Pplware

Análise: (Xiaomi) Redmi 7, cada vez mais próximo da série Note?

A escolha de um smartphone é cada vez mais difícil. O orçamento disponível é um dos fatores mais relevantes, é verdade, mas por vezes “ganha” a vontade de ter algo superior. A Redmi, agora uma marca subsidiária da Xiaomi, é um dos casos onde a escolha se está a tornar mais difícil, e o Redmi 7 vem complicar… ou será que não?

De facto, a diferença no tamanho de ecrã do Redmi 7 para o Redmi Note 7 é de apenas 0,04″, uma diferença irrelevante. E o resto, também será irrelevante? Conheça o Redmi 7 em pormenor, uma das melhores opções nesta gama de preços.


Desde sempre que a gama Redmi foi a que mais vendeu nos smartphones Xiaomi, principalmente da série Note. Smartphones com preço competitivo face às especificações, e na faixa dos 200€, o valor mais equilibrado para investir num smartphone. Mas o Redmi 7 surge muito abaixo disso.

O Redmi 7 é um smartphone que se pode considerar como entrada de gama, a todos os níveis. Nesse sentido, tem um preço a começar em cerca de 130€, materiais de construção modestos e ecrã de resolução 720p. As câmaras cumprem o básico das necessidades, não tem Wi-Fi ac e (infelizmente) ainda traz a já antiquada interface microUSB.

Sejamos razoáveis, são cerca de 60€ a menos da série Note e, por isso, a exigência é naturalmente diferente. Mas é verdade, está mais próximo da série Note.

 

Com um ecrã deste tamanho, ainda faz sentido existir a série Note da Xiaomi?

O Redmi 7 surge cerca de 2 meses depois do Redmi Note 7 e, na verdade, o design é mesmo muito semelhante. Ambos com a versão Global disponível, o Redmi 7 apresenta um ecrã de 6,26″ contra as 6,3″ do Redmi Note 7. É uma diferença insignificante e é aqui que se perde o conceito Note, a tal classe de “phablet”.

A Samsung foi, provavelmente, a primeira marca a apresentar o conceito de “phablet”. O lançamento do primeiro Galaxy Note foi então em 2012 e o ecrã tinha uma diagonal com umas estonteantes 5,3″. Assim, surgiram muitos outros fabricantes a apresentarem modelos Note, com tamanho de ecrã acima do normal, e a Xiaomi foi uma delas.

A tendência atual tem sido, inegavelmente, o maior aproveitamento da área frontal para o ecrã. A questão é que nem mesmo a série “não-Note” se está a conter no tamanho e os conceitos acabam por se misturar. “Note” agora significa melhores especificações que o “não-Note”. O tamanho fica de parte.

 

Características gerais do Xiaomi Redmi 7

O Redmi 7 é um smartphone com grande aproveitamento da área frontal para o ecrã, na ordem os 82%. Além disso, tem um entalhe no topo, em forma de gota, tal como o Redmi Note 7. É um “notch” com uma dimensão muito mais comedida, comparando com outros modelos.

Como já referido, o ecrã tem uma diagonal de 6,26″ (exatamente igual ao Mi 8 Lite) e tem tecnologia IPS. A resolução é HD+, com 720 x 1520 píxeis e densidade de 269 ppp, o que não é necessariamente mau.

O SoC é o Qualcomm Snapdragon 632, presente em smartphones como o Honor 8C, Asus Zenfone Max, Moto G7 e no novo Redmi Y3. O CPU é octa-core a 1,8 GHz e o GPU é o Adreno 506, o mesmo existente no popular Snapdragon 625. E vale a pena relembrar que esse Snapdragon 625 equipou smartphones com o Mi A1, Redmi Note 5, Mi Max 2, Moto G5 Plus e até o Huawei Nova.

A câmara dupla traseira tem sensores de 12 MP f/2.2 + 2 MP e suporta vídeo 1080p a 30 e 60 fps. Por fim, a câmara frontal é de 8 MP com abertura f/2.0.

