A sensação que o mundo é pequeno e que embora estejamos num canto longe dos olhares dos mais poderosos, não é razão para nos sentirmos seguros e afastados do poder que a Internet coloca nas mãos do cibercrime.
Apelidam-se Dr. SHA6H e apresentam-se em diversos canais da Internet como defensores da causa islâmica e de Bin Laden. Ontem conseguiram transformar o site do Tribunal da Relação do Porto num espaço de apologia dos movimentos radicais muçulmanos. Durante várias horas, o portal do tribunal português esteve bloqueado e só ao final do dia a normalidade foi reposta.
Numa análise preliminar os ataques apenas tiveram uma acção de vandalismo informático, com danos no acesso às matérias do site, sem aceder a informação sensível.
Segundo o Diário de Notícias, O grupo será responsável por mais de oito mil ataques a sites de todo o mundo ocorridos desde Novembro. Como é normal nestas situações e dados os contornos que envolvem estes ataques, as polícias têm dificuldade em aceder a dados que permitam identificar autores.
O site do Tribunal da Relação do Porto, no endereço www.trp.pt, foi ontem atacado por piratas informáticos islâmicos e esteve indisponível durante algumas horas. Só ao final do dia é que a normalidade foi reposta. O sítio na Internet do tribunal ficou completamente desfigurado pelo hacker denominado Dr. SHA6H com mensagens de apoio a Bin Laden, o símbolo da bandeira da Arábia Saudita e música islâmica. Desde 21 de Novembro, esta comunidade já atacou 8401 sítios, umas vezes fazendo invasões em massa outras vezes locais únicos, como o do Tribunal da Relação do Porto.
Ainda recentemente, o Dr. SHA6H destruiu cinco sites de propriedade de diferentes municípios das Filipinas. Mas os campeões dos ataques são sites dos Estados Unidos da América, Brasil, Argentina, Roménia, Austrália, França, Reino Unido, Finlândia, Canadá e a Polónia. O grupo parece actuar de forma indiscriminada.
O alvo tanto são organismos governamentais ou instituições como lojas de roupa ou cosmética, podendo a facilidade do ataque estar na capacidade de cada servidor resistir. A página invadida fica completamente toda negra e são inseridas mensagens em inglês com palavras de apoio à causa islâmica e antigovernos ocidentais. A música árabe é também uma constante.
Em vários outros locais na Internet, com um canal no YouTube ou em páginas no Facebook, o Dr. SHA6H – que deve ser mais do que uma pessoa – exulta acontecimentos da Primavera Árabe e países como o Egito, a Tunísia e a Síria, cuja bandeira aparece agora frequentemente em vários espaços usados pelos piratas. O primeiro sinal do hack é que o site não mostra mais nada a não ser o seguinte texto: “Hacked by hacker”. Depois são inseridas as mensagens. À partida estes ataques apenas invadem o espaço sem causar danos de especial gravidade.
Na gíria informática, estas desfigurações de conteúdos na Internet resultam da acção levada a cabo por um cracker, que quebra as barreiras de segurança de um sistema, alterando o conteúdo existente na página. O craker quebra com a sua acção a segurança dos sistemas para praticar actos de vandalismo. Por isso, o site do Tribunal da Relação do Porto foi ontem rapidamente restabelecido após a “invasão” por algumas horas.