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Stellantis: objetivos agressivos motivaram a saída de Carlos Tavares, segundo fontes

Duas fontes familiarizadas com o assunto partilharam com a Reuters que a saída de Carlos Tavares da Stellantis foi motivada pelos objetivos que o responsável foi definindo, considerados irrealistas ou prejudiciais por alguns membros do conselho de administração.


Segundo duas pessoas com conhecimento do assunto, à Reuters, os objetivos considerados irrealistas ou prejudiciais por alguns membros do conselho de administração motivaram a saída do diretor-executivo da Stellantis, Carlos Tavares.

Conforme partilharam, o conselho de administração queria unanimemente a saída de Carlos Tavares, por estar insatisfeito com os seus objetivos agressivos de vendas e cortes de custos, bem como com as suas negociações polémicas com os fornecedores, concessionários e sindicatos.

Conforme informámos, Carlos Tavares demitiu-se no dia 1 de dezembro.

 

Carlos Tavares e administração da Stellantis tinham perspetivas diferentes

Os pormenores dos confrontos que conduziram à demissão de Carlos Tavares não foram previamente comunicados.

Contudo, Doug Ostermann, diretor financeiro da Stellantis, afirmou que as divergências entre Carlos Tavares e os membros do conselho de administração da Stellantis incluíam prioridades para os 15 meses que faltavam para o termo do seu mandato.

Essas divergências diziam respeito a questões táticas sobre a forma de gerir a empresa durante esse período de curto prazo e sobre as medidas a tomar relativamente aos indicadores de curto prazo e aos benefícios da empresa a longo prazo.

Disse Ostermann, numa conferência virtual da Goldman Sachs, a 4 de dezembro, nos primeiros comentários públicos de um executivo da Stellantis desde a demissão.

Este acrescentou que surgiram desacordos, também, sobre as relações que a Stellantis estava a estabelecer com os concessionários, fornecedores, sindicatos e governos.

Na mesma conferência, Ostermann disse que Stellantis acredita numa melhoria de desempenho, em 2025.

Segundo a imprensa, Ostermann, que anteriormente dirigia as operações da Stellantis na China, é apontado como um potencial candidato a suceder a Carlos Tavares enquanto diretor-executivo.

Segundo as fontes que falaram com a Reuters, Carlos Tavares terá irritado alguns membros do conselho de administração, em outubro, no Salão Automóvel de Paris, ao culpar publicamente a administração da fabricante nos Estados Unidos pela queda nas vendas e o aumento dos stocks naquele mercado.

Apesar da posição de Carlos Tavares, a direção terá mantido o seu apoio, até que, em novembro, as relações terão ficado “totalmente insustentáveis”.

Segundo as fontes, quando os membros do conselho de administração começaram a fazer perguntas mais específicas sobre as estratégias previstas: “A reação de Tavares foi no sentido de «não se metam no meu trabalho, isso não é da vossa conta»”.

Uma das fontes disse, segundo a Reuters, que o primeiro sinal de tensão entre Carlos Tavares e o conselho de administração surgiu nas últimas semanas sobre como lidar com as regras da União Europeia.

Estas cobrarão multas pesadas, a menos que os veículos elétricos representem pelo menos 21% das vendas da Stellantis em 2025 – um grande salto relativamente à participação de 12% de elétricos da fabricante, até agora, este ano.

Ambas as fontes utilizaram o termo “radical” para descrever os objetivos de vendas de Carlos Tavares.

Tudo isto, a par de planos controversos, partilhados nas reuniões do conselho de administração, em novembro, para reduzir drasticamente os custos na Europa que já tinham sido “cortados até ao osso”, e da perspetiva de Carlos Tavares relativamente aos fornecedores, que os via como dispensáveis, no âmbito da sua estratégia de redução de custos.

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