Os Estados Unidos, pela figura mais visível do poder, o presidente Donald Trump, têm acusado a Huawei de práticas de espionagem e o braço de ferro com a empresa já dura há muito tempo. Conforme temos visto, a marca chinesa tem sido alvo de várias restrições comerciais. Um dos exemplos foi a remoção dos serviços da Google dos smartphones da empresa. Contudo, a gigante das pesquisas nunca falou abertamente sobre este bloqueio à Huawei.
Agora, numa entrevista à BBC, Eric Schmidt, ex-Presidente da Google, diz que “não há dúvida” de que Huawei encaminhou dados para Pequim.
Eric Schmidt diz que Huawei é uma ameaça à segurança nacional
As comunicações são hoje um importante pilar da sociedade. Nesse sentido, o domínio e controlo das comunicações poderá ser importante no plano estratégico mundial. A Huawei é desde há uns anos um importante player nesta área. Está fortemente implantada quer no desenvolvimento de tecnologias, quer na aplicação das mesmas nas estruturas em cada país. O 5G tem sido uma das armas de arremesso neste braço de ferro entre o oriente e o ocidente.
Além de Trump, outras personalidades parecem aceitar a acusação de possível espionagem, como é agora o caso de Eric Schmidt, o ex-CEO da Google. Segundo o ex-homem forte da Google, a Huawei é um risco para a segurança nacional e tem praticado atos inaceitáveis, como o encaminhamento de informação da rede para o Governo chinês.
Não há dúvida de que a Huawei se envolveu em algumas práticas que não são aceitáveis na segurança nacional. Não há dúvida de que as informações dos routers Huawei acabaram por ficar em mãos que parecem ser do Estado. Seja como for que isso tenha acontecido, temos a certeza que aconteceu.
Disse Schmidt num documentário produzido pela rádio BBC.
Huawei, o 5G, a Google e os Estados Unidos
A gigante das telecomunicações tem sido frequentemente acusada de colocar em risco a segurança nacional. Vários organismos norte-americanos mostraram preocupação com a possibilidade de existir espionagem chinesa. Como resultado, Washington exerceu uma pressão significativa sobre os aliados para impedirem a Huawei de aceder às suas redes móveis 5G da próxima geração. O Reino Unido, por exemplo, está agora a rever uma decisão no sentido de permitir à empresa um papel restrito na sua implantação 5G.
A Huawei tem negado repetidamente as acusações de transmitir dados a Pequim e insiste em ser independente do governo. O Vice-Presidente Victor Zhang disse à BBC que a sugestão de Schmidt de que Huawei estava a entregar dados de clientes às autoridades chinesas “simplesmente não é verdade”.
Schmidt, que liderou a Google de 2001 a 2011, é agora presidente do Conselho de Inovação da Defesa do Pentágono. Na sua entrevista com a BBC, afirmou ter tido anteriormente “preconceitos” sobre a China, como a convicção de que as empresas de tecnologia do país são “muito boas a copiar as coisas”. Ele acrescentou que estes preconceitos agora “precisam de ser expulsos”.
Os chineses são tão bons, e talvez melhores, em áreas-chave de investigação e inovação como o Ocidente.
Disse Schmidt à BBC.
Não é a primeira vez que Schmidt comenta algo sobre a China. Em 2018, o multimilionário alertou para uma “bifurcação” da Internet em dois modelos distintos – um liderado pelos EUA, e outro pela China. Admitiu também ter defendido o trabalho da Google na China, quando este inicialmente se retirou do país.