A manhã acordou com alguns meios de comunicação a fazer eco de uma possibilidade da Apple comprar a Netflix. Isto porque os analistas Jim Suva e Asiya Merchant do Citigroup enviaram uma nota aos clientes a dizer que há uma probabilidade de 40% da Apple comprar o serviço Netflix.
Segundo a Forbes, a compra da Netflix por parte da Apple é um não assunto que serve apenas para criar conteúdo ad nauseam nas redes de notícias financeiras (e tecnológicas).
Até dar náuseas!
A Forbes é bastante contundente sobre este assunto, classificando mesmo as notícias como Argumentum ad nauseam (em português, “argumentação até provocar náusea”).
A base para o argumento dos analistas é que a Apple terá 252 mil milhões de dólares em dinheiro no exterior para repatriar, ao abrigo do plano fiscal do presidente dos EUA, Donald Trump, que foi revelado no mês passado e que propõe que as multinacionais ofereçam lucros estrangeiros a uma taxa de imposto de 10% contra 35% de agora. Dessa forma, a Apple precisa de dar um rumo aos seus milhões na conta bancária.
De forma sarcástica o jornal refere que os analistas usaram argumentos estapafúrdios porque, dizer a verdade seria chato. Dizer que a Apple iria continuar a sua política de sempre – fazer aquisições menores (como a compra do mês passado do Shazam ), aumentando os investimentos em investigação e desenvolvimento e comprar ações para aumentar os seus dividendos… era chato. É muito mais divertido dizer que farão algo emocionante como comprar Netflix, Walt Disney ou a Tesla.
Mas onde foi o Citi desencantar a sua estimativa de 40%?
Será que fizeram essa estimativa com base no… nada? O mais provável é isso mesmo. Isto porque é do conhecimento público que a Apple é muito secreta quando se trata dos seus planos de longo prazo. Isso reforça claramente que a nota do analista parece ser nada mais nada menos que mera especulação.
Como refere a Forbes, os analistas do Citi não têm nada a perder, ao fazerem esta sua previsão – se estiverem errados, podem afirmar que disseram que houve uma oportunidade de 60% do acordo não acontecer. Se estiverem certos a sorte estará do lado deles, pois ser-lhes-à reconhecido o valor merecido, já que acertaram numa “super previsão”.
A Apple já comprometeu mil milhões de dólares para a criação de novos conteúdos para potenciar a sua maior aquisição, que foi a compra da Beats por 3 mil milhões de dólares em 2014. Para que iriam agora gastar 75 mil milhões para comprar a Netflix? Seria um movimento de desespero que levaria uma bandeira branca e sinalizaria uma grande mudança organizacional na filosofia.
Rumores que fazem mexer o mercado
As ações da Netflix provavelmente receberão um impulso depois desta “salva de rumores”, mas o, segundo os especialistas, a empresa está já sobrevalorizada e muito cara. Atualmente, a Netflix tem um Índice Preço/Lucro complicado, com fluxos negativos derivado de necessitar “queimar” muito dinheiro a desenvolver novos conteúdos. A concorrência no mercado de streaming está a aquecer consideravelmente depois da Disney ter anunciado planos para retirar o seu conteúdo da Netflix e começar o seu próprio serviço de transmissão no próximo ano.
Numa última análise, é altamente duvidosa a possibilidade da Apple comprar a Netflix, especialmente com um valor tão alto. Contudo, este rumor parece deixar felizes os seus clientes que possuem ações da Netflix… mas para já, parece ser só isso!