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Investigação: vermes capazes de comer plástico afinal aumentam o problema

É caso para dizer… é pior a emenda que o soneto. Isto porque uma nova investigação descobriu que os vermes capazes de comer plástico não o decompõem quimicamente, mas sim convertem-no em microplásticos, um subproduto mais prejudicial.


Em 2022, foram identificadas enzimas naturais que supostamente degradam plásticos como o polietileno, mas estudos posteriores provaram que estas descobertas eram incorretas.

O papel das larvas na degradação do plástico: um mito e um desafio científico

Já alguma vez se interrogou sobre o que as gerações atuais deixarão como legado daqui a 100.000 anos? Talvez não muito, exceto por uma coisa que parece durar quase para sempre: o plástico.

A sua resiliência e persistência no ambiente tornaram-no um problema global e, embora tenham sido propostas soluções inovadoras, muitas delas revelaram-se menos eficazes do que o esperado.

As larvas como solução para o problema

Durante vários anos, os investigadores consideraram as larvas como uma possível solução para a degradação do plástico. Pensou-se que certas espécies, como as larvas da traça-da-cera ou as larvas da farinha, poderiam consumir plástico devido à sua capacidade de se alimentarem de cera, um material quimicamente semelhante. No entanto, estudos recentes refutaram esta ideia.

Apesar de as larvas conseguirem mastigar o plástico, não o conseguem digerir corretamente. Em vez disso, transformaram-no em microplásticos, um subproduto ainda mais nocivo para o ambiente.

Segundo o Professor Gustav Vaaje-Kolstad:

As larvas basicamente trituravam o plástico, mas não o decompunham quimicamente. Esta descoberta foi um golpe nas expectativas de utilizar organismos vivos como solução direta para o problema do plástico.

A ciência por detrás do plástico e da sua reciclagem

O plástico é constituído por longas cadeias de polímeros, semelhantes a um colar de pérolas, que são extremamente fortes. Para reciclar eficazmente o plástico, estas cadeias devem ser quebradas em unidades mais pequenas que possam ser reutilizadas.

Embora as larvas não sejam a solução, o seu comportamento inspirou novas linhas de investigação centradas no desenvolvimento de enzimas capazes de realizar esta tarefa.

Em 2022, uma investigação pioneira alegou ter identificado enzimas naturais capazes de decompor plásticos comuns, como o polietileno. No entanto, uma equipa de cientistas noruegueses e norte-americanos, liderada pelo Professor Vaaje-Kolstad, descobriu que estes resultados estavam errados. Quando tentaram reproduzir os estudos, descobriram que as enzimas não decompunham os plásticos como alegado. Além disso, as análises iniciais foram distorcidas por contaminações de amostras que levaram a conclusões incorretas.

O futuro dos plásticos e das enzimas

Apesar dos desafios, a comunidade científica continua otimista.

Embora não tenhamos encontrado a solução definitiva, os avanços na biotecnologia estão a aproximar-nos. Uma estratégia promissora é desenvolver plásticos de nova geração que incorporem ligações químicas mais fracas, o que permitiria que enzimas específicas os degradassem de forma eficiente. Isto exigiria uma mudança na indústria dos plásticos, mas poderia ser uma solução sustentável a longo prazo.

Referiu Vaaje-Kolstad.

Enquanto se investigam novas tecnologias, é fundamental que a sociedade se concentre na redução do consumo de plástico, no incentivo à reciclagem e no desenvolvimento de materiais biodegradáveis. A produção mundial de plástico ultrapassa os 200 milhões de toneladas por ano, grande parte das quais acaba em aterros ou no oceano.

Se conseguirmos fechar o ciclo do plástico, reciclando-o totalmente, poderemos minimizar significativamente o seu impacto ambiental. Embora as larvas não sejam a solução mágica que esperávamos, serviram de fonte de inspiração para futuras inovações. O desafio de combater a poluição por plásticos exige uma combinação de esforços científicos, industriais e sociais.

Só através da colaboração global poderemos desenvolver soluções sustentáveis que beneficiem tanto o ambiente como as gerações futuras.

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