A Inteligência Artificial é uma tendência crescente e é possível que algumas das suas aplicações sejam um tanto surpreendentes. Desta vez, falamos-lhe de um partido político baseado na tecnologia.
Apesar de a novidade parecer demasiado futurista, chega-nos da Dinamarca.
Embora sejam treinados por nós, seres humanos, os dispositivos eletrónicos podem executar tarefas de forma, ainda assim, surpreendente. Afinal, passamos conhecimentos e skills às máquinas, para que desenvolvam atividades com destreza e rapidez, e aprendam enquanto as realizam.
Um dos debates que surge e se intensifica à medida que a Inteligência Artificial evolui baseia-se em questões de ética. Isto, porque, podendo ser aplicada em tantas áreas e desempenhar tantas tarefas, os dipositivos baseados na tecnologia poderiam, eventualmente, garantir esse valor.
Ora, este novo Partido Sintético pode ser mais uma acha na fogueira da discussão, lançada pela Dinamarca.
Inteligência Artificial está, agora, envolvida na política
O novo partido dinamarquês apresentou o seu candidato para as próximas eleições. Embora precise de reunir apoio suficiente para entrar na corrida, este Partido Sintético surge como ação social, enquanto motivador para os descrentes mais novos regressarem às urnas, e, para o resto do mundo, como uma oportunidade para questionar o presente e o futuro da Inteligência Artificial neste campo onde impera a controvérsia.
A Inteligência Artificial, enquanto concorrente política, assume-se como sendo de esquerda e candidata-se com propostas relacionadas com o aumento do rendimento mínimo e com uma série de direitos sociais universais.
Apesar da afiliação política que os criadores da Inteligência Artificial definiram, os peritos na tecnologia defendem que uma Inteligência Artificial não teria crenças políticas. Ou seja, contrariamente àquilo que acontece na sociedade, que tende a segmentar as decisões e inseri-las em grupos de opinião, uma tecnologia futurista, baseada em dados, tomaria as melhores decisões para cada circunstância.
Tecnologia na política corrigiria os sistemas cada vez mais corruptos?
A pergunta que se impõe pretende perceber se, tendo em conta o desenvolvimento tecnológico atual, a Inteligência Artificial já seria capaz de governar um país. E, caso fosse, que decisões tomaria.
Para María Aurora Martín Rey, professora especializada em Inteligência Artificial na Udima, “o desenvolvimento da Inteligência Artificial está numa escala de 9 em 10”. Ora, conforme explicou, podemos dividi-la em dois grupos principais: suave e duro/ geral. O primeiro é aquele que está em todo o lado, ligado à aprendizagem mecânica, é um sistema alimentado por dados. Por sua vez, o segundo é aquele que tem mais desafios pela frente e que pode ir mais longe, como, por exemplo, presidir um governo.
Esse passo entre a suave e a dura é essa mudança de paradigma. […] é o que conhecemos como singularidade.
Partilhou María Aurora, explicando que, aos olhos do mundo, teria a capacidade de sentir como um ser humano.
Na opinião de Juan Pazos, especialista em Inteligência Artificial na Udima, essa singularidade requer a autonomia de uma Inteligência Artificial, que, além da perspetiva humana, é capaz de aprender por si só. Ou seja, mais do que a alimentação por dados, tem vontade de se tornar mais inteligente, mais completa, de modo a ir mais longe.
A Inteligência Artificial neste momento não só ajuda a tomar decisões, mas em alguns casos qual é a melhor decisão a tomar.
Disse Pazos.
Isto quer dizer que, em caso de a necessidade ser ideias racionais, a Inteligência Artificial consegue saber qual a melhor das posições, pela coleção de dados que recolheu e analisou. Contudo, a racionalidade nem sempre é o caminho, pelo que o fator humano continuará a ser imprescindível à tomada de decisões.
Se olharmos friamente para ela, ter um filho não é a ideia mais sensata, se olharmos apenas para os dados, mas os seres humanos têm-nos e nós não nos arrependemos.
Exemplificou María Aurora.
Se, para a professora, a Inteligência Artificial nunca atingirá esse ponto, “porque continua a ser um sistema programado”, na opinião de Pazos, é algo que vamos acabar por atingir.
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