A guerra nada trouxe de positivo no que toma à vida humana e ao desenvolvimento do planeta. Contudo, o outro lado da guerra mostrou como a Europa estava dependente de aliados que se poderiam tornar inimigos. Apesar do momento que vivemos, de dificuldades a vários níveis, esta realidade prostrada aos olhos dos governantes do velho continente poderá ser considerada um benefício da guerra. Um exemplo é a decisão da França na construção de fábricas de chips.
Esta ação irá ajudar a Europa que poderá acabar com a sua dependência tecnológica.
European Chip Act: carta de alforria tecnológica
Depois da Intel na Alemanha, a Europa terá uma nova fábrica de chips. Será a segunda unidade em solo europeu e estará localizada em Crolles, no sudeste da França. O projeto foi anunciado hoje e é um novo passo no European Chip Act, o grande plano da União Europeia para acabar com a dependência da Ásia e dos EUA para a produção de semicondutores.
O fabrico de chips estará nas mãos de dois grandes fabricantes. A STMicroelectronics e a GlobalFoundries construirão a primeira fábrica de semicondutores em solo francês. O objetivo é que seja concluído em 2026 e estima-se que empregará cerca de 1.000 pessoas.
Esta fábrica terá um investimento de 5,7 mil milhões de euros, para além de receber financiamento público do governo francês como parte dos fundos europeus. Em comparação, a Intel irá investir cerca de 17 mil milhões de dólares na sua fábrica em Magdeburg, perto de Berlim.
.@ST_World et @GlobalFoundries construiront en France une mega-usine de semi-conducteurs. C’est le plus grand investissement industriel des dernières décennies hors nucléaire et un grand pas pour notre souveraineté industrielle : c’est 1 000 emplois à la clé. #ChooseFrance
— Bruno Le Maire (@BrunoLeMaire) July 11, 2022
França junta-se à Alemanha na corrida ao fabrico de chips
Os dois grandes países da UE oficializaram agora o seu plano de ter uma fábrica de chips própria. O governo francês não especificou quanto financiamento público irá receber, mas descreveu o tipo de chips a serem fabricados.
Não serão transístores de nível superior, mas chips de 18 nanómetros para automóveis, IoT e outras aplicações. Por outras palavras, a aposta é em transístores para o grosso da indústria, mas não para a última geração. No total esperam produzir cerca de 300 milhões de wafers por ano.
O fabrico francês será propriedade da STMicroelectronics, a empresa franco-italiana que se encontra entre os dez maiores produtores mundiais de semicondutores, e da GlobalFoundries, um fabricante americano que trabalha para a AMD, Broadcom e Qualcomm. No entanto, nenhuma destas duas empresas corresponde ao perfil que Thierry Breton, o Alto Comissário Europeu, expressou quando a lei europeia sobre os chips foi aprovada.
O objetivo da Europa é atrair um fabricante capaz de produzir chips de 2 ou 3 nanómetros. Até agora não foi capaz de o fazer. Um dos problemas é que existem poucas empresas no mundo capazes de o fazer. A grande ambição é que a Taiwan Semiconductor Manufacturing (TSMC) ou a Samsung se candidatem à Europa, mas não há notícias confirmadas para além das conversações preliminares.
Em comparação, a Samsung anunciou no final de 2021 a construção de uma fábrica de chips no Texas, com um investimento de cerca de 17 mil milhões de dólares. Da mesma forma, a TSMC investirá cerca de 12 mil milhões de dólares no Arizona.