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Este é o país mais deprimido da Europa. E não, não é Portugal!

Apesar de tendermos a ser pessimistas relativamente a Portugal, não somos o país europeu mais deprimido. Uma investigação procurou perceber os níveis de depressão em toda a Europa e o resultado pode surpreender. Antes de avançar para o artigo, tem algum palpite?


Uma análise do braço estatístico dos ministérios da saúde e social de França (DREES) concluiu que a taxa de depressão, em França, era de cerca de 11% antes da pandemia, a mais elevada de qualquer outro país europeu.

O relatório baseou-se em dados do Inquérito Europeu de Saúde por Entrevista (em inglês, EHIS), realizado a cada seis anos, e incluiu cerca de 300.000 pessoas em toda a União Europeia, Noruega, Islândia e Sérvia.

Esta foi a primeira vez que o DREES utilizou o inquérito de 2019 para medir a depressão, tendo a prevalência sido estimada com base em oito perguntas do Questionário de Saúde do Paciente. O relatório centrou-se nos jovens entre os 15 e os 24 anos, bem como nos idosos a partir dos 70 anos.

Segundo Lisa Troy, autora do estudo, do departamento de investigação e estudos internacionais, à Euronews Health, a análise procurou perceber “se uma pessoa tinha ou não sofrido de síndromes depressivas nas últimas duas semanas com base numa série de critérios”.

Este estudo surge no momento em que várias análises apontam para uma crise crescente de saúde mental nos anos que se seguiram à pandemia da COVID-19, particularmente entre os jovens, nos países europeus.

Apesar de estarmos relativamente bem tratados em termos de saúde e educação, ainda é necessário fazer um esforço significativo na prestação de cuidados aos idosos.

Alertou Jocelyne Caboche, diretora emérita de investigação do Laboratório de Neurociências da Universidade de Sorbonne, do Centro Nacional de Investigação Científica (CNRS), em declarações ao mesmo órgão de comunicação.

Mapa da percentagem de depressão nos países europeus

Embora não tenha uma explicação para o facto de França ter um nível de depressão “relativamente” mais elevado do que outros países, Caboche opinou que tal pode dever-se a uma “acumulação de elementos”.

Mais, na perspetiva da diretora, o cenário poderá melhorar com um melhor investimento em psiquiatria e inovação terapêutica.

 

Quão deprimidos estão os países europeus?

De modo geral, a nova análise revelou que os níveis mais elevados de depressão se registam nos países do Norte da Europa e Ocidental.

Contudo, apesar de a depressão ser rara entre os jovens nos países do sul e do leste da Europa, é mais elevada entre as pessoas com 70 anos ou mais nesses países, segundo o relatório. As taxas de depressão eram superiores a 15% entre os idosos de Portugal, da Roménia e da Croácia, por exemplo.

De acordo com os dados do inquérito, as mulheres mais velhas estavam mais deprimidas do que os homens mais velhos, e os europeus mais velhos com problemas de saúde eram mais propensos à depressão.

Segundo os autores do relatório, o facto de haver mais idosos europeus com problemas de saúde nos países do Leste e do Sul da Europa pode explicar a maior prevalência de depressão nesses países.

Por exemplo, na Croácia ou na Letónia, onde cerca de 40% dos idosos referem problemas de saúde, a prevalência da depressão é elevada: 16% e 9%, respetivamente.

O isolamento social e a viuvez parecem, também, ter impacto na depressão entre os idosos.

No caso dos jovens europeus, as taxas mais elevadas de depressão registaram-se na Dinamarca, Suécia e Finlândia, seguidas dos países da Europa Ocidental. A depressão entre os jovens era menor nos países da Europa de Leste e do Sul.

Fiquei impressionada com as diferenças entre as taxas de depressão dos jovens e dos idosos nos países do sudeste [da Europa] e, inversamente, com a ideia de que os jovens estavam muito deprimidos nos [países do norte da Europa] e que é a única região em que, entre os idosos, a depressão diminui com a idade.

Revelou Lisa Troy.

Nos países com taxas mais elevadas de depressão entre os jovens, esta estava associada ao isolamento social, ao facto de não terem uma atividade profissional ou de não frequentarem a escola e ao nível de rendimento.

Segundo o relatório, a saúde precária dos jovens aumenta, também, significativamente o risco de depressão em cerca de 32%.

Na opinião de Jocelyne Caboche, os media desempenham um papel importante neste campo depressivo, pois promovem “comparações sociais prejudiciais, preocupações com a imagem corporal, especialmente entre as raparigas, reduzindo a duração do sono e aumentando os riscos de assédio cibernético”.

 

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