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Vivemos num Universo Real ou numa simulação?

Nunca pensou que poderá, esta realidade em que vivemos, ser um universo criado por software a correr num supercomputador altamente avançado?

Estas “possibilidades”, agora levantadas, decorrem de um recente artigo da Science Advances sobre a simulação da física quântica. Uma revista dedicada à ciência extrapolou a partir daqui e sugere que, para armazenar informação de poucas centenas de eletrões, era necessário memória de um computador composta com mais átomos do que os que existem no universo – assim, simular o universo é impossível. Será?


Dentro da nossa compreensão atual da realidade física, existem certos problemas quânticos que não podem ser simulados num computador clássico recorrendo a um algoritmo quântico específico, porque exigiria, como referido, uma enormidade de memória.

Mas será que isso significa que não necessitamos de ter receio de sermos apenas avatares controlados por uma máquina?

Pese o facto de ser um assunto um pouco “abstrato” para os padrões da realidade do mundo e, como tal, este assunto parece até ridículo, a verdade é que os autores do estudo, Zohar Ringel, da Universidade Hebraica de Jerusalém (Israel) e Dmitry Kovrizhin, da Universidade de Oxford (Reino Unido) disseram ao portal New Scientist que estão um pouco surpresos com as conclusões que alguma imprensa retirou deste assunto.

Para estes investigadores, perguntar se vivemos numa simulação ou não nem sequer é uma questão científica.

A hipótese de simulação tem vindo a ganhar destaque desde 2002, quando Nick Bostrom, filósofo também da Universidade de Oxford, afirmou que um computador com a massa de um planeta, e capaz de fazer 1042 cálculos por segundo, poderia simular toda a história mental da humanidade usando menos de um milhão do seu poder de processamento por segundo.

As ideias de Bostrom levaram magnatas da tecnologia, como Elon Musk, a teorizar que existe apenas uma hipótese num bilhão que realmente vivemos na realidade. É muito mais provável sermos apenas dados a circular dentro do supercomputador de alguém. A ideia de uma realidade simulada levanta, claro, questões de livre arbítrio e se a humanidade controla ou não o próprio destino.

Mas devemos preocupar-nos com uma questão da qual não temos informações suficientes para responder? Não seria este um tema mais filosófico do que matemático?

Para mim, a questão de ‘estamos a viver numa simulação’, e qualquer resposta a ela, é ridículo. O artigo de Bostrom pressupõe que existe uma participação de uma civilização hiper-avançada na simulação do passado. Normalmente, só olhamos para a frente com computadores. Com toda a probabilidade, os nossos descendentes pós-humanos não se importariam o suficiente para simular uma realidade para nós.

Referiu Marcelo Gleiser, do Dartmouth College (EUA).

Além disso, tentar responder a essas perguntas com base nos nossos conhecimentos e máquinas atuais é arriscado. Os computadores quânticos – se e quando se tornarem verdadeiramente operacionais – podem ser muito mais versáteis do que podemos imaginar neste momento.

Se estivéssemos numa simulação, teríamos pouca ideia de como as leis da física no “mundo real” seriam, se a mecânica quântica governa ou não, e que tipo de computação seria possível fora dos limites da nossa simulação.

Na minha opinião, a questão é muito mais ficção do que ciência.

Conclui Gleiser.

Embora seja um tema que nos leva para um campo da imaginação, de uma realidade da fantasia, a verdade é que não temos como comprovar que vivemos num mundo real e que não fazemos parte de uma teatro simulado por máquinas tão potentes como aquelas que um dia saberemos que irão existir. Apenas há teorias, mas podemos ser apenas personagens de um trabalho do programador.

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