O mundo, há já algum tempo, que assiste a uma “guerra fria” entre os Estados Unidos e a China, com empresas como Huawei utilizadas como alvo e arma de arremesso (dependendo do lado da guerra). O desenvolvimento do 5G é sem dúvida um dos fatores que motivam as restrições impostas pelo governo norte-americano. Por cá, pela Europa, existem também países que começam a revelar desconfiança em relação à Huawei. Mas quanto é que isto pode custar?
Possíveis atrasos no desenvolvimento do 5G, decorrentes da exclusão da Huawei, podem impactar PIB europeu em 40 mil milhões de euros até 2035. Portugal, por exemplo, poderia perder cerca de 63 milhões de euros anuais com a exclusão da Huawei das redes de quinta geração.
Restrições europeias ao 5G da Huawei
A agência de pesquisa Oxford Economics estudou os custos de uma eventual exclusão da Huawei do desenvolvimento das redes europeias de quinta geração. Em resumo, concluiu que os impactos negativos poderiam ascender a três mil milhões de euros anualmente.
Tal representaria um aumento de 19% do custo anual associado aos investimentos de implementação das redes 5G, o que significa cerca de 63 milhões de euros por ano em Portugal, enquanto na Alemanha esse valor poderá ascender aos 479 milhões de euros anuais.
Um atraso na implementação do 5G também potenciaria uma desaceleração da inovação tecnológica e uma redução no crescimento económico.
Neste contexto, a Oxford Economics estima que o Produto Interno Bruto português poderia sofrer, em 2035, um rombo na ordem dos 500 milhões de euros e que a França, por exemplo, contabilizasse uma redução do seu PIB de cerca 7,3 mil milhões de euros.
Perdas no valor de 40 mil milhões de euros até 2035
De acordo com o estudo da Oxford Economics, o PIB total que seria perdido a nível europeu é estimado em €40 mil milhões até 2035, tendo por base valores de 2020.
As conclusões da Oxford Economics são apresentadas no relatório “Restricting Competition in 5G Network Equipment throughout Europe“.
Os investigadores referem que a infraestrutura digital desempenha um papel cada vez mais essencial para alavancar a economia. Isto, terá um impacto especialmente durante esta fase de necessária recuperação económica pós-pandemia:
- Velocidades de conexão mais rápidas, obtidas com redes 5G, e os potencias novos recursos dessa tecnologia são cruciais para aumentar os níveis de produtividade, que entraram em colapso face às consequências da pandemia.
- No auge da crise, as redes de telecomunicações mantiveram serviços vitais de saúde, educação e emergência on-line, assim como deram continuidade ao funcionamento das empresas e conectaram amigos e familiares.
- A implementação das redes de quinta geração pode estimular a recuperação económica a curto prazo.
A exclusão da Huawei seria dramática para a Europa? E para Portugal?
Em termos de perdas económicas líquidas a longo prazo, os resultados para a Europa não seriam os mais animadores. A restrição da concorrência propicia um aumento de preços, pelo que, reafirma o estudo da Oxford Economics, impedir um grande participante de competir na rede 5G e, consequentemente, limitar a concorrência, resultaria em custos de investimento mais elevados, atrasando a implantação das redes.
Um cenário de restrição resultaria num crescimento tecnológico e inovação mais lentos, menores rendimentos para as famílias e uma recuperação mais lenta da recessão.
Para Portugal, haveria um acréscimo de custos na ordem dos 63 milhões de euros por ano, podendo atingir os 95 milhões. Além disso, um milhão de portugueses não teria acesso a 5G em 2023.
Iria ainda assistir-se a uma redução do PIB estimada em 500 milhões de euros em 2035, podendo alcançar os 1.100 milhões de euros.