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Há um novo satélite gigantesco em órbita. Os astrónomos estão perplexos

Não é boa a convivência entre os astrónomos e o projeto Starlink. Aliás, esta relação acabou de levar um novo sopapo depois do último lançamento do Falcon 9 da SpaceX. No fim de semana passado, o foguetão transportou para o espaço mais satélites da sua rede Starlink. A rede tem já 2.200 em órbita. Contudo, foi também colocado em órbita o BlueWalker 3, um satélite de comunicações muito especial.

O BlueWalker 3 é, na verdade, um protótipo criado pela empresa americana AST SpaceMobile. O que está a deixar furiosos os astrónomos, é que quando estiver totalmente aberto e operacional, este gigante de 1.500 kg terá uma área de 64 metros quadrados. Mas o tamanho não é tudo… há pior!


Astrónomos estupefactos com o satélite

A empresa AST SpaceMobile lançou este prototipo para dar início ao que virá a ser num futuro próximo uma constelação de satélites de comunicações em colaboração com a Vodafone. Segundo o projeto, alguns dos modelos finais (os ‘Bluebirds’) poderão mesmo ter o dobro do tamanho do Bluewalker 3. Portanto, poderão ocupar uma área de mais de 120 metros quadrados por cima da Terra.

Estamos a fala de um gigante. Segundo os seus criadores, este satélite é tão grande porque “para comunicar com um telefone de baixa potência e baixa força de sinal, é preciso uma antena grande numa ponta com muita potência, por isso é uma parte crítica da nossa infra-estrutura”.

A ideia, explicaram, é que a sua plataforma pode funcionar com os atuais smartphones sem que tenham de atualizar para novos componentes ou desenhos. No entanto, numa órbita baixa da Terra um “mostro” destes com uma antena igualmente enorme… faz mossa!

O protótipo BlueWalker e as versões finais dos satélites 5G, chamados Bluebirds, serão colocados em órbita baixa terrestre (entre 220 e 340 km). A mudança é necessária para minimizar a distância que os utilizadores têm para ligarem os seus smartphones.

 

É uma estrela? É um planeta? Não, é o Bluewalker 3

Apesar de termos visto que o caminho das comunicações dos smartphones passarem pelos satélites, sejam para já só as de SOS, sejam no futuro mais algumas (ou até todas as comunicações), a verdade é que está aberta a caixa de Pandora.

Como tal, estes satélites precisam de estrutura e esse tamanho pode fazer com que seja confundido com corpos celestiais. Isso tem preocupado os astrónomos. John Barentine, astrónomo da Dark Sky Consulting, explicou à New Scientist que este satélite “poderá ser o objeto mais brilhante do céu, potencialmente mais brilhante do que o planeta Vénus”.

E parece ainda pior para os astrónomos. Não é apenas o seu tamanho, mas o poder das ondas de rádio que enviará para tais comunicações. Os astrónomos acreditam que poderá interferir com instrumentos que estudam o universo, mas este satélite é apenas o primeiro de muitos naquela constelação.

Se no passado recente houve já queixas sobre o que a constelação de SpaceX, porque os pequenos satélites Starlink brilhavam muito e criaram ruído que interferia com as observações dos astrónomos, imaginemos então uma constelação de gigantes de 120 metros quadrados a espelhar a luz!

Devemos limitar o tamanho dos satélites? Chris Johnson, um consultor sobre questões espaciais, disse que não existe qualquer regulamento que limite a dimensão máxima dos satélites, este lançamento poderia iniciar um debate sobre a questão. Barentine, entretanto, explica que a comunidade astronómica aceita que haverá logicamente mais destes ao longo do tempo. O que eles querem, explica, “é uma coexistência pacífica”.

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