Anunciada há poucos dias, a Powerwall da Tesla promete ser a bateria revolucionária das casas ainda este ano. Esta bateria capaz de armazenar energia com capacidade para suportar uma habitação foi de tal forma bem recebida pelo mundo em geral que já foram feitas mais de 38000 reservas, o que significa que o produto já está esgotado até meados de 2016.
Mas de que forma, em Portugal, a introdução destas baterias nas nossas habitações significaria uma poupança face ao preço da electricidade actualmente praticado?
Comecemos por recordar do que se trata o produto do momento, a Powerwall da Tesla.
Basicamente, a Powerwall é uma bateria que acumula energia gerada através de painéis solares ou da rede eléctrica tradicional, aproveitando, por exemplo, os períodos em que a energia é mais barata.
Existem dois modelos destas “super baterias”: um de 7 kWh, que oferece uma autonomia de cerca de 3h30m e que terá um preço a rondar os 3 mil dólares, e outro modelo de 10 kWh que garante uma autonomia na ordem das 5h, com um preço de cerca 3.500 dólares. De salientar que os modelos têm uma potência contínua de 2 kW podendo ir até aos 3,3 kW.
Tratam-se de baterias de iões de lítio recarregáveis (tal como as dos smartphones atuais) que têm o tamanho de um pequeno frigorífico e podem ser instaladas dentro ou fora de portas. A garantia oferecida é de 10 anos e podem operar em ambientes com temperaturas entre os -20 e os 43 graus.
Estas baterias são compatíveis com uma grande variedade de painéis solares, uma solução real em cada vez mais habitações em Portugal.
De referir, que com a entrada em vigor do Decreto-Lei n.º 153/2014, de 20 de março e as Portarias n.º 14/2015 e n.º 15/2015, ambas de 23 de Janeiro, já é possível consumir a energia eléctrica produzida na sua habitação ou empresa. Desta forma, pode reduzir ou até mesmo eliminar os custos de energia da sua habitação durante as horas de sol.
Esta energia pode ser obtida recorrendo às mais diversas fontes de energia renováveis, contudo, devido ao nosso clima e horas de exposição solar, a energia solar fotovoltaica é a opção mais recorrente e rentável.
Saiba aqui como pode produzir a sua própria energia eléctrica.
Mas qual será a viabilidade económica duma solução destas em Portugal?
Ignorando os custos de instalação das baterias, o custo da formação de técnicos especializados para efetuarem a instalação e dar o devido suporte, e outros custos inerentes, o site Poupar Melhor fez algumas contas que tentam responder à anterior questão.
O custo analisado seria o de 3 mil euros (não aplicando qualquer conversão monetária) pela versão de 7 kWh.
Ao utilizar a Powerwall como acumulador de energia, através da rede elétrica tradicional, tirando partido da diferença de preço da eletricidade na tarifa bi-horária (cada vez menos competitiva, culpa da liberalização do mercado), iria ser possível um ganho de aproximadamente 10,76 cêntimos por kWh (0.1076=(0.1853-0.0978)x1.23).
Neste cenário, seria necessário consumir cerca de 27881 kWh de eletricidade (27881=3000/0.1076) para a Powerwall se começar a justificar minimamente. Ao considerar que o consumo médio de uma família portuguesa é de 2500 kWh, então, a garantia de 10 anos desta solução não serve o consumidor típico.
Por outro lado, se o consumidor for o próprio produtor de eletricidade, através da solução mais comum dos painéis fotovoltaicos, deixaria de existir dependência das fornecedoras de eletricidade. Neste cenário, o custo da Powerwall começaria a justificar-se a partir da produção de 15369 kWh de eletricidade gratuita.
Existem ainda outras questões levantadas pelo site, nomeadamente a da eficiência da Powerwall, das perdas de energia e ainda da acumulação de energia associada às baterias de lítio. Todas estas questões bem ponderadas poderiam inviabilizar a utilidade destas baterias nas casas portuguesas.
Apesar destes cálculos não serem muito abonatórios para o novo conceito das baterias domésticas, a verdade é que a Tesla, com a introdução das Powerwall nas habitações, abre portas para uma verdadeira revolução no sector elétrico e dentro de pouco tempo, certamente, estaremos a receber a notícia de outras soluções ainda mais revolucionárias do que esta.
Estas baterias vão começar a ser introduzidas no mercado norte-americano já em setembro e, até meados de 2016, a empresa irá produzir mais de 38.000 Powerwalls, um valor que corresponde ao número de reservas feitas desde o dia em que o produto foi apresentado.