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Compraram um poço de gás para minerar Bitcoin. Como assim?

À primeira vista uma coisa nada tem a ver com a outra. Mas vendo bem, tem tudo para dar certo. A não ser os problemas com a população local. No entanto, há quem esteja interessado em usar o gás natural para minerar Bitcoin.


Os habitantes do Condado de Elk, no coração da Pensilvânia, nem queriam acreditar que iam voltar a mexer nos poços de gás natural. Mais ainda quando esse gás será para alimentar a mineração de Bitcoin. A verdade é que esta história e exemplo está a chamar à atenção de muitas comunidades de várias partes do mundo.

 

O gás dá prejuízo, o bitcoin não?

A confusão instalou-se com os vizinhos do condado de Elk. Uma povoação de 31.000 pessoas de repente viu-se com um problema em mãos. A razão prende-se com os quatro poços de gás natural localizados em Longhorn Pad C, uma plataforma instalada perto de um cemitério e uma igreja metodista. O campo foi aberto em 2011, mas depois de ficar adormecido durante anos foi comprado por uma empresa que quer utilizar os poços para o que resta da sua vida.

É aí que está o problema. A utilização destes poços para extrair o gás causa incómodos quer na população, quer nos reguladores que têm de monitorizar as instalações.

A Diversified Production está a utilizar esses poços para um fim pouco ortodoxo: alavancar para a mineração de moedas criptográficas. Para o conseguir, instalou uma infraestrutura barulhenta que já gerou um punhado de queixas dos residentes. Não só isso. A empresa solicitou as licenças exigidas pelos regulamentos, mas ainda não as recebeu.

 

Mas para que seve o gás na produção de criptomoedas?

A plataforma é propriedade da Diversified Energy Company, empresa-mãe da Diversified Production, que solicitou autorização para instalar motores e um gerador para mineração de moeda criptográfica. O objetivo é utilizar a maquinaria no que é conhecido como “wellhead mining” (em português será extração de cabeça de poço), permitindo que um centro de dados de moedas criptográficas seja alimentado por energia de um campo de petróleo ou gás.

Na verdade, esta não é um inovação. No início de 2022, a ConocoPhillips revelou um projeto-piloto no Bakken, Dakota do Norte, que procurava aproveitar o gás que gera durante a extração de petróleo para a moeda criptográfica. A iniciativa é simples e a sua filosofia subjacente não é muito diferente da do projeto Elk: utilizar o gás, um subproduto que não é rentável de vender e que acabaria por ser queimado, para a extração de Bitcoin.

Aliás, os “subprodutos” ou elementos que geram algum tipo de energia, como os vulcões, estão noutras partes do mundo a servir para minerar criptomoedas, usando a energia geotérmica.

A Giga Energy Solutions também faz isso, utiliza gás de campos petrolíferos do Texas para alimentar os poderosos computadores utilizados na mineração de moedas criptográficas.

Este projeto ameaça impedir o progresso em direção às metas climáticas, incluindo o objetivo de reduzir a emissão de gases de efeito estufa da comunidade em 26% abaixo dos níveis de 2005 até 2025.

 

Há um interesse global neste tipo de aproveitamento

É um facto que este assunto tem sido seguido com atenção noutros pontos do globo. O método tem tudo para dar certo. E o que não faltam são outras infraestruturas em “fim de vida” que podem ser ainda muito proveitosas. Ainda mais porque dizem ser uma forma de minerar com menor pegada ambiental.

Segundo a Diversified Energy Company, o objetivo também é melhorar a gestão de poços de petróleo e gás natural, desde a aquisição até à reforma. Claro, há vozes dissonantes. Alguns alertam para o risco de que a empresa possa não ser capaz de se dar ao luxo de tapar os poços após a sua vida útil e isso ser muito prejudicial para o ambiente.

A ideia a seguir é muitas vezes reativar infraestruturas sem viabilidade para o negócio inicial, alimentando o negócio das criptomoedas, tendo em conta o grande consumo de energia necessários nas grandes quintas de mineração.

Nas mineração das criptomoedas nada se perde, nada se cria, tudo se transforma?

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