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Será possível transformar um vulcão numa central elétrica?

O mundo tem acompanhado com atenção o que se passa na ilha espanhola de La Palma onde um vulcão furioso já cobriu 212 hectares de terreno e atingiu cerca de 500 edifícios, segundo dados do sistema de europeu de satélites Copernicus. Esta força da natureza, contudo, poderá ser utilizada, em vários casos, numa central de produção de energia.

Há países com vulcões de atividade baixa ou moderada que podem ser usados para produzir energia geotérmica até um gigawatt de energia.


O cenário é cada vez mais dantesco na ilha espanhola de La Palma. Dados deste fim de semana do Copernicus, que acompanha a evolução da erupção desde o início, revelam que a lava expelida pelo vulcão afetou mais de 17 quilómetros de estradas, que estão praticamente destruídas, assim como 461 edifício dos mais de 496 que foram atingidos.

A lava continua a correr em direção ao mar, a uma velocidade entre 250 a 300 metros por hora. Este poderá não ser um exemplo de um vulcão onde se pode tirar proveito da sua poderosa força, mas há muitos que estão indicados para serem autenticas centrais de produção de energia.

 

Como transformar um vulcão numa central elétrica

A Etiópia é um dos países mais vulcânicos da Terra, graças ao Grande Vale do Rift da África, que atravessa o seu coração. No país, existem mais de 60 vulcões conhecidos. Muitos sofreram erupções colossais no passado, deixando enormes crateras que pontilharam a sua superfície.

Alguns vulcões ainda hoje estão ativos. As imagens mostram piscinas de lama borbulhante, fontes termais e dezenas de aberturas de fumo. Este vapor tem sido usado pelos locais para banho e lazer. Contudo, por baixo existe uma oportunidade muito maior.

A atividade de superfície sugere fluidos extremamente quentes nas profundezas, talvez até 300 °C a 400 °C.

Quer isto dizer que se estes locais forem perfurados, poderá ser possível chegar a este vapor de alta temperatura, que poderia alimentar grandes turbinas e produzir enormes quantidades de energia. Isso é muito importante num país onde 77% da população não tem acesso à eletricidade, um dos níveis mais baixos da África.

A energia geotérmica tornou-se uma alternativa renovável graças a estudos geofísicos que sugerem que alguns vulcões poderiam produzir um gigawatt de energia. Isso equivale a vários milhões de painéis solares ou 500 turbinas eólicas cada. O recurso total não explorado é estimado em cerca de 10 GW.

 

Energia geotérmica através dos vulcões é limpa e “infinita”

A conversão desta energia em eletricidade seria baseada no projeto-piloto geotérmico iniciado há cerca de 20 anos no vulcão Aluto. A sua infraestrutura está a ser melhorada para multiplicar por dez a produção, de 7 MW para 70 MW.

O principal problema é que, ao contrário de outras partes do mundo, muito pouco se sabe sobre os vulcões da Etiópia. No entanto, o Aluto foi estudado e os resultados são muito interessantes. Graças a uma técnica de radar por satélite, descobriu-se que a superfície do vulcão insuflou e desinsuflou.

A melhor analogia é a respiração: encontramos “inalações” repentinas que insuflam a superfície durante alguns meses, seguidas por “exalações” graduais que causam um afundar lento ao longo de muitos anos.

A monitorização da temperatura das aberturas do vulcão durante anos mostrou que a maioria estava bastante estável. Portanto, este tipo de vulcões podem ser bons candidatos do ponto de vista geotérmico.

Esta é uma das primeiras vezes que um recurso geotérmico é estudado a partir do espaço com resultados práticos de utilização. Os dados de satélite representam uma forma barata e sem riscos de avaliar o potencial geotérmico.

Com vulcões semelhantes espalhados por países como Quénia, Tanzânia e Uganda, a técnica poderia tornar possível descobrir e controlar novos recursos geotérmicos inexplorados no Vale do Rift, bem como em todo o mundo.

Aliás, há outros pontos vulcânicos a serem potenciados, como recentemente vimos no caso de El Salvador que quer usar os vulcões para minerar legalmente Bitcoins.

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