A atmosfera de Marte consiste em 95% de dióxido de carbono, 3% de nitrogénio, 1,6% de árgon e ainda traços de oxigénio, água e metano. Esta é, assim, muito diferente da atmosfera terrestre e imprópria para os seres humanos.
A tecnologia de plasma a frio existente pode converter a atmosfera marciana de CO2 em oxigénio respirável para os astronautas, diz o estudo português.
Investigadores das universidades de Lisboa e do Porto acreditam que as futuras missões com tripulação para Marte poderão fazer o seu próprio oxigénio para explorar a superfície a partir da atmosfera local.
Segundo o principal autor do estudo na revista Plasma Sources Science and Technology, Vasco Guerra:
Enviar uma missão tripulada a Marte é um dos próximos passos importantes na nossa exploração do espaço. Criar um ambiente respirável, no entanto, é um desafio substancial
Guerra e os colegas estão a investigar o plasma frio, um gás ionizado a baixas temperaturas, mas que contém eletrões e iões de movimento rápido, para converter as emissões de CO2 dos processos industriais em combustíveis de hidrocarbonetos usando energia solar.
Os plasmas de baixa temperatura são um dos melhores meios para a decomposição de CO2 – a divisão da molécula em oxigénio e monóxido de carbono – tanto pelo impacto direto de eletrões quanto pela transferência de energia elétrica para a excitação vibratória.
Explicou Vasco Guerra do Instituto Superior Técnico, Universidade de Lisboa.
Marte oferece excelentes condições para aplicar este processo à atmosfera de CO2 – conhecida como In-Situ Resource Utilization (ISRU) – as baixas temperaturas na superfície podem até tornar o processo mais efetivo ao diminuir a reação para que mais moléculas possam ser convertidas e separadas num fluxo respirável e numa corrente de monóxido de carbono.
O monóxido de carbono foi proposto para ser usado como uma mistura propulsora em veículos de foguete. O método de decomposição de plasma de baixa temperatura oferece uma solução dupla para uma missão tripulada para Marte. Não só proporcionaria um fornecimento estável e confiável de oxigénio, mas também uma fonte de combustível.
Referiu ainda Vasco Guerra
O investigador refere ainda que ao usar este sistema “poderia ajudar a simplificar significativamente a logística de uma missão para Marte. Além que iria “permitir aumentar a autossuficiência, reduzir os riscos para a equipa e reduzir os custos ao exigir menos veículos para realizar a missão”.