O nosso satélite natural sempre foi vigiado como nenhum outro astro. Contudo, nestes últimos anos o interesse parece ter aumentado significativamente. Há mais olhos atentos à Lua e, recentemente, foram detetados flashes de luz misteriosos, breves “clarões” que podem ser vistos várias vezes por semana.
Os cientistas não sabem exatamente o que está a causar o aparecimento destas misteriosas luzes na Lua. Uma das hipóteses é que elas são causadas por impactos de meteoritos.
Flashes de luz na Lua que ainda estão por explicar
Há relatos que estas luzes aparecem várias vezes por semana. Às vezes, são apenas breves lampejos de luz percetíveis na superfície da Lua. Outras vezes, estes fenómenos duram mais e noutros momentos há lugares que são temporariamente escurecidos.
Há algumas hipóteses levantadas pelos astrónomos. Pese o facto de não terem a certeza, os investigadores dizem que podem ser clarões causados por impactos de meteoritos ou partículas de vento solar eletricamente carregadas que reagem com o pó da Lua.
As atividades sísmicas também foram observadas na Lua. Quando a superfície se move, os gases que refletem a luz do sol podem escapar de dentro da Lua. Isso explicaria os fenómenos da luz, alguns dos quais duram horas.
Explicou Hakan Kayal, professor de tecnologia espacial na Universidade Julius-Maximilians-Universität Würzburg (JMU), na Alemanha.
Astrónomos falam nos fenómenos lunares transitórios
Os fenómenos lunares transitórios são brilhos e obscurecimentos locais da superfície do nosso satélite. Estes são produzidos por pequenos distúrbios e abalos sísmicos que libertam gases do interior da Lua. Contudo, o fenómeno é conhecido desde a década de 1950, mas não são observados sistematicamente e a longo prazo.
Para perceber como este cenário está a mudar, o professor e a sua equipa construíram um telescópio lunar e colocaram-no em operação em abril passado. Está localizado num observatório particular em Espanha, a cerca de 100 quilómetros ao norte de Sevilha, numa área rural.
Mas qual a razão de Espanha ser escolhida? “Há simplesmente melhores condições climatéricas para observar a Lua do que na Alemanha”, diz Kayal.
O telescópio é controlado remotamente a partir do campus da JMU. Consiste em duas câmaras que monitorizam a Lua, noite após noite. Somente se ambas as câmaras registarem um fenómeno de luz ao mesmo tempo, o telescópio ativará outras ações. Em seguida, armazena as fotos e sequências de vídeo do evento e envia um e-mail para a equipa do Kayal.
Rede com inteligência artificial de monitorização Lunar
O sistema ainda não está completamente terminado: o software, que deteta automaticamente flashes e outros fenómenos de luz, está a ser aperfeiçoado. Kayal planeia usar métodos de inteligência artificial, entre outras coisas. Redes neuronais garantem, por exemplo, que o sistema aprenda gradualmente a distinguir um flash da Lua de falhas técnicas ou de pássaros e aviões passando na frente da câmara.
Estima-se que ainda será necessário mais um ano de trabalho para que tudo fique terminado. Há ainda muitos falsos positivos a determinar e eliminar das “vigilância”.
O que acontece quando o telescópio documenta um fenómeno luminoso?
Segundo o que foi descrito, a equipa de Kayal ao ser confrontada com o alerta, compara o resultado com a Agência Espacial Europeia (ESA), que também observa a Lua.
Se a mesma coisa foi vista lá, o evento pode ser considerado confirmado.
Explicou Kayal que, quando isto acontecer, poderá haver uma investigação conjunta.
A ida à Lua é a nova corrida ao ouro
A nova “corrida à lua” aumentou o interesse em fenómenos de luz no nosso satélite. A China iniciou um abrangente programa lunar e, no início de janeiro, enviou uma sonda para o outro lado da Lua. A Índia está planear uma missão semelhante. Em reação a essas iniciativas, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, referiu em maio que os EUA vão voltar ao satélite natural.
Por trás de todas estas atividades, há razões de prestígio e um esforço para a tecnologia… e algo mais! A China e empresas privadas como a SpaceX também estão a considerar a Lua como um “habitat” para humanos a longo prazo. Além disso, existem matérias-primas lá em cima, por exemplo, metais raros, que são necessárias para a criação de smartphones e outros dispositivos.