O planeta 9 é um dos mistérios que movimenta muita atenção da comunidade científica. Eles acreditam que existe, presumem que deve ser colossal, mas apenas existem indícios fantasmagóricos. Aliás, há muita coisa coincidente com um exoplaneta agora descoberto localizado a 336 anos-luz de distância.
Este mundo tem uma órbita muito inclinada e alongada, como aquela que se acredita ter um objeto gigantesco ainda não encontrado nos arredores do sistema solar.
O fantasmagórico “Planeta 9” anda pela vizinhança e ninguém o vê
Nos últimos cinco anos, vários astrónomos sugeriram uma opção que mudaria a nossa conceção do sistema solar. Isto porque, segundo alguns indícios, “lá em cima”, nos arredores, existe um nono e gigantesco planeta. Este estará muito longe para o termos detetado até agora, o tal “Planeta 9”.
Os indícios relacionam-se com uma influência gravitacional sobre as órbitas de alguns objetos trans-Neptunianos, corpos localizados além de Neptuno. Quer isto dizer que estes corpos atuam de forma a que só um mundo comparável em tamanho ao de Neptuno os poderá estar a influenciar.
Além disso, alguns astrónomos acreditam que nas proximidades do Sol existem planetas maiores que Júpiter, às vezes considerados anãs castanhas, estrelas não brilhantes que se estarão a esconder no escuro.
Agora, uma investigação que se concentrou num ponto muito distante do sistema solar, 336 anos-luz da Terra, fez algumas descobertas que podem ser interessantes para desvendar o mistério do Planeta 9. Uma equipa de astrónomos, liderada por Meiji Nguyen, um investigador da Universidade da Califórnia, em Berkeley (EUA), conseguiu medir a órbita de um exoplaneta gigante, 11 vezes mais massivo que Júpiter, denominado HD106906 b .
Além disso, a novidade é que esta foi a primeira vez que se estudou o movimento de um planeta gasoso tão distante da sua estrela.
Um mundo descoberto a 336 anos-luz de distância da Terra
HD106906 b é o nome de um mundo descoberto em 2013 pelo Telescópio Magalhães, no Observatório Las Campanas, no Chile. Graças à presença de um disco peculiar de destroços e gás no ambiente da sua estrela , vários astrónomos focaram a sua atenção na área e acabaram por descobrir a presença de um exoplaneta pelo método de imagem direta. No entanto, a princípio nada se sabia sobre a sua órbita.
Após 14 anos de medições muito precisas, compiladas pelo lendário telescópio espacial Hubble da NASA, esta situação mudou. Agora, sabemos que HD106906 b está muito longe da sua estrela hospedeira. É um sistema binário (ou seja, uma estrela dupla), localizado a 730 Unidades Astronómicas (UAs). Isto, sendo uma UA a distância que separa a Terra do Sol e equivalente a cerca de 150 milhões de quilómetros.
A distância é tal que o planeta leva 15.000 anos para percorrer a sua órbita, a uma velocidade muito baixa e muito longe da influência gravitacional das suas estrelas.
O mais surpreendente para os astrónomos é que a órbita deste mundo distante é muito inclinada e alongada. Conforme é referido, ela estende-se bem além do disco de destroços que circunda as suas duas estrelas.
Para sublinhar porque isso é raro, simplesmente temos que olhar para o nosso sistema solar e ver que todos os planetas estão no mesmo plano.
Explicou Nguyen num comunicado.
No entanto, a 336 anos-luz da Terra, nalgum ponto da constelação Crux, os planetas, efetivamente, não estão no mesmo plano.
Seria estranho se, por exemplo, Júpiter estivesse inclinado 30 graus em relação ao plano em que os outros planetas orbitam. Portanto , temos todos os tipos de perguntas sobre como HD106906 b acabou em tal órbita .
Então o que originou a inclinação do HD106906 b?
A explicação mais provável é que HD106906 b foi formado a apenas 3 UAs das suas estrelas, mas o atrito com o disco de gás e detritos o fez diminuir a velocidade e se aproximar lentamente dos seus sóis. Então, chegou um momento em que as forças gravitacionais o lançaram na vastidão do espaço.
Este mundo poderia ter acabado como sendo um planeta errante, sem nenhum sol que o puxasse com a sua gravidade, mas alguma estrela próxima estabilizou-o e impediu-o desse destino. Na verdade, os dados da grande investigação do satélite Gaia da Agência Espacial Europeia (ESA) já forneceram várias estrelas candidatas.
Como tal, algo assim poderá ter acontecido no nosso sistema solar. O planeta 9 poderá ter-se formado no sistema solar interno, mas poderá ter sido ejetado para os arredores, além de Plutão, como resultado das suas interações com o gigantesco planeta Júpiter. Novamente, a interação de outras estrelas vizinhas teria impedido este planeta 9 de se tornar um errante.
Apesar de não ter sido detetado o Planeta 9 até o momento, a sua órbita pode ser inferida, a partir dos seus efeitos em vários objetos da periferia do sistema solar. Esses efeitos pressagiam que este mundo teria uma órbita excêntrica e inclinada (…) semelhante à que estamos a ver com HD 106906b.
Concluiu Robert De Rosa , coautor do trabalho e investigador do Observatório Europeu Austral (ESO). As descobertas foram publicadas no “The Astronomical Journal“.