Atualmente, 20% dos acidentes rodoviários têm origem no cansaço do condutor. Muitos destes acidentes acabam mesmo por acontecer a poucos quilómetros do destino. Por isto, de forma recorrente, as autoridades alertam para a necessidade de se fazerem paragens para descansar e para não se conduzir mesmo nestas condições.
Para diminuir estas estatísticas, uma equipa de investigadores da Universidade de Aveiro (UA) desenvolveu uma capa para volantes. Mas esta não é uma capa qualquer já que monitoriza os sinais vitais do condutor e o avisa, em caso de grande fadiga, que é altura de parar e descansar.
Volante que pode salvar vidas
Da Universidade de Aveiro surge uma nova investigação que promete melhorar a forma como se conduz. Trata-se de uma capa para volante que integra tecnologia capaz de detetar altos níveis de fadiga e, por conseguinte, alertar o condutor para a necessidade de parar.
Este produto foi desenvolvido com uma técnica que permite integrar dispositivos eletrónicos à base de grafeno diretamente em fibras têxteis mantendo o aspeto, a flexibilidade e o toque do tecido. Com estas características, é depois capaz de analisar através das mãos do condutor o seu nível de fadiga. Isto será feito durante qualquer viagem – e, em especial, as viagens mais longas – com base na resposta galvânica da pele.
Por outras palavras, os sensores acoplados na capa registam a condutividade elétrica da pele, uma propriedade que funciona como um indicador do estado psicológico e fisiológico dos indivíduos. Dessa forma, permitindo identificar no indivíduo, alterações na condutividade e relaciona-las com padrões de comportamento humano.
Deteção em tempo real
Captados pela capa desenvolvida no CICECO – Instituto de Materiais de Aveiro (uma das unidades de investigação das UA), os sinais são analisados em tempo real por um algoritmo desenvolvido no Instituto Superior Técnico e no Instituto de Telecomunicações, no polo de Lisboa, pela equipa da investigadora Ana Fred. Este, ao analisar os dados, reconhece ou não sinais associados à fadiga. Havendo cansaço, o sistema espoleta um alerta para o telemóvel ou para o smartwatch do condutor.
A investigadora Helena Alves explica que o protótipo transmite os dados via Bluetooth, o que permite a emissão de notificações, por exemplo, para um telemóvel ou smartwatch. A coordenadora do projeto antevê que, num futuro próximo, será possível convergir para cenários em que o sistema está ligado diretamente ao veículo, sendo o próprio computador de bordo a apresentar as notificações ou a alterar o comportamento do mesmo.
O stress é efetivamente um perigo potencial na estrada. No entanto, os principais riscos que se pretendem prevenir com este trabalho são as distrações e, em especial, a fadiga ao volante
Nesse sentido, sistemas que contribuam para avaliar o estado dos condutores no que diz respeito a cansaço e outros parâmetros biomédicos poderão ter um grande valor acrescentado ao nível da segurança rodoviária. A estes sistemas, desvenda Helena Alves, “podem ser acopladas outras medidas de segurança adicionais, tais como feedback sob a forma de áudio ou vibrações para recuperar a atenção do condutor ou até mesmo provocar a imobilização do veículo”.