Ainda que os colaboradores de ambas as empresas possam protestar contra as mesmas nas marcas e desfiles de orgulho LGBT, não poderão de forma alguma fazê-lo enquanto representantes do Google, ou do YouTube. Por outras palavras, a empresa norte-americana está deixar um aviso bem claro aos vários Googlers.
De acordo com uma circular interna, a empresa considera que tal será uma violação do seu código de conduta.
Clarificando o tema, todo e qualquer colaborador do Google, ou da sua plataforma de vídeos, o YouTube, poderá juntar-se às marcas e desfiles do Pride month. No entanto, se o fizerem enquanto representantes, colaboradores ou vestindo a pele de qualquer cargo oficial dentro da empresa, sofrerão consequências.
A comunidade LGBT está contra o Google e o YouTube
Assim, nem o YouTube nem a Google querem que os seus colaboradores protestem contra as suas empresas. As consequências desta circular interna, entretanto, divulgada por algum colaborador, já se estão a fazer sentir. A comunidade LGBT está furiosa perante estas políticas e decisões da Google e do YouTube.
Contextualizando o leitor, recordamos o caso e polémica despertada pelo jornalista Carlos Maza, opondo-se ao youtuber Steven Crowder. Entretanto, o clima de crispação foi aumentando, repercutindo-se sobretudo nas redes sociais como o Twitter. Aí, publicam-se inúmeras críticas apontadas ao grupo empresarial.
Today, @Google told employees that while marching in the Google contingent in the @SFPride parade any protest against @YouTube's current policies,interpretation of policies,and so forth would be considered a violation of Googles Communications policy #NoPrideInYT @EthicalGooglers
— Rebecca (@Tri_Becca90) June 24, 2019
Em particular, o grupo Gayglers, grupo de colaboradores da Google pertencentes à comunidade LGBT chega a ir mais longe. Os seus integrantes lançaram uma petição a pedir a remoção de qualquer menção ao Google entre as empresas que apoiam as manifestações e marchas “Pride” com todo o patrocínio a ser devolvido.
The @SFPride board should return all money accepted from @Google for their participation in the Pride parade and give their spot in the parade to the Googlers. Let them march. Let them protest. Do NOT let Google silence them! #NoPrideInYT
— Rebecca (@Tri_Becca90) June 25, 2019
O mesmo grupo refere que alguns dos seus membros planeavam marchar pela Google, mas contra as recentes políticas do YouTube. Para tal, utilizariam t-shirts, cartazes, bem como outros meios para se identificarem enquanto colaboradores e, ao mesmo tempo, integrantes da comunidade LGBT.
A Google não permite expressões pessoais em nome da empresa
Já de acordo com a imprensa internacional, quando um dos colaboradores perguntou à empresa se tal seria tolerado, a resposta foi negativa. Esta fonte forneceu ainda capturas de ecrã em que se podia ler a troca de mensagens em que tal ficou claro.
Os colaboradores são livres de afirmar toda e qualquer opinião em nome próprio, com a exceção sendo o carro alegórico e balão patrocinado pela empresa. Não é permitida a utilização da nossa plataforma para expressar uma mensagem contraditória à que a Google quer veicular.
Por outras palavras, a empresa sonega assim a hipótese de uma possível associação a uma qualquer causa que não a prevista, estudada e publicada pela mesma. Uma cautela que não caiu bem junto da comunidade LGBT, aumentando mais a crispação que se tem vivido nos últimos meses.
Tudo começou com a plataforma de vídeos, o YouTube
Tal como referido acima, o desentendimento começou com as recentes ações do YouTube. Mais concretamente, a comunidade LGBT acusa a plataforma de vídeos de ser complacente com o YouTuber de cariz conservador, Steven Crowder. Um caso que, aliás, demos a conhecer em ocasião anterior no Pplware.
https://twitter.com/memnus/status/1143407613159211008
O YouTube, que também está na mira da justiça norte-americana, tem vindo a desculpar-se e a tentar acalmar os ânimos nas últimas semanas. Ainda assim, acaba por ser criticada por tolerar comportamentos vistos como ofensivos para a comunidade LGBT. Por outro lado, é criticada por perigar a liberdade de expressão alheia.
And so it begins. PROTECT MARGINALIZED 56-YEAR-OLD-TRANS-6-YEAR-OLD-SEX-SLAVES EVERYWHERE, @YouTube!! pic.twitter.com/CJSsDDJllL
— Steven Crowder (@scrowder) June 20, 2019
Retomando a postura do Google e do YouTube, Sundar Pichai, CEO da primeira, já expressou publicamente o seu apoio a Susan Wojcicki, CEO da última. Já a comunidade LGBT apelida a recente postura da empresa de especialmente irónica, ou mesmo hipócrita. Para os googlers LGBT, a empresa não os representa.
O limite entre o pessoal e o empresarial
Note-se ainda assim, que não é conhecida a punição a que eventuais googlers estariam sujeitos caso utilizassem o carro alegórico da empresa para expressar outra opinião que não a definida pela própria. Ainda assim, isto só nos mostra que o politicamente correto nem sempre corresponde aos ditames empresariais.
De um lado temos a postura pública da empresa, bem como toda a sua frente pública. Do outro, temos grupos de cidadãos com os seus direitos. Já, no meio de tudo isto, provavelmente a empresa preferiu salvaguardar o primeiro, e seu, lado. Entretanto, o YouTube continua a tentar apagar fogos, só para criar outros ainda piores.
A plataforma de vídeos encontra-se agora numa crise de credibilidade. Já a empresa-mãe, deixa de ser vista como um ideal defensor de todas as posições e posturas. Até ao momento a Google não comentou o caso.