Pplware

Saiba porque um raio não afecta um avião

Há fenómenos que ainda temos medo porque os desconhecemos. Um caso que mereceu atenção mundial aconteceu no passado dia 20 de Agosto quando um reio atingiu com violência um avião da companhia aérea norte americana Delta em Atlanta (EEUU). As consequências da terrível descarga poderiam parecer catastróficas: avião repleto de passageiros, carregado com toneladas de combustível altamente inflamável e recheado de sistemas electrónicos que são parte fundamental do avião.

Estão reunidos todos os ingredientes para uma tragédia, mas felizmente o desfecho nada tem a ver com tragédia. Sabe porque não explodiu o avião?

O avião da Delta Airlines suportou a carga elétrica do raio de trovoada sem qualquer problema. Na verdade, é provável que até possa ter passado despercebido aos próprios 111 passageiros do Boeing 737-900R, que só apreciaram um flash de luz fora da aeronave.

 

Mas como é possível o avião não ter nenhum dano?

O segredo está resumido na gaiola de Faraday, uma das descobertas do físico Michael Faraday, que conduziu numerosos estudos sobre o comportamento dos campos elétricos em várias situações. A teoria por trás da gaiola explica que:

O campo electromagnético na região interior de um condutor é zero, dado que as cargas se distribuem de forma homogénea na parte mais externa da superfície condutora.

Isto explica-se, em parte, porque os portadores da carga situam-se sempre na parte exterior do condutor, assim, a corrente eléctrica (movimentação de electrões) tenderá a circular também na mesma região. Isto quer dizer que: se tivermos uma bola feita de material condutor, os electrões estarão sempre situados na superfície e a corrente eléctrica não penetrará no interior da bola.

 

Mas o impacto pode provocar uma catástrofe aérea?

A fuselagem dos aviões e os tanques de combustível, obviamente, estão absorvidos por essas teorias formuladas por Faraday. Assim, pode-se dizer que um feixe elétrico não pode causar um acidente no avião pela electrocussão ou pela ignição de material inflamável.

Pode, contudo, causar danos ao radar meteorológico da aeronave localizado no nariz. Aí existe, para salvaguardar o aparelho, um pára-raios que dissipa a energia descarregada pela fuselagem desde o nariz até à cauda sem qualquer problema. Mas, mesmo que o radar seja danificado (há exemplos disso) a aeronave pode continuar a voar, mas os pilotos não podem prever as dificuldades num vôo regular como turbulência, tempestades ou granizo. Esses problemas, contudo, podem levar a um acidente de avião.

 

Assim, excepto nestes casos mais improváveis, mas possíveis, o avião pode suportar o impacto de cargas elétricas sem qualquer problema, tal como explicam as leis da física e as teorias de muitos especialistas em aviação. A suportar essas teorias e leis estão as estatísticas, estas mostram que todos os aviões são atingidos por raios aproximadamente a cada 1000 horas de voo. Os registos de mais de 50 anos de aviação dão conta dessa realidade.

 

A gaiola de Faraday no nosso dia a dia

Embora os aviões sejam o melhor exemplo da gaiola de Faraday, não precisamos de embarcar num para testemunhar a teoria e os efeitos. O caso mais simples e mais comum onde a gaiola de Faraday faz uma aparição é nos edifícios e estruturas de aço. Quando estamos dentro de um deles, a cobertura dos nossos smartphones cai drasticamente, como resultado desse isolamento para as ondas electromagnéticas.

Mas além destes exemplos, há muitos outros no nosso dia a dia que provam a teoria da gaiola de Faraday, pense um pouco e veja se não é verdade.

Exit mobile version