Nunca se falou tanto em “saúde mental” como este ano. A pandemia, o confinamento e o afastamento social parecem ter sido o mote perfeito para mostrar ao mundo que este é um tema de extrema relevância para a sociedade em geral. Se os temas já referidos afetaram a saúde mental de todos nós, a verdade é que existem pormenores no nosso dia a dia que, por muito pequenos que sejam, podem ser preocupantes.
A Google tem nos seus smartphones filtros de beleza, no entanto, estes não surgem como pré-definidos, como em tantas outras aplicações de câmara. O motivo está relacionado com a saúde mental dos utilizadores.
Uma selfie, um filtro de beleza e a saúde mental
Muitas vezes subtis, os filtros de embelezamento nas selfies fazem correções de pele, apagando poros ou borbulhas. Aumentam ligeiramente os olhos e ainda afinam o queixo. Muitas vezes o utilizador nem se apercebe que houve ali intervenção, mas sente-se confiante para partilhar a foto nas redes sociais… Depois deste filtro, vêm outros, ajustados e aplicados manualmente, tornando a beleza de cada um, na verdade, uma máscara de software.
Existem alguns estudos que mostram que tal funcionalidade pode mesmo ter efeitos negativos na saúde mental dos utilizadores. Por este motivo, a Google, nas definições padrão dos seus smartphones, está a desativar o modo de beleza. Existe, mas tem que ser ativado manualmente.
Além disso, esta ação está a ser sugerida a outros e incentivando outros produtores de smartphones.
Estamos a tentar perceber melhor o efeito que os filtros de selfies podem ter no bem-estar das pessoas, especialmente quando os filtros estão ativados por padrão. Conduzimos vários estudos e conversámos com especialistas em saúde infantil e mental de todo o mundo e descobrimos que, quando não está ciente de que uma câmara ou app de fotos aplicou um filtro, as fotos podem ter um impacto negativo no bem-estar mental. Esses filtros padrão podem definir discretamente um padrão de beleza com o qual algumas pessoas se comparam.
Refere Vinit Modi, Gestor de Produto da Google.
O Google criou então um manual de práticas recomendadas para a implementação de filtros de rosto, recomendando que eles sejam desativados por padrão.
Manual de boas práticas
A empresa também sugere que os fabricantes OEM e programadores de apps de câmara não utilizem termos como “aprimoramento”, “embelezamento” e “retoque” (em inglês, “enhancement,” “beautification,” e “touch up”), já que todos implicam que a foto não modificada precisa de melhorias. Como alternativa sugerem a utilização do termo “Face retouching” (retoque de rosto).
A Google começa já a aplicar esta alteração nos seus smartphones Google Pixel que, em breve, terão atualização que desativa esta funcionalidade por padrão. Além disso, os filtros a aplicar no “retoque de rosto” serão mais subtis do que a maioria das opções existentes na grande maioria dos smartphones do mercado.