Pplware

Sabia que é possível não ter impressões digitais?

Se há coisa que nos caracteriza enquanto seres humanos únicos, é o nosso ADN. Aliás, tal como este que é único, também as nossas impressões digitais não se repetem em mais ninguém do mundo e são intransmissíveis.

Por obra do ADN, Apu Sarker e a sua família não possuem impressões digitais em nenhum dos seus dedos. Estranho, não é? Perceba por quê!


Doença rara presente em poucas famílias

Do norte de Bangladesh, numa aldeia do distrito de Rajshahi, surge a história de Apu Sarker. Um jovem de 22 anos, médico assistente e descendente de agricultores. Tudo parece normal, até que sabemos que a família de Apu possui uma condição que “apaga” as impressões digitais, fruto de uma mutação genética.

Aliás, esta condição é de tal forma rara que apenas um ínfimo número de famílias no mundo está registado sem impressões digitais.

Acho que ele nunca pensou nisso como um problema.

Disse Apu Sarker sobre o tempo do avô.

Viver o mundo moderno sem impressões digitais

Se na altura não era um problema, hoje em dia, pode representar um entrave. Isto, porque as quase impercetíveis ranhuras que possuímos nas pontas dos dedos, os dermatóglifos, tornaram-se num dos dados pessoais mais recolhidos no mundo inteiro.

Em 2008, Bangladesh introduziu os cartões nacionais de identificação para todos os adultos. Uma vez que a base de dados requeria uma impressão digital, demorou algum tempo até Amal, o pai de Apu, receber o seu cartão com a informação “No fingerprint” (sem impressão digital, em português).

Dois anos mais tarde, as impressões digitais tornaram-se obrigatórias em documentos como a carta de condução e passaportes. Apesar das várias tentativas, Amal conseguiu obter um passaporte. Apesar disso, tem medo dos problemas que pode encontrar em eventuais viagens e, por isso, não o faz.

Por outro lado, apesar de a mota ser uma ferramenta essencial para o seu dia-a-dia, nunca conseguiu a emissão da carta de condução, mesmo depois de pagar a taxa e passar no exame. Então, leva sempre consigo o recibo do pagamento, de modo a comprovar que está apto.

Esta é sempre uma experiência embaraçosa para mim.

Disse Amal.

No caso dos telemóveis, todos os cartões masculinos da família estão em nome da mãe de Apu, porque era necessária a impressão digital para formalizar a compra de um cartão.

Além destes, surgem outros problemas quando é necessária uma autenticação de identidade através de impressão digital.

Estudo da ausência de impressões digitais

A rara condição que atinge as gerações da família de Apu poderá chamar-se Adermatoglifia que se tornou conhecida em 2007, quando uma mulher tentava entrar nos EUA. Apesar da fotografia do passaporte corresponder, os funcionários da alfandega não conseguiam registar quaisquer impressões digitais.

Isto, porque, de facto, ela não as possuía.

Perante esta situação, a mulher contactou um dermatologista suíço chamado Peter Itin. Após realizar vários exames, Peter encontrou, além da mulher, oito outros membros da sua família sem impressões digitais.

Comparando os membros da família com e outros sem impressões digitais, o dermatologista e uma equipa, que, entretanto, reuniu identificaram um gene. Então, o SMARCAD1 foi mutado nos 9 membros da família sem impressões digitais, como causa da doença rara.

Aparentemente, a mutação não implica nada, além da ausência das impressões digitas e, na altura, havia muito pouca informação sobre o assunto. Além do nome científico, Peter Itin deu-lhe o nome de doença do atraso da imigração, remetendo ao primeiro caso da condição que conheceu.

O caso da família de Apu foi diagnosticado por um médico do Bangladesh como queratodermia, mas, para Itin, este poderá ser um estado secundário da Adermatoglifia. No entanto, seriam necessários mais testes para o comprovar.

Agora, Apu e Amal já possuem um novo cartão nacional de identidade que recorre a um reconhecimento facial e da retina. Isto, só depois de apresentar ao governo um certificado médico.

Conforme desabafa Apu, devia haver uma alternativa ao reconhecimento através da impressão digital, porque, apesar de não ser uma realidade conhecida, existe quem não a consiga garantir e tenha problemas por causa disso.

Exit mobile version