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Sequência do novo coronavírus resulta numa música “encantadora”

Estamos ainda a viver a pandemia que começou em março e foi provocada pelo novo coronavírus. Aliás, uma vez que o vírus já nos acompanha há tanto tempo, começam a ser estudadas e testadas coisas que não viriam à nossa cabeça num contexto normal.

Contrariamente aos estudos feitos sobre o tempo de vida na pele, nas superfícies, ou noutro ambiente qualquer, um professor publicou uma investigação que dá (literalmente) música ao novo coronavírus.


Novo coronavírus é musicalmente encantador

Para surpresa de Mark Temple, biologista molecular na Western Sydney University, a leitura musical do genoma do vírus que tem sido um pesadelo para o mundo, é, na verdade, encantadora. Aliás, a música que retira do novo coronavírus pode até ser utilizada para revelar as propriedades funcionais do genoma do vírus, como referiu num artigo publicado na BMC Bioinformatics.

De acordo com Mark Temple, existe uma margem de visão que une a ciência e a música, tendo esta última estado sempre na sua vida, a par da biologia molecular. Antes de seguir para o seu segundo álbum, o biologista molecular já havia gerado um áudio a partir de uma sequência de ADN humano. Desta vez, pegou no vírus do momento.

https://twitter.com/Sonifyed/status/1313097669116678146?ref_src=twsrc%5Etfw%7Ctwcamp%5Etweetembed%7Ctwterm%5E1313097669116678146%7Ctwgr%5Eshare_3%2Ccontainerclick_0&ref_url=https%3A%2F%2Ftheconversation.com%2Fa-viral-hit-the-sequence-of-coronavirus-makes-surprisingly-lovely-music-147905

Não se esperava que um vírus que tem trazido tanto desassossego pudesse ser maestro de uma música que enche os ouvidos. Conforme explica o biologista molecular, os genes do novo coronavírus são como capítulos de um livro biológico. Ou seja, contêm toda a informação que descreve o vírus e a forma como ele pode funcionar. Ademais, esses termos são feitos de sequências de letras químicas que os cientistas designam por G, A, u e C.

No caso, o livro biológico do novo coronavírus possui mais de 30 mil caracteres. Aliás, alguns deles juntam-se, de modo a formar uma sequência de RNA que corresponde a um aminoácido específico.

Como e para quê gerar música a partir do genoma do vírus?

Uma vez a explorar a possibilidade de musicalizar elementos, Mark percebeu que conseguia atribuir notas às sequências, a fim de gerar áudio. Assim, criou uma ferramenta online que lhe permite ouvir o som do novo coronavírus. Ou seja, consegue perceber duas coisas, normalmente concretizadas pelos genomas: traduzir, onde o vírus produz novas proteínas, e transcrever, onde o genoma do vírus se copia a si próprio.

Na música há várias coisas que se podem (supostamente) ouvir. São elas o início e o fim dos genes, as regiões entre os genes e as partes do genoma do vírus que controlam a forma como os genes são emitidos.

Não pretendo banalizar a pandemia, pensando no novo coronavírus em termos musicais. [Mas] agora que terminei a parte da investigação científica deste projeto, e ouço o genoma do vírus com ouvidos frescos e da perspetiva de um músico, fico surpreso com o quão musical isso soa.

Revelou Mark Temple.

Como ferramenta de investigação, o áudio do genoma do vírus ajuda a complementar alguns dos muitos ecrãs visuais que existem para representar as informações. Ou seja, auxilia os cientistas a compreenderem ainda mais o vírus e o seu funcionamento.

A fusão da música com a ciência

Por ver tanto potencial no áudio que produziu, Mark Temple decidiu trabalhar com outros músicos. Dessa forma, poderia domar a sequência, tornando-a musicalmente melhor. Assim, misturaram o áudio gerado pelo genoma do vírus com guitarras e uma bateria e o resultado foi “adorável”.

O áudio do novo coronavírus é pulsante e incessante […] O resultado soa mais musical do que eu pensava […] Ainda ouço genes e outras características do novo coronavírus, mas a música vence no estúdio.

Disse Mark.

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