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Rover Opportunity morreu, mas deixou 15 anos de descobertas em Marte

Não foi fácil para os investigadores da NASA aceitar que o Rover Opportunity morreu. Depois de 15 anos de descobrimentos em Marte, tudo termina com “Descansa em paz, Opportunity (2004-2018). Eternas saudades do planeta Terra.”

Foram mais de mil tentativas que os responsáveis fizeram para “ressuscitar” o robô. Por fim, na quarta-feita, a agência espacial norte-americana declarou oficialmente o fim da missão. No entanto, o que nos mostrou este engenho humano no planeta vermelho?

 


Rover Opportunity para descobrir Marte

O MER-B (Opportunity) foi o segundo de dois veículos exploradores geológicos da NASA, que aterraram em Marte em 2004.

Lançado no dia 7 de julho de 2003, o Opportunity pousou em Marte no dia 25 de janeiro de 2004 no Meridiani Planum. Eram 05:05 (horário da Terra) e 13:15 (horário de Marte). Esta sonda chegou ao planeta três semanas depois da sonda Spirit (MER-A), que também faz parte da missão da NASA para Veículos Exploradores de Marte.

Enquanto o Spirit ficou imóvel em 2009 e encerrou as suas comunicações em 2010, o Opportunity permaneceu ativo por mais de 15 anos.

 

Missão mais que sucedida

A NASA referiu várias vezes que o Opportunity excedeu largamente as expectativas. Quando estava previsto que a sua missão durasse apenas 90 dias, o veículo acabou por percorrer as areias do planeta vermelho durante 5.111 dias marcianos, 15 anos no calendário terráqueo.

Agora, a NASA anunciou que a sonda está, infelizmente, morta.

Fizemos todos os esforços razoáveis de engenharia para tentar recuperar o robô Opportunity e determinamos que a probabilidade de receber um sinal é muito baixa para continuar os esforços de recuperação.

Referiu à imprensa John Callas, responsável do projeto Mars Exploration Rover da NASA.

 

O que “matou” a sonda?

Segundo as informações que foram veiculadas, na causa desta perda de comunicações poderá ter estado uma tempestade de areia. No dia 10 de junho a comunicação com a Terra foi interrompida e o Rover esteve desaparecido durante 107 dias.

Depois de muitas tentativas, vários exercícios de equacionar onde poderia estar, o veículo foi encontrado. Este estava no chamado Vale da Perseverança, coberto de pó, o que bloqueou a entrada de luz solar nos seus painéis. Desta forma, sem energia solar, o Opportunity congelou, mas a NASA não perdeu a esperança de o recuperar. “Estamos a torcer por ti!”, escreveu no Twitter.

 

Legado para a Humanidade

A NASA obteve um resultado que superou largamente as expectativas. Tanto o Opportunity como o Spirit fizeram algumas descobertas impressionantes, incluindo a presença de gesso formado a partir de água rica em minerais e de hematita, que sugerem que o planeta tinha um passado mais húmido, com líquido na superfície.

O engenho humano viajou mais de 45 quilómetros e existe referência a cada detalhe descoberto. Para termos uma ideia mais clara, foi colocado o mapa de Nova York para permitir uma melhor perspetiva:

Inegavelmente ficam no registo vários acontecimentos que mostram como um dia veremos nós Marte. Acima de tudo, a sonda mostrou-nos várias realidades que desconhecíamos. Por exemplo, vimos uma versão marciana de um eclipse solar, quando as luas Deimos e Phobos atravessavam o sol:

Aqui está Phobos em trânsito em 20 de setembro de 2012

As imagens iam dando conta de aspetos geofísicos, mas não só. Conforme se deslocava, íamos aprendendo com as suas marcas, deixadas no solo do planeta. Além disso, vimos imagens que nos deixaram intrigados, quantas vezes foi questionado se o que estávamos a ver era de ação natural ou extraterrestre?

As marcas deixam bem claro o seu trabalho. Pelo caminho, o veículo do tamanho de um carrinho de golfe com seis rodas, também sofreu vários sustos. Por vezes ficou preso em obstáculos, como aconteceu numa duna e até enfrentou tempestades de areia. Mas conseguiu sempre seguir em frente. Vejam aqui um trabalho muito interessante do NY Times.

 

A conquista de Marte continua

Atualmente a NASA tem no solo marciano dois robôs em atividade: o Curiosity, a explorar o planeta há mais de seis anos, e o recém-chegado InSight, desde novembro de 2018.

No próximo ano, a NASA irá lançar, em julho de 2020, uma outra sonda, a Mars 2020, que tem como missão procurar sinais de vida microbiana passada no planeta.

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