Os dispositivos artificiais de fotossíntese têm sido apontados como uma maneira de remover o dióxido de carbono da atmosfera e transformá-lo em produtos úteis. Novas pesquisas descrevem um dispositivo altamente eficiente e barato que pode ser usado para transformar resíduos de dióxido de carbono em metano.
Investigadores trabalham numa abordagem de fotossíntese artificial que utiliza a luz solar para transformar CO2 em metano verde. Como resultado, poderá ser possível tornar os dispositivos movidos a gás natural neutros em carbono.
CO2, Metano verde e gás natural… os ingredientes para um novo conceito
O gás natural, que consiste principalmente em metano, é um combustível mais limpo que o carvão e foi caracterizado como um “combustível de ponte” antes da transição para fontes de energia renováveis. Contudo, nem todos pensam que é uma boa ideia queimar ainda mais hidrocarbonetos.
Assim, esta notícia assenta em 3 conceitos que devem estar claros:
- O metano é o principal componente do gás natural;
- A fotossíntese é o processo pelo qual as plantas verdes utilizam a luz solar para produzir alimentos a partir de dióxido de carbono e água, libertando oxigénio como subproduto;
- A fotossíntese artificial destina-se frequentemente à produção de combustíveis hidrocarbonados, semelhantes ao gás natural ou à gasolina, a partir dos mesmos materiais de base.
Com estas três variáveis, um grupo de investigadores está a trabalhar no desenvolvimento de um novo método de geração de metano.
Os especialistas da Universidade de Michigan, Universidade McGill e Universidade McMaster juntaram-se para criar um novo catalisador. Assim, este dispositivo poderá reciclar o dióxido de carbono resultando da queima de combustível numa combustão limpa dentro de 5 a 10 anos.
Catalisador de Energia Solar barato
O principal avanço deste grupo de investigadores passou pelo aproveitamento de correntes elétricas relativamente grandes com um dispositivo que deveria ser possível produzir em massa. O catalisador de energia solar que eles fabricaram é feito de materiais abundantes e opera numa configuração que poderia ser produzida em grandes quantidades.
Além disso, é referido que também é particularmente bom em canalizar esta eletricidade para a formação de metano, com metade dos eletrões disponíveis entrando em reações produtoras de metano, e não em subprodutos como o hidrogénio ou o monóxido de carbono.
Os dispositivos de fotossíntese artificial anteriores frequentemente operam numa pequena fração da densidade máxima de corrente de um dispositivo de silício, enquanto aqui operamos em 80 a 90% do máximo teórico usando materiais prontos para a indústria e catalisadores abundantes na terra.
Explicou Baowen Zhou, investigador do grupo que trabalha neste projeto.
Metano verde com nanopartículas de cobre e ferro
O trabalho teórico e computacional da equipa identificou o componente chave do catalisador: o cobre e as nanopartículas de ferro. Nesse sentido, estes dois materiais agarram-se às moléculas pelos seus átomos de carbono e oxigénio. Então o hidrogénio tem o tempo necessário para saltar dos fragmentos da molécula de água para o átomo de carbono.
O dispositivo é uma espécie de painel solar com nanopartículas de cobre e ferro. Assim, este poderá usar a energia do sol ou uma corrente elétrica para quebrar o dióxido de carbono e a água.
A camada base é uma bolacha de silício que é coroada com nanofios, cada um com 300 nanómetros (0,0003 milímetros) de altura e aproximadamente 30 nanómetros de largura, feita de nitreto de gálio semicondutor.
Outro facto interessante: o dispositivo pode ser concebido para funcionar apenas com energia solar, ou a produção de metano pode ser amplificada com um suplemento de eletricidade. Alternativamente, ao funcionar com eletricidade, o dispositivo poderia ser operado no escuro.
Na prática, o painel de fotossíntese artificial precisaria estar ligado a uma fonte de dióxido de carbono concentrado, por exemplo, o dióxido de carbono recolhido das chaminés industriais. O dispositivo também pode ser configurado para produzir gás natural sintético (syngas) ou ácido fórmico, um conservante comum na alimentação animal.