Hoje, e depois de estar a desvalorizar há vários meses, a Europa acordou com o seu euro a valer o mesmo que o dólar. Para encontrar um cenário económico semelhante, é necessário recuar a 2002, altura em que a moeda do Velho Continente chegou a valer até menos que a divisa americana.
A guerra na Ucrânia está a afetar largamente a economia europeia.
De acordo com a Bloomberg, à medida que a economia americana colapsava durante a crise financeira global de 2008, um euro valia cerca de 1,6 vezes o dólar americano. No entanto, com a exposição da Europa à guerra na Ucrânia, motivada pela Rússia, e o atraso do Banco Central Europeu (BCE) em aumentar as taxas de juro, esse cenário alterou-se significativamente.
Se há uns dias se falava na possibilidade de as duas moedas se encontrarem, com especialistas a garantir que aconteceria ainda este verão, hoje, o mundo acordou com a novidade. Ao momento da escrita deste artigo um euro equivale a um dólar americano, algo que não acontecia desde 2002.
The #euro just reached parity pic.twitter.com/ERNrFrf52r
— Dr. Jonas Gross (@Jonas__Gross) July 12, 2022
Segundo o The Guardian, esta queda do euro está relacionada com o receio que os investidores têm da crise energética na Europa. O mesmo jornal informa que os analistas do banco japonês Mizuho disseram que a paridade está a acontecer, porque “a recessão na zona euro está a fixar os preços”.
O BCE está a brincar enquanto a moeda arde, causando pior inflação e mais miséria para a população. Está na hora de uma caminhada de reuniões de emergência para mostrar que são sérios – o mercado simplesmente já não acredita no BCE. Inflação acima dos 8 % e taxas de juro que continuam negativas… é uma loucura!
Com a inflação em alta e nenhum plano para a controlar, as moedas são alvos fáceis.
Partilhou Neil Wilson, o principal analista de mercado da plataforma de Markets.com, acrescentando que o BCE precisa de tomar medidas decisivas.
20 anos depois, 1 euro = 1 dólar
A Bloomberg explica que o euro está a “afundar-se” devido a uma série de fatores que se têm acumulado nos últimos meses, especialmente a guerra que a Rússia desencadeou na Ucrânia, que resultou numa crise energética que se prevê longa e danosa. Portanto, neste momento, o BCE está a tentar conter a inflação e a lidar com o abrandamento da economia.
Paralelamente, a Reserva Federal dos Estados Unidos da América (EUA) está a aumentar as taxas de juro mais rápido do que a zona euro e, por isso, os rendimentos das obrigações do Tesouro dos EUA são mais elevados do que os da dívida da Europa. Isto promove um afastamento dos investidores relativamente ao euro, e resulta numa aproximação dos mesmos ao dólar.
A inflação da zona euro fomenta o aumento dos preços e torna as importações mais caras. Aliás, em junho, os preços para os consumidores europeus aumentaram 8,&% em relação ao ano anterior e, de acordo com alguns decisores políticos, esta fraqueza do euro representa, a médio prazo, um risco para o objetivo do BCE de reduzir a inflação para 2%.
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