O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou decretos executivos que impõem tarifas de 25% sobre a maioria das importações provenientes do Canadá e do México, dois dos seus principais parceiros comerciais. Os produtos importados da China serão sujeitos a uma taxa de 10%.
Tarifas implementadas por Trump entram em vigor na terça-feira
Numa publicação nas redes sociais, Trump justificou a medida como uma resposta ao fluxo ilegal de drogas e imigrantes que atravessam as fronteiras a norte e a sul dos Estados Unidos.
O petróleo bruto canadiano será sujeito a uma tarifa reduzida de 10%, o que poderá atenuar o impacto nos preços dos combustíveis nos EUA. As refinarias do centro-oeste americano dependem fortemente do crude canadiano.
Estas taxas sobre importações poderão resultar num aumento generalizado dos preços de vários produtos, incluindo frutas, legumes e peças de automóveis. Os países afetados deverão retaliar com tarifas sobre exportações norte-americanas.
A reação do setor empresarial foi imediata. A indústria das bebidas alcoólicas alertou para o impacto negativo no emprego.
Desde os anos 90, o comércio de bebidas espirituosas na América do Norte tem sido praticamente livre de tarifas, resultando num crescimento significativo. O comércio entre os EUA e o Canadá aumentou 147%, enquanto entre os EUA e o México o crescimento foi de 4.080%.
Refere um comunicado conjunto do Distilled Spirits Council dos EUA, da Chamber of the Tequila Industry, e da Spirits Canada.
A declaração sublinha que estas bebidas são distintivas de cada país e que as tarifas prejudicarão as indústrias nacionais. Bourbon e Tennessee Whiskey só podem ser produzidos nos EUA, a Tequila no México e o Whisky Canadiano no Canadá.
Os Ministérios dos Negócios Estrangeiros e do Comércio da China condenaram as tarifas, anunciando que Pequim tomará “contramedidas correspondentes”. O Ministério do Comércio chinês classificou a decisão como uma grave violação das regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) e afirmou que recorrerá legalmente contra a medida.
Já o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês destacou os esforços do país no combate ao fentanil, um problema que considera essencialmente norte-americano, e alertou que as tarifas de Trump prejudicarão a cooperação futura entre os dois países no combate ao tráfico de droga.
Nos EUA, consumidores e empresas já se estavam a preparar para o impacto das tarifas. Dados comerciais recentes revelam um aumento significativo das importações em dezembro, sugerindo que algumas empresas procuraram antecipar-se à implementação das taxas.
Também os consumidores individuais tentaram antecipar-se. O Departamento do Comércio dos EUA indicou que os gastos pessoais em bens duradouros, como automóveis e televisões, dispararam em dezembro.
A indústria automóvel será particularmente afetada, dada a sua elevada integração na região, com produção distribuída entre os três países.
A General Motors revelou aos analistas financeiros que poderá transferir parte da produção de carrinhas do México e do Canadá para outras localizações, caso as tarifas de Trump sejam implementadas. No entanto, a fabricante automóvel não pretende tomar decisões definitivas enquanto o cenário comercial continuar incerto.
Estamos preparados para minimizar os impactos a curto prazo. O que não faremos é investir grandes quantias de capital sem clareza sobre a situação.
Afirmou a CEO Mary Barra.
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