetão Falcon 9 da SpaceX para o lançamento de alguns dos seus satélites. As autoridades mostraram-se igualmente preocupadas com a constelação do Projeto Kuiper da Amazon.

A China também está a desenvolver a sua própria megaconstelação, mas a Europa não queria claramente entregar as suas comunicações seguras a um rival global com intenções questionáveis. Resta a OneWeb. Mas esta rede é parcialmente detida pelo Reino Unido – que saiu publicamente da União Europeia há alguns anos – e pode não ter capacidade para satisfazer todas as necessidades da Europa.

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