Não existe, para já, um antídoto que bloqueie ou inverta o envelhecimento e assegure a longevidade. Por sua vez, temos hábitos que poderão, eventualmente, retardá-lo ou torná-lo menos danoso. Agora, um novo estudo procurou perceber como é que há pessoas com 100 anos e, além disso, tão saudáveis.
Desde sempre, ouvimos que, para vivermos mais tempo, devemos adotar uma série de bons hábitos: fazer exercício físico regularmente, ter uma dieta saudável, dormir o suficiente, manter um peso ideal, não fumar, gerir o stress, entre outros.
Contudo, nem todos aqueles que seguem essas diretrizes conseguem manter-se saudáveis, além de que nem todos vivem até aos 100 anos. Então, como é que algumas pessoas chegam, naturalmente, aos 100 anos, mantendo-se saudáveis?
Como é que há pessoas que chegam, de forma irrepreensivelmente saudável, aos 100 anos?
Um novo estudo pode ter uma possível justificação: a resposta pode estar no nosso intestino.
Ao longo dos anos, os estudos têm associado o microbioma intestinal ao humor, à memória, ao peso corporal e às doenças.
Embora estes estudos tenham deixado muita informação sobre a forma como as bactérias intestinais afetam a saúde, os vírus que compõem o microbioma – o viroma intestinal – são menos explorados.
Então, investigadores da Universidade de Copenhaga estudaram o viroma de 176 centenários japoneses saudáveis, com o objetivo de descobrir o que é que os bacteriófagos – os vírus que se alimentam de bactérias – faziam para que estas pessoas mantivessem uma boa saúde numa idade tão avançada.
Os nossos intestinos contêm milhares de milhões de vírus que vivem de e dentro de bactérias e que não querem saber de células humanas; em vez disso, infetam as células bacterianas. E como existem centenas de tipos diferentes de bactérias nos nossos intestinos, também existem muitos vírus bacterianos.
Explicou Simon Rasmussen, um dos autores do estudo, segundo o New Atlas.
Através de um algoritmo próprio, os investigadores mapearam as bactérias intestinais e os bacteriófagos dos centenários japoneses. Em comparação com os adultos com mais de 18 anos e com os adultos com mais de 60 anos, concluíram que os centenários tinham um viroma intestinal mais diversificado e rico, bem como bactérias mais diversas.
Encontrámos uma grande diversidade biológica, tanto em bactérias como em vírus, nos centenários. Uma elevada diversidade microbiana está normalmente associada a um microbioma intestinal saudável. E é expectável que as pessoas com um microbioma intestinal saudável estejam mais protegidas contra as doenças relacionadas com o envelhecimento.
Partilhou Joachim Johansen, autor principal do estudo.
Este acrescentou ainda que, com o estudo, os investigadores perceberam que “se um vírus visita uma bactéria, ele pode realmente fortalecê-la”. Isto, porque, os vírus que encontraram nos centenários japoneses saudáveis continham genes extra que podiam, efetivamente, reforçar as bactérias.
Descobrimos que eram capazes de aumentar a transformação de moléculas específicas nos intestinos, o que pode servir para estabilizar a flora intestinal e contrariar a inflamação.
Os investigadores defendem que as suas conclusões podem ajudar a compreender quais as bactérias e vírus específicos que devemos otimizar para proteger o organismo contra as doenças.
Aliás, acreditam que se descobrirem as bactérias e os vírus que têm um efeito positivo na flora intestinal humana, “o próximo passo óbvio é descobrir se apenas alguns ou todos nós os temos”, de modo a assegurar que todos podemos beneficiar deles.
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