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Novo tipo de plástico decompõe-se no oceano mais rapidamente do que o papel

O plástico é um problema que reúne muita atenção, com investigadores a tentarem perceber formas de o tornar mais sustentável (ainda que minimamente). Agora, um novo tipo de plástico que se decompõe no oceano mais rapidamente até do que o papel.


O mundo já soube viver sem plástico, mas descobrir as suas incontáveis aplicabilidades potencializou a sua utilização a um nível problemático. De tal modo, que os especialistas têm explorado formas de melhorar o material e procurado alternativas viáveis.

Os investigadores passaram os últimos anos a tentar descobrir qual o tipo de plástico que se decompõe mais rapidamente num ambiente marinho. Afinal, sabemos que chegam aos nossos oceanos, todos os anos, milhões de toneladas de plástico.

Aparentemente, um bioplástico comum que utilizamos há mais de 100 anos decompõe-se, e os investigadores descobriram como acelerar esse processo.

 

Novo plástico que se degrada no oceano

O diacetato de celulose (em inglês, CDA) é fabricado a partir da celulose, um polímero natural que se encontra nas paredes das células das plantas, nomeadamente na pasta de algodão ou de madeira, e é utilizado em tudo: desde armações de óculos de sol a filtros de cigarros (a sua utilização mais comum), passando por película fotográfica e uma série de outras coisas que integram o nosso dia a dia.

Investigadores da Woods Hole Oceanographic Institution (WHOI) descobriram que o CDA é o tipo de plástico que se degrada mais rapidamente na água do mar, tecnicamente classificado como bioplástico. Com uma simples modificação chamada “foaming” (de espumoso), que torna o bioplástico poroso, o CDA degrada-se 15 vezes mais depressa do que o CDA sólido e até mais depressa do que o papel.

Traduzimos os conhecimentos fundamentais na conceção de um novo material que, simultaneamente, satisfaz as necessidades dos consumidores e se degrada no oceano mais rapidamente do que qualquer outro material plástico que conhecemos, mais rapidamente ainda do que o pape.

Afirmou Collin Ward, autor sénior do estudo, acrescentando que “é uma grande história de sucesso numa área que se concentra frequentemente nos aspetos negativos da poluição por plásticos, em vez de trabalhar para encontrar soluções para o problema”.

Durante 36 semanas, o CDA modificado foi colocado em tanques de água e perdeu 65-70% da sua massa original. Este resultado, em comparação com outro plástico comum que pode ser encontrado em todos os oceanos do mundo. A esferovite, por sua vez, apresentou uma degradação nula nesse mesmo período.

Uma imagem microscópica do CDA modificado antes e depois de 36 semanas em água do mar. Crédito: Bryan James, Woods Hole Oceanographic Institution (outubro, 2024)

O estudo foi realizado num ambiente controlado num laboratório, utilizando água do mar em fluxo contínuo proveniente do Martha’s Vineyard Sound, perto de Cape Cod, em Massachusetts. Os investigadores puderam controlar a luz, a temperatura e outras variáveis para reproduzir as condições dinâmicas do oceano.

A par de outros cientistas da WHOI, Collin Ward estabeleceu uma parceria com a Eastman, uma empresa de fabrico de bioplásticos, que contribuiu para este e outros estudos anteriores, fornecendo materiais, financiamento e coautores. O estudo foi publicado na revista ACS Publications.

Considerando o sucesso do CDA modificado, ou seja, espumoso, a Eastman lançou um tabuleiro biodegradável e compostável para substituir os comuns de esferovite utilizados para embalar carne.

Estes últimos não são biodegradáveis em quaisquer condições ambientais naturais, terrestres ou marítimas.

 

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