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YouTube é dominado por dois pesos e duas medidas, acusam moderadores

São várias as vozes dos moderadores da plataforma de vídeos da Google a afirmar que os criadores mais populares recebem tratamento especial no que à moderação dos seus canais diz respeito. São dois pesos e duas medidas, agora expostos pela imprensa, mas que já têm sido apontamos por outros canais de YouTube.

A fama e popularidade são sinónimo de impunidade na plataforma? Pelos vistos sim.


Em jeito de confissão ao The Washington Post, vários moderadores de conteúdo no YouTube expuseram a prática. De acordo com os mesmos, certos canais podiam violar as regras de conduta da plataforma de vídeos da Google. Ainda que numa primeira filtragem fossem detetados, as “chefias” exoneravam qualquer queixa.

Dois pesos e duas medidas no YouTube

Ainda de acordo com a fonte, a empresa norte-americana pratica frequentemente essa exoneração de “canais especiais”. A peça cita canais e criadores como Logan Paul, Steven Crowder, ou PewDiePie. Personalidades cujas controvérsias já pautaram os respetivos canais, mas que continuam a ser parceiros chave do YouTube.

Aliás, um dos mais recentes a estar envolto em controvérsia foi Steven Crowder que viu vários dos seus vídeos a perderem a monetização. No entanto, a medida terá sido temporária face à popularidade do criador responsável pelo canal. Isto é, pouco tempo depois a plataforma repôs as fontes de rendimento.

O porquê prender-ser-á com a popularidade dos youtubers em questão. Sendo parceiros essenciais para a plataforma de vídeos da Google, as regras moldam-se em torno das suas necessidades. Algo que é apelidado pelos moderadores da plataforma como “o núcleo duro de intocáveis”, ou canais que sustentam o YouTube.

No YouTube o dinheiro ganha-se com a publicidade

A rentabilidade orgânica, ou o dinheiro que se pode ganhar a partir do YouTube provém de duas fontes. A direta (proveniente da Google), baseia-se nas publicidades apresentadas antes, ou durante, o vídeo. A segunda, indireta, prende-se com os patrocínios, publicidade ou conteúdo patrocinado por terceiros.

Já, para efeitos desta peça, foi tida em conta a primeira fonte de rendimento, direta. Já por sua vez, o próprio YouTube ganha com cada investidor que paga para ver a sua campanha publicitária apresentada antes, ou no meio, dos vídeos, algo que cria uma relação simbiótica entre a plataforma e os criadores.

Portanto, como referem alguns canais, é perfeitamente normal um canal já grande, criar propositadamente uma controvérsia, ou escândalo. A partir daqui a atenção mediática sobre esse mesmo canal acaba por crescer exponencialmente, por conseguinte, também o seu número de subscritores. O motivo para tal é indiferente.

Um pouco de controvérsia para crescer na plataforma de vídeos da Google

Já em declarações ao The Verge, o youtuber Roberto Blake confirmou esta prática. Isto é, um escândalo aqui e acolá, pisando propositadamente algumas das regras da plataforma da Google. Contudo, como se tratam de canais cruciais, o YouTube acaba por fazer vista grossa a algumas “inconformidades” cometidas pelo canal.

Por fim, quando a poeira assenta e o escândalo perde o fulgor, o canal cresceu em subscritores e popularidade, ao passo que o YouTube vê esse parceiro reforçado e apto para se tornar numa “montra” preferencial. Em síntese, há um conluio que acaba por beneficiar ambas as partes, caso o canal já seja grande.

Ainda que seja desmotivante chegar à conclusão que nem todos os criadores são tratados da mesma forma, é inegável que o mundo não é justo. Isto é, o que se passa no YouTube é um mero reflexo da nossa sociedade, por conseguinte, o mesmo se verifica no mundo da internet, afirmou Blake.

Em boa verdade, os executivos da plataforma não o escondem e já o confirmaram. Existem vários padrões para a aplicação de sanções como a remoção da monetização. Sobretudo se estiver em causa um “alto padrão de monetização”, declarações de Susan Wojcicki, CEO do YouTube

 

É importante lembrar que existe um largo espectro de anunciantes e investidores com um leque igualmente alargado de desejos, afirmou a CEO.

A publicidade é a base do YouTube

Ainda que a forma mais fácil de lucrar no YouTube seja capitalizar no positivismo, ou os “yes man“, há vários tons nesta indústria. Algo que nos ajuda a perceber como é que Jake Paul escapou ileso com uma admoestação de duas semanas e respetiva remoção da monetização. Isto após ter mostrado cadáveres sem grandes pudores.

Foi como se nada se tivesse passado com o canal de Jake Paul, caiu uma cortina de esquecimento nos vídeos antigos – comentou um moderador do YouTube ao Post.

A peça toca ainda na natureza operacional da plataforma de vídeos da Google. Esta tem necessariamente que manter os investidores felizes. Caso contrário, estes deixam de querer investir na mesma, por conseguinte, a plataforma teria que cortar as receitas aos canais.

Atualmente pede-se mais transparência ao YouTube. Ainda que isso significa admitir o que já toda a gente sabe. Pelo menos quem está dentro do meio e não se apercebe das dinâmicas da empresa.

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