A Amazon foi acusada de redirecionar intencionalmente os utilizadores da sua loja online para artigos mais caros, a fim de obter receitas suplementares. Numa ação coletiva intentada no tribunal federal de Seattle, EUA, a empresa fundada por Jeff Bezos foi acusada de violar as leis de proteção dos consumidores nos EUA.
O algoritmo da Amazon esconde as opções mais baratas, com prazos de entrega mais rápidos, quando escolhe o que mostrar na sua “Buy Box”. Os queixosos afirmam que os compradores escolhem as opções sugeridas pela loja em 98% das vezes, acreditando falsamente que são os produtos mais baratos.
O algoritmo beneficiaria aqueles que participam no programa Fulfillment By Amazon. Trata-se de um esquema que permite a vendedores terceiros subcontratarem a gestão logística oferecida pela loja online.
É do interesse da Amazon que estes vendedores tenham mais vendas, porque muitas vezes pagam “taxas elevadas” por vários serviços, diz a queixa apresentada por dois residentes da Califórnia. Estes serviços incluem o armazenamento de stocks, a embalagem dos produtos, a expedição e o tratamento das devoluções.
Embora identificando ostensivamente a seleção que os consumidores fariam se considerassem todas as ofertas disponíveis, o algoritmo Buy Box da Amazon favorece de forma enganosa os lucros da própria Amazon em detrimento do bem-estar dos consumidores.
Afirmam os queixosos. Por conseguinte, pedem uma indemnização pelos danos sofridos desde 2016.
O algoritmo da Amazon e as suas outras queixas
A Amazon, que vende mais de mil milhões de artigos, foi acusada várias vezes de favorecer os seus interesses com táticas injustas. Em 2020, por exemplo, a gigante escondeu produtos de concorrentes que podiam ser enviados mais rapidamente do que o seu sistema oferecia. A Amazon reconheceu que isto estava a acontecer, mas argumentou que se tratava de uma falha do sistema.
A Comissão Federal de Comércio dos EUA (Federal Trade Comission – FTC) também acusou a Amazon, no ano passado, de utilizar um algoritmo secreto para aumentar sistematicamente os preços dos seus produtos. A empresa criou um algoritmo secreto com o nome de código interno “Project Nessie”. Desta forma, a empresa identificava os produtos cujo preço podia aumentar e que, presumia, seriam copiados por outras lojas.
A Amazon começou a testar este sistema em 2010 e utilizou-o até, pelo menos, 2019. Só em abril de 2018, a empresa utilizou este método para definir os preços de mais de 8 milhões de artigos comprados. A estratégia, no geral, rendeu mais de mil milhões de dólares, disse a FTC. A comissão observou que esta foi uma das várias medidas ilegais que a Amazon implementou para aumentar os seus lucros.
A Amazon reconheceu a existência do algoritmo. Mas Tim Doyle, um porta-voz da empresa, disse na altura que a FTC “descaracterizou” a ferramenta. Argumentou que o algoritmo servia para evitar que os preços se tornassem “tão baixos que se tornassem insustentáveis”. Doyle afirmou que o sistema já não estava a ser utilizado.
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