Os cientistas estão confusos com uma bizarra amolgadela no campo magnético da Terra sobre o sul do Oceano Atlântico. Segundo uma nova investigação, esta Anomalia do Atlântico Sul (AAS) está a ter um efeito severo na aurora austral.
Há um lugar na Terra onde o campo magnético está mais fraco
A Anomalia do Atlântico Sul, que já foi abordada em anos anteriores, devido à sua transformação, é uma grande região oval sobre a América do Sul e o sul do Oceano Atlântico, onde o campo magnético da Terra é mais fraco.
A anomalia já é bem conhecida por permitir que partículas carregadas do sol mergulhem perto da superfície da Terra, expondo os satélites em órbita a níveis elevados de radiação ionizante, segundo a NASA.
Agora, um estudo publicado a 8 de fevereiro na revista Geophysical Research Letters conclui que esta região fraca também afeta a aurora austral, as luzes brilhantes na atmosfera superior que podem ser vistas a altas latitudes. As auroras austrais ocorrem sobre e em redor da Antártida e são o equivalente às auroras boreais que dançam sobre o Ártico e o Subártico.
As auroras são causadas por partículas solares que interagem com moléculas de gás na atmosfera terrestre e são geralmente consideradas como estando sob o controlo do Sol. Mas a nova pesquisa destaca a natureza bidirecional da relação.
Disse Zhi-Yang Liu, primeiro autor do estudo e investigador do Instituto de Física Espacial e Tecnologia Aplicada da Universidade de Pequim, na China.
A nossa descoberta realça a importância dos fatores relacionados com a Terra, como as anomalias nos campos magnéticos intrínsecos da Terra que rodam com a Terra.
Explicou Zhi-Yang Liu.
Os investigadores utilizaram dados de um instrumento a bordo do satélite FengYun-3E, lançado em 2021, que mede as variações do campo magnético. Encontraram um “enfraquecimento substancial” das flutuações magnéticas na aurora austral, ou luzes do sul, onde se sobrepõe à Anomalia do Atlântico Sul.
Para confirmar os resultados, analisaram também a luz ultravioleta desta região da aurora, utilizando dados do Programa de Satélites Meteorológicos de Defesa dos EUA. Estes dados também mostraram um enfraquecimento das luzes do sul na área da anomalia.
Segundo referem autor e coautor do estudo, é provável que este enfraquecimento seja visível a olho nu.
Há menos auroras registadas na Estação Espacial chinesa, a Grande Muralha da China e noutras estações de investigação na Ilha Rei George do que noutras regiões da Antártida, conforme é referido pelos cientistas.
A investigação sugere que a luz ultravioleta e a luz visível das auroras se comportam de forma semelhante, disse Liu, pelo que é provável que a luz visível da aurora também seja enfraquecida pela Anomalia do Atlântico Sul.
As flutuações magnéticas enfraquecidas da anomalia parecem reduzir a quantidade de energia que pode ser colocada na atmosfera pelas partículas solares, mas a física da aurora enfraquecida não é totalmente compreendida.
Concluiu Liu.