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Proxima d – Astrofísico português lidera equipa que descobriu novo planeta

O que parece ser um minúsculo mundo alienígena acaba de ser encontrado a orbitar a estelar mais próxima do Sistema Solar, a Proxima Centauri. O candidato a exoplaneta, chamado Proxima d, orbita este astro que é uma pequena e fraca estrela anã vermelha a apenas 4,2 anos-luz do Sol.

Surpreendentemente, o exoplaneta tem apenas um quarto da massa da Terra. Isso a torna-o num dos menores exoplanetas já detetados e o menor encontrado pela observação do efeito gravitacional do exoplaneta na sua estrela.


Proxima d foi descoberto pela equipa do Astrofísico português

A descoberta também marca o terceiro exoplaneta encontrado a orbitar a estrela Proxima Centauri e, embora o mundo recém-descoberto não seja habitável, a sua deteção sugere que há toda uma riqueza de exoplanetas fora do alcance das nossas capacidades atuais.

A descoberta mostra que a nossa vizinha estelar mais próxima parece estar repleta de novos mundos interessantes, ao alcance de estudos adicionais e futuras explorações.

Disse o astrofísico João Faria do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço em Portugal.

Conforme temos vindo a falar, até ao momento, cerca de 5.000 exoplanetas (planetas fora do Sistema Solar) foram descobertos e confirmados, e temos deteções de milhares de exoplanetas candidatos.

Aliás, como é sabido existem duas maneiras principais de procurar estes exoplanetas. A técnica mais utilizada é o método de trânsito, no qual um telescópio observa estrelas por longos períodos de tempo para detetar as fracas e regulares quedas de brilho que sinalizam um planeta em órbita passando entre nós e a estrela.

Imagem exemplificativa do método de trânsito

O outro método mais comummente usado é conhecido como método de velocidade radial (ou oscilação). Quando dois corpos, como uma estrela e um planeta, estão gravitacionalmente ligados, um não orbita o outro.

Em vez disso, eles orbitam o seu centro de massa comum; o baricentro do Sistema Solar, por exemplo, fica fora da superfície do Sol.

Isso faz com que a estrela ‘oscile’ levemente no local; por sua vez, isso afeta a luz que chega até nós, causando um deslocamento Doppler. À medida que a estrela se afasta de nós, os comprimentos de onda da sua luz estendem-se ligeiramente; quando se move na nossa direção, comprimem-se.

Os astrónomos podem procurar estes deslocamentos Doppler regulares para inferir a presença de um exoplaneta.

 

São raros os exoplanetas menos massivos que a Terra

Ambos os métodos são bons na deteção de exoplanetas maiores. Um exoplaneta maior bloqueará mais luz da estrela ou produzirá uma oscilação estelar mais pronunciada. Até o momento, apenas 36 exoplanetas dos 32.073 registados no Arquivo de Exoplanetas são menos massivos que a Terra.

Os primeiros indícios do Proxima d surgiram em 2020, quando os astrónomos estavam a usar o instrumento Echelle SPectrograph for Rocky Exoplanets and Stable Spectroscopic Observations (ESPRESSO) no Very Large Telescope do ESO para confirmar outro exoplaneta de Proxima Centauri.

Eles usaram métodos de velocidade radial e confirmaram a existência de Proxima b, um exoplaneta com cerca de 1,2 vezes a massa da Terra, numa órbita de 11,2 dias ao redor da estrela.

Mas havia outro sinal muito mais fraco nos dados. Parecia haver algo a orbitar a estrela num período de cinco dias. O sinal era tão fraco, no entanto, que mais observações foram necessárias para tentar descobrir se era uma influência externa, ou se as flutuações na luz emanavam de processos internos na própria estrela.

A equipa determinou que era, de facto, um exoplaneta; tão pequena que fazia com que a estrela se movesse para frente e para trás a apenas 40 centímetros por segundo. Ser capaz de detetar este movimento tão subtil a 4,2 anos-luz de distância é simplesmente fenomenal.

Depois de obter novas observações, conseguimos confirmar este sinal como um novo candidato a planeta. Fiquei entusiasmado com o desafio de detetar um sinal tão pequeno e, ao fazê-lo, descobrir um exoplaneta tão próximo da Terra.

Disse o astrofísico português.

João Faria, do IA e da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, é coautor de um recente estudo onde demonstra as capacidades do novo espectrógrafo ESPRESSO.

O exoplaneta Proxima d tem pelo menos 0,26 vezes a massa da Terra, orbita a sua estrela uma vez a cada 5,12 dias. Infelizmente, isso significa que está muito perto da estrela para ser hospitaleiro de vida como a conhecemos; mesmo uma anã vermelha fria emitiria muito calor para suportar água líquida na superfície de um exoplaneta tão próximo.

O terceiro planeta que orbita a Proxima Centauri é chamado Proxima c, aproximadamente seis vezes a massa da Terra e numa órbita de 5,2 anos; muito frio para ser habitável. Proxima b é a melhor aposta para habitabilidade, mas não prenda a respiração.

A descoberta sugere que a escassez de exoplanetas menores registados até agora pode ser simplesmente o resultado da nossa incapacidade existente de os detetar de forma confiável – e encontrá-los será simplesmente uma questão de tempo e tecnologia.

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