O YouTube, enquanto maior plataforma mundial de vídeos, é frequentemente utilizado como um novo plano de manifestação social. A plataforma da Google passa diariamente por correntes de expressão pública de desagrado.
Os motivos para tal são múltiplos e obedecem apenas ao teor imprevisível e indomável da internet. Veja-se o exemplo paradigmático do ovo mais popular do Instagram como clara manifestação social, não de desprezo, mas de ironia.
Ainda assim, a Google está preocupada com as correntes de ódio que por vezes se materializam nos “dislikes”. As manifestações públicas de desagrado que qualquer produtor de conteúdos para o YouTube receia.
O poder de um “dislike” no YouTube
Agora, de acordo com o que foi veiculado, a Google quer evitar que o botão “dislike” ou “não gosto”, seja utilizado como uma arma. Para tal, uma das propostas submetidas é radical: remover a opção do YouTube.
Tomamos com exemplo o vídeo YouTube Rewind 2018. Da autoria da própria equipa do YouTube (o que não deixa de ser irónico), este é o vídeo mais odiado de sempre na plataforma de vídeos da Google. Mas, porquê tanto “dislike”?
Aqui a opinião popular entendeu que o mesmo tentava apenas agradar às grandes empresas que investem em publicidade no YouTube e não aos criadores de conteúdo, vulgo youtubers. A internet não perdoou.
O YouTube é a plataforma de vídeos da Google
A internet uniu-se e neste momento o vídeo conta com mais de 15 milhões de manifestações públicas de desagrado. Nenhum outro lhe chega perto.
Este evento terá despoletado na Google uma nova preocupação com o poder deste botão “dislike”. Para Tom Leung, um dos executivos do YouTube, as multidões de “dislikes” são uma preocupação e não devem ocorrer na plataforma.
A possível moderação ou remoção do botão de dislike
De acordo com o seu testemunho, dado durante a nova edição do Creator Insider, o YouTube considera nefasta esta prática. A utilização concentrada e pragmática do botão dislike com o intuito de desmoralizar o criador de conteúdos em questão.
Algo que também tem sido denunciado pelos youtubers como um dos maiores flagelos da plataforma. Note-se que, de acordo com algumas fontes, quando o número de dislikes ultrapassa, em grande escala, o valor de likes, o vídeo poderá ser menos recomendado pelo YouTube.
Algo que a médio / longo prazo pode afetar o desempenho de todo o canal de YouTube, usufruindo este de menos exposição.
O que pode o YouTube fazer?
Nas palavras do seu executivo, o assunto “está a ser levemente discutido”. A empresa está a pensar novas formas para evitar as ondas massivas de dislikes que por vezes assolam a plataforma de vídeos da Google.
Leung salienta ainda que nenhuma das hipóteses em cima da mesa é boa o suficiente, sendo a remoção do botão uma delas. Acrescenta que, eventualmente, a solução perfeita será alcançada e assegura os criadores de conteúdo que esta é uma das preocupações do YouTube.
Neste momento a única ferramenta ao dispor dos youtubers é a remoção da avaliação por likes e dislikes. Algo que remove ambos os botões dos vídeos selecionados e que acaba por ser raramente utilizada.
Politicamente correto vs liberdade de expressão?
Outra das soluções para o problema seria a justificação da manifestação de desagrado. Por outras palavras, caso queira pressionar o botão de dislike, surgiriam várias opções para justificar o desagrado sentido. Em suma, poder ser-lhe pedida uma justificação se escolher o “Não gosto”.
Algo que poderia dar informação útil ao criador de conteúdo e mitigar as campanhas de dislikes que grassam na plataforma de vídeos da Google. Esta é uma das hipóteses mais acalentadas por Tom Leung.
Contudo, o mesmo está ciente que isto ira criar um desfasamento entre o “peso” de um “Gosto” e um “Não Gosto”. Geraria um viés perigoso contra qualquer manifestação de desagrado e poderia pôr em cheque toda a credibilidade do sistema de like ou dislike.
Nem todas as manifestações de desagrado provêm de um exército de haters, como são frequentemente apelidados. Podemos não gostar da música, do conteúdo, do apresentador, da realização ou podemos simplesmente estar num mau dia.
Deverá a Google pressionar o YouTube a tomar alguma ação?
O YouTube sabe que o dislike é tão justo e importante quanto o like para a liberdade de expressão. Por outro lado, sabe que o dislike pode facilmente ferir suscetibilidades junto do criador de conteúdo e da sociedade contemporânea.
É um dilema que assola a plataforma de vídeos da Google, não sendo um fenómeno exclusivo desta. O mesmo se passa com a Valve, a popular plataforma de jogos e, até ao momento, sem solução para este inconveniente.
A Valve também equacionou o bloqueio temporário das avaliações negativas, mas optou por não o fazer. As razões são imediatamente as mesmas, o total descrédito do sistema caso tal fosse implementado.
Por fim, é nos comentários ao vídeo de Tom Leung onde encontramos a solução mais compreensiva para este fenómeno. Aí somos confrontados com vários utilizadores a sugerir a disponibilização dos botões de like e dislike apenas quando o espetador tivesse assistido a pelo menos 25% do vídeo. Só nesta altura os botões seriam visíveis.
Agora, resta saber se o YouTube vai, ou não, agir perante esta situação.