Não, a disquete não acabou. De vez em quando somos brindados com exemplos destes, onde o velho hardware continua a gerir “vidas”. Segundo a Agência de Transportes de São Francisco, o sistema de controlo dos comboios da cidade foi implementado em 1998 e nunca mais foi atualizado. Como tal, para evoluir um sistema que ainda recorre às velhas disquetes demorará uma década e custará centenas de milhões de dólares.
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Não vai há muitos anos, ficamos a saber que para atualizações críticas do software de um Boeing 747 recorre-se a uma disquete 3,5″. Também não vai há muitos anos que o Ministério da Defesa dos EUA deixou de usar disquetes para controlar armas nucleares.
Portanto, sem sabermos, o mundo, em vários setores, poderá estar ainda dependente deste velho hardware.
As disquetes são um componente de um dos nossos sistemas. O sistema que controla automaticamente os nossos comboios nos túneis. No entanto, o sistema que opera em toda a cidade incorpora muitos outros componentes.
Estas palavras de Mariana Maguire, uma das responsáveis pela gestão do projeto de controlo dos comboios de São Francisco (EUA), pretendem, sem sucesso, ser tranquilizadoras. No entanto, revelam algo surpreendente: sem este sistema de armazenamento arcaico, os comboios da cidade não funcionariam.
Não há atualização até ocorrer uma falha catastrófica
A Agência Municipal de Transportes de São Francisco (SFMTA) instalou o atual sistema de controlo de comboios da cidade em 1998 e as disquetes, como acabámos de ver, são uma parte fundamental da sua infraestrutura. É surpreendente que, apesar dos inúmeros avanços na computação nas últimas duas décadas e meia, uma instalação tão importante continue a utilizar um meio de armazenamento tão antigo, mas continua.
O bom funcionamento dos comboios de São Francisco depende de algumas disquetes.
Jeffrey Tumlin, diretor da Agência Municipal de Transportes de São Francisco, confirmou que o atual sistema de controlo está em vigor há nada menos que 26 anos, pelo que já ultrapassou o período de funcionamento de 20 a 25 anos inicialmente previsto. Segundo Tumlin, tudo tem funcionado bem até agora, mas não se deve esquecer que as disquetes são suportes magnéticos e, como tal, não têm a capacidade de salvaguardar a informação para sempre.
De facto, o próprio Tumlin reconhece que este é o maior risco que a instituição que dirige enfrenta:
É uma questão de gestão do risco. Atualmente, o sistema funciona bem, mas sabemos que, a cada ano que passa, o risco de degradação dos dados armazenados nas disquetes aumenta e, a dada altura, haverá uma falha catastrófica.
É surpreendente que o diretor da Agência Municipal de Transportes de São Francisco fale de uma “falha catastrófica” na gestão de um meio de transporte tão importante com pouca ou nenhuma preocupação.
Disquetes: tecnologia dos anos 80 sobre carris
Esperemos que a sua aparente tranquilidade se baseie no facto de que, se tal incidente ocorresse, os danos limitar-se-iam ao sistema informático e não afetariam seriamente os utilizadores dos comboios. Em todo o caso, Tumlin confirmou que a atualização tecnológica demorará uma década e custará centenas de milhões de dólares.
O nosso objetivo final é desenvolver um sistema único de controlo dos comboios para toda a infraestrutura. Será capaz de monitorizar o movimento dos comboios e as suas operações em toda a cidade muito mais facilmente com a ajuda de um piloto automático.
Concluiu o diretor da Agência Municipal de Transportes de São Francisco
Desejamos apenas que nunca ocorra a dita tragédia e que a tecnologia lançada nos anos 80 nunca falhe!