O University of Maryland Medical Center fez história ao transplantar um coração de porco geneticamente modificado para o corpo de um humano. Mais uma vez, a medicina prova que não há limites quando o objetivo é salvar vidas.
Para já, o corpo do paciente está a reagir bem ao novo órgão.
Há cerca de seis semanas, David Bennet, de 57 anos, foi admitido no University of Maryland Medical Center (UMMC) com uma arritmia que ameaçava tirar-lhe a vida. O estado em que foi recebido exigia que fosse colocado num bypass, juntando-se, posteriormente, a uma lista de mais de 100.000 americanos à espera de um dador para transplante.
Contudo, naquilo que foi uma cirurgia histórica, os médicos utilizaram um coração de porco geneticamente modificado, fazendo de David Bennet o primeiro humano a receber tal órgão.
O xenotransplante – nome dado ao transplante que utiliza um órgão de uma espécie diferente – foi tentado pela primeira vez nos anos 1980. Na altura, uma criança com uma condição cardíaca fatal recebeu um transplante de um babuíno. Embora o corpo tenha rejeitado órgão e a criança não tenha sobrevivido, os investigadores perceberam que teriam muito mais sucesso utilizando os porcos como dadores.
A par disso, a empresa Revivicor, sediada em Virgínia, tem realizado experiências com porcos geneticamente modificados, por forma a que os seus corpos não produzam um açúcar chamado galactose alfa. Isto, porque o corpo humano não produz esse elemento e poderia desencadear rejeições aquando dos transplantes.
Coração de porco está a aguentar-se no corpo de David
Conforme explica o comunicado de imprensa divulgado pelo UMMC, o coração que David Bennet recebeu veio de porcos que transportavam 10 genes modificados, para que a compatibilidade com o sistema imunitário humano fosse mais elevada.
Mais do que as investigações levadas a cabo pela universidade, o transplante requereu a aprovação da americana Food and Drug Administration. Esta foi concedida depois de David não ser considerado elegível para a lista de transplantes e de a sua arritmia o ter tornado inapto para receber uma bomba cardíaca artificial.
Antes de consentir receber um coração de porco, David foi informado sobre os riscos do procedimento, bem como sobre a sua natureza experimental. Para já, tendo passado três dias desde a cirurgia, o paciente encontra-se bem. Durante algumas semanas, estará sob monitorização, para serem avaliados os resultados do transplante.
Esta foi uma cirurgia revolucionária e aproxima-nos da resolução da crise de escassez de órgãos. Simplesmente não existem dadores de corações humanos suficientes para satisfazer a longa lista de potenciais recetores.
Disse Bartley P. Griffith, líder da equipa cirúrgica que realizou o transplante.
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