Pplware

Há muita água em Marte. O sonho acabou, o planeta é uma desilusão!

Foi encontrado um vasto oceano subterrâneo de água em Marte. O que poderia ser uma fantástica novidade, na verdade, poderá ser o fim de um sonho de colonizar o planeta.


Há um aquífero gigante, mas está a 11 km de profundidade

A boa notícia é que existe um vasto oceano de água sob a superfície de Marte – suficiente para cobrir todo o planeta com uma profundidade de 1,6 km. A má notícia é que este depósito é tão profundo e inacessível que mais valia estar noutra galáxia.

Marte é um dos planetas mais frustrantes que a humanidade alguma vez encontrou. Nos últimos dois séculos, tem sido uma constante oscilação do pêndulo para a frente e para trás, à medida que se encontram provas de que pode existir vida em Marte ou de que há muita água para futuras colónias terrestres. Na verdade, são apenas esperanças que vão sendo destruídas à medida que se conhece mais do planeta que um dia se sonhou poder ser uma segunda casa dos humanos.

Um novo estudo realizado por uma equipa liderada pela Universidade da Califórnia em Berkeley combinou esperança e desilusão no mesmo artigo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.

Uma imagem artística do módulo de aterragem InSight em Marte, depois de o braço robótico do módulo de aterragem ter colocado um sismómetro (objeto em forma de cúpula à esquerda do módulo de aterragem) e uma sonda de calor diretamente no solo. NASA/JPL-Caltech

Utilizando dados sísmicos recolhidos pela sonda Insight da NASA, os cientistas puderam analisá-los utilizando modelos computorizados de física das rochas, como os utilizados para mapear aquíferos e campos de petróleo na Terra.

O que descobriram foi que as leituras recolhidas pelo Insight são melhor explicadas pela presença, sob a superfície do Planeta Vermelho, de uma camada profunda de rocha ígnea fraturada saturada de água líquida.

Diagrama que mostra a localização do depósito de água subterrânea | James Tuttle Keane/Aaron Rodriquez, cortesia do Scripps Institution of Oceanography

Há um oceano inteiro de água encerrado nessa rocha, mas o problema é que é inacessível. De acordo com a equipa, a camada encontra-se entre 11,5 e 20 km abaixo da superfície, o que significa que chegar a esse aquífero gigante, e muito menos explorá-lo, seria um grande desafio de engenharia na Terra, para dizer o mínimo, quanto mais no ambiente agreste de Marte.

No entanto, há algumas boas notícias. Por um lado, a presença de toda aquela água significa que existe outro local onde, teoricamente, pode existir vida microbiana. Outra vantagem é o facto de ajudar a explicar a história geológica de Marte.

Marte já foi um planeta coberto por oceanos

Há três mil milhões de anos, Marte era um mundo aquoso com um oceano que dominava um dos seus hemisférios. Ao longo dos milénios, a atmosfera do planeta diminuiu devido à falta de um campo magnético que o protegesse dos ventos solares. Com o desaparecimento da atmosfera, a maior parte da água evaporou-se para o espaço, deixando apenas as calotes polares e alguns depósitos de permafrost.

Pelo menos, é essa a teoria aceite. Se a análise de Berkeley se confirmar, pode ser que uma grande fração desses antigos mares se tenha infiltrado através de fendas nas rochas para se instalar nas profundezas.

Compreender o ciclo da água em Marte é fundamental para compreender a evolução do clima, da superfície e do interior. Um ponto de partida útil é identificar onde está a água e qual a sua quantidade.

Disse Vashan Wright, cientista da Universidade de Berkeley.

Exit mobile version