A China planeia lançar o seu próprio sistema operativo, apoiado pelo Governo, já nos próximos meses para reduzir a sua dependência dos sistemas importados da Microsoft e Google.
Esta decisão não é uma surpresa tendo em conta a decisão, do passado mês de Maio, em banir dos seus computadores o Windows 8 e depois de várias “tentativas” para incitar à utilização de um sistema operativo móvel baseado em Linux.
Segundo informações da agência de notícias Xinhua, este sistema operativo é esperado já no próximo mês de Outubro e deverá ser colocado nos desktops numa primeira fase. Mais tarde, em 2015, espera-se o suporte para os dispositivos móveis e set-top boxes.
Ni Guangnan da Academia Chinesa de Engenharia referiu ainda que espera este lançamento com apoio de uma loja de apps, reforçando a usabilidade e globalidade da acção deste projecto. Este engenheiro, responsável pelo sistema, está a liderar o projecto que começou em Março deste ano.
Mas a ideia não é só banir os sistema operativos americanos com forte implementação no país, Ni vai mais longe e refere mesmo que a criação deste sistema operativo será para competir com a Google, Apple e Microsoft. Este é também um forte motivo para avançarem com o projecto.
O Governo chinês há muito que luta contra as tecnologias americanas, nalguns casos aplica mesmo a censura impedindo a sua utilização dentro do país, como é o caso da censura ao motor de pesquisa da Google, ao serviço de e-mail Gmail e ao YouTube. Na resposta a este bloqueio, a Google decidiu mudar os seus serviços para Hong Kong. Esta mudança foi eficaz e permitiu que a empresa de pesquisas pudesse operar ao largo das apertadas normas e regras colocadas pelo Governo chinês.
A última preocupação para o Governo chinês tem sido o Android. Este sistema operativo da Google detém mais de 82% do mercado chinês na plataforma móvel, de acordo com os últimos dados fornecidos pela Kantar Worldpanel ComTech.
A proibição da utilização do Windows 8 no país, em Maio passado, é também ela um problema, tendo em conta a dependência da China no Windows XP como sistema operativo em desktop. Assim, e dado o facto do fim do suporto ao Windows XP por parte da Microsoft, este é mais um argumento para a criação de um novo sistema de forma a evitar possíveis riscos de segurança.
A espionagem tem sido também uma bola de ping pong usada tanto pelos Estados Unidos como pela China no que toca aos ciberataques, onde o elo mais frágil está no lado chinês que ainda usa tecnologias americanas.
Este é mais um passo para a China entrar em confronto directo com os poderosos neste mundo actual da tecnologia. A supremacia no fabrico de dispositivos e cada vez mais na liderança de preferências está a colocar esta potência num nível altamente independente, face ao hardware e software.