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Google acusada de racismo e sexismo despede outra investigadora da sua equipa de ética de IA

A Google despediu outra investigadora de inteligência artificial, Margaret Mitchell. Esta é mais uma baixa resultante da recente escalada de tensões internas na empresa. Tudo isto começou depois da controversa expulsão de Timnit Gebru, uma funcionária negra de topo que expressava a sua frustração pela diversidade de género no ramo da Inteligência Artificial da Google.

Ao que parece, a empresa não consegue conter o “incêndio” que se espalha na sua equipa de ética de IA.


Google castiga investigação clandestina

Mitchell, que anteriormente liderava a equipa ao lado de Gebru, foi apanhada a usar scripts automatizados para vasculhar os seus e-mails de trabalho. Segundo relata a Axios, a investigadora procurava encontrar provas de discriminação e assédio para apoiar as alegações de Gebru.

Depois do que se passou em dezembro de 2020, com o afastamento da investigadores Timnit Gebru, Margaret Mitchell não se conformou com a atitude da Google. Em janeiro, perdeu o acesso ao seu e-mail corporativo depois da gigante das pesquisas ter iniciado uma investigação sobre a sua atividade.

Em declarações à Reuters, a Google afirma que o despedimento de Mitchell seguiu as recomendações disciplinares dos investigadores e de um comité de revisão. A Google disse que Mitchell violou o código de conduta e as políticas de segurança da empresa e transferiu ficheiros eletrónicos para fora da empresa.

Mitchell anunciou a sua demissão na sexta-feira à noite num tweet duro e cru:

Quando contactada pela CNN sobre as alegações da Google, a especialista em ética disse à agência de notícias:

Na verdade, não sei sobre essas alegações. Quer dizer, a maior parte disto é novidade para mim.

 

Google acusada de sexismo e discriminação racial

Agora despedida, a cientista ingressou na empresa em 2016 como cientista sénior de investigação. Na altura, a sua missão era antes de mais fundar a equipa de ética da Google com Timnit Gebru. Contudo, nos últimos meses, Mitchell tem criticado abertamente o despedimento abrupto da Gebru.

Timnit Gebru é uma das poucas colaboradoras negras na empresa (apenas 3,7% dos colaboradores da Google são negros de acordo com o seu relatório anual de diversidade de 2020). Gebru alega que foi despedida depois de levantar preocupações sobre os protocolos de diversidade da empresa e a sua tentativa de censurar a investigação crítica dos seus produtos.

O manto do racismo parece estar a consumir a gigante das pesquisas por dentro. Segundo Mitchell, o despedimento de Gebru “criou um efeito dominó de trauma para ela e para o resto da equipa”. Ela acredita que os castigos não se fiquem por aqui, poderão ainda haver outros membros que serão punidos como resultado deste trauma.

Outra das principais investigadoras de IA da empresa, Alex Hanna, twittou uma imagem naquela noite, alegadamente, de um e-mail que recebeu de altos funcionários ameaçando que ela é a próxima no processo de despedimentos.

 

A ética no meio da polémica

Milhares de funcionários e especialistas da gigante das pesquisas na comunidade de IA protestaram contra a decisão da empresa de despedir Gebru. Como resultado, há agora um escrutínio acrescido sobre a investigação de ética da IA da empresa.

Segundo é reportado, as tensões internas começaram a borbulhar no momento em que a Google tentou abafar os dissidentes e quis à pressa virar a página sobre a controvérsia, enterrando-a numa onda de mudanças de política.

No início desta semana, a Google anunciou planos para reestruturar as suas equipas responsáveis de IA para consolidar a liderança sob o comando de Marian Croak, vice-presidente de engenharia da Google. Contudo, horas antes do despedimento de Mitchell, a Google alegadamente enviou um e-mail interno detalhando várias outras novas mudanças na política de pesquisa e diversidade que a empresa está a implementar na sequência de uma investigação interna sobre a rescisão de Gebru.

 

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