Um doente que sofre da doença de Parkinson afirmou que uma intervenção, realizada pela primeira vez na Escócia, no início deste mês, pôs fim aos seus tremores: “parece um milagre”.
A doença de Parkinson é uma doença degenerativa e lentamente progressiva de áreas específicas do cérebro, caracterizada pelo tremor quando os músculos estão em repouso, aumento da rigidez muscular, lentidão dos movimentos voluntários e dificuldade em manter o equilíbrio. Em muitas pessoas, o pensamento torna-se comprometido ou desenvolve-se demência.
Em 2018, Ian Keir, de 63 anos, foi diagnosticado com Parkinson, após sofrer dois anos de tremores na mão direita e não conseguir realizar as tarefas quotidianas.
No início deste mês, o bombeiro reformado foi submetido a um procedimento inovador não invasivo, na Faculdade de Medicina da Universidade de Dundee, como parte de um ensaio clínico internacional.
Agora, Ian pode escrever e cortar a sua própria comida novamente, tendo o procedimento devolvido alguma da sua independência.
Sinto-me como se fosse um milagre. O meu tremor desapareceu completamente, é como se nunca o tivesse tido. Agora, sou capaz de fazer exatamente o que fazia antes.
Consigo deitar um jarro de água, a minha caligrafia voltou e agora sou capaz de fazer coisas sem pensar nelas antes.
Estava obviamente nervoso, mas a melhoria foi quase imediata.
Testemunhou Ian Keir, após o sucesso da talamotomia.
Esta intervenção por ultra-sons, realizada na Escócia, pela primeira vez, no início deste mês, é um procedimento sem incisão que utiliza ultra-sons orientados de alta intensidade para criar uma lesão numa parte do cérebro conhecida como tálamo. Esta controla os movimentos de uma pessoa.
Segundo reportado pelo Sky News, baseando-se numa tecnologia que não está amplamente disponível, o procedimento foi realizado nos últimos anos num pequeno número de doentes de Parkinson noutros locais e em 60 pessoas na Escócia que sofrem de tremor essencial, uma doença semelhante à doença de Parkinson e frequentemente confundida com esta.
Já testemunhámos o impacto transformador que procedimentos semelhantes têm para os doentes que vivem com tremor essencial, pelo que replicar isso para os doentes de Parkinson – que podem nunca ter sonhado em voltar a ter esse controlo dos seus movimentos – é um enorme privilégio.
Disse Tom Gilbertson, neurologista consultor e professor honorário sénior da Universidade de Dundee, um dos principais centros mundiais de investigação sobre a doença de Parkinson, revelando que este é “um momento marcante” para a medicina escocesa, além de ter um “impacto que muda a vida” dos doentes.
Com tremores “muito inócuos no início”, Ian Keir viu o sintoma agravar-se: “Ao longo dos anos os meus tremores agravaram-se significativamente”.
Foi incrivelmente frustrante… tive de aprender a comer apenas com um garfo. Felizmente, a minha mulher é muito compreensiva e deu-me um grande apoio.
A minha caligrafia era praticamente ilegível, os tremores afetaram a minha mão direita, mas nunca dominei a escrita com a mão esquerda.
Embora eu saiba que isto não é uma cura para a doença de Parkinson, é uma cura para alguns dos meus sintomas. Estou muito grato e só quero aproveitar ao máximo cada dia.
Partilhou Ian.