Em termos de ligações tem Wi-Fi b/g/n, bluetooth 4.2, microUSB e tem jack 3.5mm. A bateria é de 4000 mAh, com carregamento rápido de 10W (2A). Tem LED infra-vermelhos para controlo remoto universal, sensor de impressões digitais na traseira, rádio FM e é dos poucos a suportar GPS GALILEO (o sistema de GPS Europeu).

Por fim, na caixa está incluída uma capa de silicone preta transparente, o carregador e respetivo cabo e o clip para o slot dos cartões.

 

Construção e design

O Redmi 7 é um smartphone de entrada de gama e, como tal, a estrutura é feita em plástico. No entanto, no geral, os acabamentos são bons. A traseira é também em plástico, com um acabamento brilhante que o benificia bastante no aspeto, mas tem um toque ligeiramente oco, devido ao material de que é feita.

É confortável de utilizar. Os frisos são então boleados e a traseira é ergonómica. O vidro tem acabamento 2.5D é separado da estrutura por um pequeno friso de plástico, que protege o vidro em caso de queda. É referido como sendo “splash resistant”, portanto, tolera salpicos de água.

Quanto às dimensões, tem 158,7 x 75,6 x 8,5 mm e pesa 180g, valores muito próximos do Redmi Note 7. A largura da moldura em torno do ecrã está bem conseguida, com um bom aproveitamento do espaço para o ecrã.

O entalhe, ou notch, é em forma de semicírculo e só alberga a câmara frontal. O altifalante está assim num pequeno corte na zona superior e os sensores estão ao lado. O LED de notificações, à semelhança do que acontece com o Redmi Note 7, é pequeno e encontra-se na zona inferior. Também aqui, estranhamente, não existe uma simetria e em vez de estar ao centro, está um pouco mais à direita.

Na lateral esquerda a marca colocou o slot de cartões completo (não híbrido). Dessa forma, é possível utilizar dois cartões nanoSIM simultaneamente com um cartão microSD para armazenamento.

Em baixo existe a grelha para o microfone e altifalante e ainda a porta microUSB. E por falar nesta porta, faço já o apontamento: este tipo de porta USB é naturalmente um ponto de descontentamento já que, a esta altura, está praticamente em desuso. À direita foram colocados os botões de volume e power e, em cima, o microfone secundário e o LED emissor infravermelhos.

Na traseira existe a câmara dupla no canto superior esquerdo, com o flash LED abaixo. O sensor de impressões digitais, que funciona de forma muito eficiente, está colocado no centro em cima.

Resumidamente, trata-se de um modelo muito fiel ao que é o Redmi Note 7. No entanto, seria de esperar que o seu tamanho fosse bem mais pequeno do que é, de forma a não se confundir com um modelo Note. Assim, no fundo, este acaba por ser um modelo semelhante em tamanho e aspeto, apresentando apenas características inferiores.

 

Ecrã

O ecrã do Redmi 7 tem uma diagonal de 6,26″ com resolução HD+ e com um rácio de 19:9. Como já referido, é um smartphone de entrada de gama e, no caso do ecrã, a resolução é de 720 x 1520 píxeis. Não é FullHD mas isso também não é, definitivamente, um problema, já que tudo é mostrado com nitidez suficiente.

A reprodução de cores também é, naturalmente, inferior às gamas acima, onde a saturação parece ficar um pouco aquém. Contudo, o brilho tem uma intensidade máxima boa, suficiente para uma utilização sem problemas com incidência direta de luz solar.

 

Desempenho

O desempenho do Redmi 7 fica a cargo do processador Snapdragon 632, com um CPU octa-core 8×1,8GHz. A GPU é Adreno 506 e está disponível com 2 ou 3 GB de RAM e 16, 32 ou 64 GB de armazenamento (versões Globais). Existe ainda uma versão de 4/64GB mas está apenas disponível na versão chinesa.

O Snapdragon 632 é um SoC recente, uma evolução do Snapdragon 625 mas que foi lançado para a gama baixa. Tem, por isso, um desempenho semelhante à gama média antiga, comparando ao bem conhecido Snapdragon 625, que foi tão popular em smartphones como o Mi A1. Resumidamente, tem um desempenho muito compentente considerando a gama e o preço.

