Pplware

Reino Unido aprova um medicamento que pode atrasar os sintomas da doença de Alzheimer

Medicamento para a doença de Alzheimer, que abranda o declínio da memória, recebe luz verde no Reino Unido. Contudo, não estará disponível no Serviço Nacional de Saúde (NHS).


Um medicamento que pode abrandar os sintomas debilitantes da doença de Alzheimer foi aprovado pela Agência Reguladora dos Medicamentos e Produtos de Saúde (MHRA) do Reino Unido.

Numa avaliação dupla pouco habitual por parte das autoridades britânicas, a autoridade reguladora britânica declarou que o medicamento Lecanemab (Leqembi) é suficientemente seguro e eficaz para ser prescrito pelos médicos.

 

Medicamento não estará disponível no serviço público de saúde

Apesar da aprovação, o medicamento não estará disponível no NHS, uma vez que o National Institute for Health and Care Excellence (NICE), outro organismo de controlo do sistema público de saúde, decidiu que não é rentável. Assim sendo, o medicamento para a doença de Alzheimer só estará disponível no setor privado – nos Estados Unidos, o tratamento custa cerca de 23.500 euros por ano.

Embora as autoridades americanas tenham aprovado o medicamento, o regulador médico da União Europeia rejeitou uma autorização por considerar os benefícios demasiado pequenos para justificar os riscos.

Conforme partilhado pela imprensa britânica, um ensaio clínico importante demonstrou que o Lecanemab pode retardar o declínio da memória e da agilidade mental em 27% em doentes com doença de Alzheimer ligeira. Contudo, pode, também, causar inchaço e hemorragia no cérebro de alguns doentes.

O NICE ouviu provas de que retarda a progressão da doença entre quatro e seis meses, mas concluiu que os custos do tratamento, incluindo infusões quinzenais no hospital e monitorização intensiva dos efeitos secundários, combinados com os benefícios relativamente pequenos que proporciona aos doentes, significam que não pode ser considerado um bom valor para o contribuinte.

Este é um domínio novo e emergente da medicina que, sem dúvida, se irá desenvolver rapidamente. No entanto, a realidade é que os benefícios que este primeiro tratamento proporciona são demasiado pequenos para justificar o custo significativo para o NHS.

Trata-se de um tratamento intensivo para os doentes, que implica uma visita ao hospital de duas em duas semanas, com pessoal especializado necessário para os monitorizar para detetar sinais de efeitos secundários graves, para além do custo de aquisição do medicamento.

O nosso comité independente avaliou rigorosamente as provas disponíveis, incluindo o benefício para os prestadores de cuidados, mas o NICE só deve recomendar tratamentos que ofereçam um bom valor para o contribuinte.

Esclareceu Samantha Roberts, diretora-executiva do NICE.

 

Lecanemab é eficaz a retardar efeitos do Alzheimer, mas só a médio prazo

De acordo com os resultados do ensaio clínico publicado há dois anos, o medicamento eliminou do cérebro dos doentes aglomerados de uma proteína chamada amiloide – que se pensa ser uma das principais causas da forma mais comum de demência. De facto, a quantidade de proteína amiloide removida foi tão grande que os doentes não teriam provas suficientes de doença de Alzheimer nos exames cerebrais para poderem participar no ensaio.

O estudo sugere fortemente que o medicamento só começa a ter um efeito clínico quando a amiloide é reduzida a níveis baixos no cérebro. Portanto, os resultados após 12 meses de tratamento sugeriram que o medicamento era ineficaz, mas, após 18 meses, o efeito era significativo.

Na altura, segundo a Sky News, os médicos estavam otimistas quanto à possibilidade de a continuação do tratamento conduzir a resultados ainda melhores.

Exit mobile version