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NASA quer acelerar a chegada a Marte despenhando as naves contra o solo do planeta

Sim, soa a estranho, cheira a estranho e… acaba mesmo por ser estranho. Os cientistas da NASA fizeram uma descoberta muito interessante que poderá abrir portas à criação de sistemas mais baratos e muito eficazes para aterrar nos planetas. Basicamente é agarrar nas naves e despenhar as mesmas contra o chão dos planetas. Marte poderá ser o próximo alvo.

Chama-se SHIELD e é uma caixa muito peculiar, diríamos mesmo uma surpresa da física!


Há alguns meses, sob o sol escaldante do agosto californiano, um grupo de cientistas do Laboratório de Propulsão a Jato da Caltech (JPL), implementou uma destas experiências de tirar o fôlego. Sim, à primeira vista é bizarro.

A equipa montou uma enorme torre de 27 metros de altura, içou uma caixa cónica na qual tinha previamente recebido no seu interior um smartphone, um rádio e um acelerómetro. Todos estes objetos foram colocados no topo desta caixa.

Depois, a caixa foi lançada e atirada com brutalidade contra uma placa de aço de cinco centímetros de espessura.

 

Resultado que tirou o sono aos cientistas da NASA

Brutal – dadas as circunstâncias – parece ser um adjetivo bastante adequado.

Durante a sua descida, o projétil peculiar atingiu uma velocidade de 177 quilómetros por hora e colidiu com o aço gerando uma força de um milhão de newtons, aproximadamente equivalente ao impacto de 112 toneladas. O golpe foi tão forte que o cofre ricocheteou e subiu um metro.

Como seria de esperar, a violência do impacto foi tal que o projeto foi completamente esmagado, ficou praticamente irreconhecível.

Os investigadores documentaram o impacto, a destruição resultante e quando o conseguiram abrir a caixa… SURPRESA: o smartphone, o rádio e o acelerómetro estavam intactos. A única coisa que se partiu durante o impacto foram algumas partes de plástico do próprio invólucro.

O teste foi um sucesso.

Referiram os investigadores da NASA ao celebrar o acontecimento.

 

SHILD: Testes em Terra com o olhar em Marte

A experiência foi curiosa. O objetivo não era testar um novo airbag para automóveis, ou levar uma liga metálica recentemente descoberta até aos seus limites. Nada disso. O que eles queriam no Caltech era testar um sistema de aterragem que num futuro não muito distante pudesse ajudar-nos a expandir – e torná-lo mais barato – para explorar Marte.

A caixa peculiar com que os cientistas JPL estavam a mexer chama-se SHIELD, que significa “Simplified High Impact Energy Landing Device” (Dispositivo Simplificado de Aterragem de Energia de Alto Impacto). E é isso que pretende fazer: oferecer uma alternativa simples para aterrar numa superfície… sem descartar a opção de cair sobre ela.

Pode parecer rebuscado, mas as “aterragens de impacto” deliberadas não soam tão mal à NASA quando se trata de aterrar na superfície de outros planetas.

A NASA aterrou com sucesso em Marte nove vezes utilizando pára-quedas de última geração, enormes airbags e jetpacks para aterrar naves espaciais em segurança na superfície. Agora os engenheiros estão a testar se a forma mais fácil de alcançar a sua superfície é despenhar-se em terra.

Refere a agência espacial.

Segundo o que é explicado, a ideia parece relativamente simples: em vez de implantar um sistema para abrandar a velocidade de descida, a ideia é utilizar um módulo concebido para absorver a energia de um impacto. Sim, mesmo uma queda muito violenta.

O segredo está no absorver a alta energia gerada na colisão

A chave da SHIELD reside na sua configuração, uma espécie de pirâmide invertida composta por anéis metálicos concebidos para amortecer os efeitos de grandes impactos. A dinâmica é mais ou menos semelhante à de um acordeão ou da estrutura deformável de um veículo.

O objetivo final da NASA no seu desenvolvimento é criar um módulo de aterragem que permita que missões de baixo custo alcancem a superfície do planeta vermelho através de aterragens de emergência… mas em segurança.

Se querem aterrar algo com força na Terra, porque não fazê-lo ao contrário para Marte? E se conseguirmos fazer uma aterragem dura em Marte, sabemos que a SHIELD poderia trabalhar em planetas ou luas com atmosferas mais densas.

Disse o membro da equipa Velibor Cormarkovic.

A SHIELD oferece algumas possibilidades interessantes para a NASA. A primeira é que simplificaria “o processo de entrada, descida e aterragem no planeta vermelho, tornando-o mais barato.

A segunda é que expande as opções quando se trata de escolher um lugar na geografia marciana para aterrar.

Pensamos que poderíamos ir para áreas mais traiçoeiras, onde não queríamos arriscar tentar colocar um rover de mil milhões de dólares com os nossos atuais sistemas de aterragem. Talvez até pudéssemos aterrar vários em diferentes locais de difícil acesso para construir uma rede.

Explicou Lou Giersch, gestor do projeto SHIELD.

A equipa por detrás da SHIELD não está apenas a trabalhar com um horizonte teórico ou com o objetivo de realizar experiências na Caltech. Grande parte da sua conceção baseia-se no trabalho realizado para o Mars Sample Return, a missão da NASA que procurará recuperar as amostras marcianas que a Perseverance está agora a recolher em tubos metálicos herméticos que está a depositar na superfície do planeta.

Até agora, os testes da SHIELD são encorajadores e, com um toque de humor espacial, a própria NASA fala de um “sucesso esmagador”. Os 177 km/h que atingiu durante a experiência simula de facto a velocidade que um aterrador de Marte atinge perto da superfície, depois de um arrasto atmosférico a desacelera nuns delirantes 23.335 km/h no início.

Com este “cofre” a NASA quer chegar a Marte com estrondo… literalmente!

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