Ao analisar os dados compilados pelo já reformado telescópio espacial Kepler, da NASA, os astrónomos descobriram a existência de um sistema de sete planetas, maiores do que a Terra, mas menores do que Neptuno. A este sistema os cientistas chamaram Kepler-385. A descoberta marca um dos poucos sistemas planetários encontrados que tem mais de seis planetas verificados ou candidatos a planetas.
A descoberta do Kepler-385 é excitante porque se insere num nicho muito pequeno dentro dos sistemas que descobrimos até agora. E, porque o telescópio espacial Kepler da NASA, agora reformado, o descobriu, prova que mesmo os dados mais antigos têm mais informação a revelar se os analisarmos retrospetivamente.
O recém-descoberto Kepler-385 inclui uma estrela semelhante ao Sol no seu centro, que é 10% maior e 5% mais quente do que a estrela do nosso próprio sistema solar. Ambos os planetas interiores são maiores do que a Terra, e os cientistas estimam que são ambos rochosos e podem até ter atmosferas finas, que se calcula serem duas vezes maiores do que a da Terra.
Os dois planetas interiores também deverão estar envoltos em atmosferas espessas, diz a NASA. A capacidade dos dados para descrever as propriedades dos planetas encontrados no Kepler-385 é um testemunho da qualidade do mais recente catálogo de exoplanetas que o Kepler descobriu. A descoberta deste sistema só foi possível graças à informação exata que os catálogos finais do Kepler produziram.
A descoberta do Kepler-385 também revelou que os planetas tendem a ter órbitas mais circulares – semelhantes às do nosso sistema solar – quando há mais de dois planetas a orbitar uma estrela. Embora as observações primárias do Kepler tenham terminado em 2013, a NASA continuou a perscrutar o universo com uma missão alargada, conhecida como K2, que chegou ao fim em 2018. Agora, os dados recolhidos pelo Kepler continuam a revelar mais informações sobre o nosso universo, incluindo a existência deste raro sistema planetário.
Não só nos dá uma melhor visão do número de mundos que existem para além da nossa pequena fatia do cosmos, como também nos dá uma imagem mais pormenorizada do aspeto desses planetas e dos seus sistemas planetários, o que é excecionalmente excitante. A NASA também criou uma sonificação de dados do sistema planetário, que incluímos acima. É de facto muito agradável de ouvir, especialmente depois de ouvir o som de um buraco negro.
O Telescópio Espacial Kepler era um observatório espacial projetado pela NASA que procurou por planetas com características habitáveis fora do Sistema Solar durante nove anos e meio. Para esta finalidade, a sonda observou as 100.000 estrelas mais brilhantes do céu, de modo a detetar alguma ocultação periódica de uma estrela por um dos seus planetas.
Ao todo, Kepler foi responsável pela descoberta de 2.720 exoplanetas. Em 30 de outubro de 2018, a NASA anunciou a reforma da sonda devido ao esgotamento do seu sistema de controlo de reação, e a missão foi considerada encerrada.