De uma forma geral, o comportamento é satisfatório e as tarefas são executadas sem dificuldades. Não houve então a registar nenhum problema de desempenho ao longo do período de análise. O sensor de impressões digitais é rápido e preciso.

Eis os resultados de alguns testes de benchmark:

A reprodução de som é boa, sem ruídos nem agudos estridentes, superior ao que estamos habituados nesta gama. Em navegação GPS, através de apps como o Google Maps e Waze, o comportamento foi o esperado. Em chamadas de voz, a qualidade é boa e o altifalante tem volume adequado.

 

Câmaras

A câmara dupla continua a ser bem aproveitada pela Xiaomi. Nesse sentido, é de louvar a qualidade que chega aos smartphones de entrada de gama desta marca, que embora sejam bem distintos das gamas superiores, são sem dúvida superiores à concorrência direta.

Quanto às especificações, a câmara traseira tem assim sensores de 12 MP + 2 MP (sensor profundidade), com abertura f/2.2 na câmara principal. Dessa forma, o sensor de 2 MP serve então para ajudar a criar o efeito de fundo desfocado. Inclui um flash LED, tem opção HDR e suporta gravação de vídeo 1080p @ 30/60fps.

A câmara frontal é de 8 MP (f/2.0) com HDR e com gravação de vídeo, no máximo, a 1080p a 30fps.

As fotos originais e alguns exemplos de vídeo (câmara frontal, traseira e slow-motion) podem ser vistos neste ficheiro zip [261 MB].

 

Autonomia

A bateria do Redmi 7 é de 4000 mAh, uma capacidade muito grande para que pese apenas 180g. E melhor que isso, é uma capacidade que faz jus à autonomia, mesmo!

Nesse sentido, atinge sem problemas 2 dias de utilização para um tipo de utilização moderada/alta. Portanto, em dias em que a utilização (a minha utilização) não foi muito intensa, consegue chegar ao terceiro dia.

Dessa forma, conseguiu atingir um record de 15h24m, no benchmark PCMark Work 2.0 battery life, com luminosidade a 50%. É um valor nunca antes atingido nas nossas análises, mesmo comparando ao Huawei P30 Pro que detinha até então o primeiro lugar deste ranking (14h25m).

Foi assim conseguida uma excelente marca na autonomia, para um dispositivo de entrada de gama com desempenho bom. “Well done, Xiaomi!”.

Quanto à velocidade de carregamento, tem apenas carregamento com potência máxima de 10W. Isso faz com que precise de quase 1h para atingir os 50% de carga e 1h40m para atingir 90%. Mais uma vez, estamos perante uma entrada de gama, é perfeitamente aceitável.

 

Veredicto

Atualmente, quem procura um smartphone por pouco dinheiro, está sempre à procura do melhor pelo preço mais baixo. A concorrência é apertada, não há dúvida, mas a Xiaomi é perita em dificultar a vida aos outros fabricantes.

Assim, em suma, e para não “destoar” do que tem acontecido, o Redmi 7 é de facto uma das melhores escolhas para um orçamento de menos de 140€. A grande semelhança de tamanho com o Redmi Note 7 é algo que fica por compreender, mas claramente que, neste momento, a preferência do público é um tamanho de ecrã na ordem das 6″.

A qualidade de construção e o tipo de materiais medianos que são utilizados, de facto não impressionam. Além disso, torna-se evidente que a capa traseira brilhante (de plástico) se riscará com bastante facilidade. O ecrã é agradável, aproveita muito bem a área frontal, tem boa definição mas, como referido, peca um pouco no equilíbrio das cores.

O desempenho do Snapdragon 632 é bom e aliado à grande bateria de 4000 mAh e um ecrã económico, a autonomia conseguida é fenomenal. Afinal, estamos perante o melhor resultado de sempre em termos de autonomia!

Finalmente, a câmara é competente e consegue resultados muito interessantes, dignos de serem comparados com a gama média. O detalhe do efeito de fundo desfocado está ao nível dos melhores e a captação em ambientes de pouca luz é aceitável.

O Redmi 7 está disponível por cerca de 150€ na versão Global de 3+64GB, nas cores preto e azul cometa.

Xiaomi Redmi 7

Exit mobile version